"E lá construirás um altar ao Senhor teu D'us, um altar de pedras: não erguerás uma ferramenta de ferro sobre ele."

O ferro foi criado para reduzir a vida do homem, e o altar foi criado para prolongá-la. Por isso não é correto que aquilo que diminui seja erguido sobre aquilo que prolonga. (Talmud Midot)

"Seus caminhos [da Torá] são caminhos agradáveis, e todas suas trilhas são de paz". (Mishlê)

O espelho

Rabi Shneur Zalman de Liadi recebeu de presente certa vez uma caixinha de prata para rapé. Porém o Rebe não queria usá-la para sua finalidade principal, e observou: "Há uma parte do corpo que não está constantemente procurando por gratificação - o nariz. Deveria eu treiná-lo para ser também um caçador de prazeres?"

Ao invés disso, Rabi Shneur Zalman encontrou um uso mais elevado para o presente: tirou a tampa da caixinha e usava-a como espelho para ajudá-lo a centralizar o tefilin na cabeça. Este incidente foi certa vez relatado ao neto de Rabi Shneur Zalman, Rabi Menachem Mendel de Lubavitch. Quando a pessoa que contava o caso descreveu como Rabi Shneur Zalman "quebrou" a tampa da caixa, Rabi Menachem Mendel declarou: "Não, não, meu avô nunca quebrou coisa alguma. Ele apenas removeu o pino da dobradiça que conectava a parte de cima à parte de baixo."

Disse o Lubavitcher Rebe:

O profundo significado do esclarecimento de Rabi Menachem Mendel é esse: Rabi Shneur Zalman jamais teria "quebrado" a tampa. Sim, sua vida inteira fora dedicada a sublimar o comum e elevar o mundano. Mas ele ensinou que a maneira de lidar com o mundo material não é reprimindo-o ou esmagando-o, mas destacando gentilmente a parte superior da inferior; extrair, por meios pacíficos e harmoniosos, os potenciais elevados dos emaranhados níveis inferiores.

Versículo 28:15

"Todas estas maldições cairão sobre ti, e te dominarão."

A maldição positiva

Rabi Shneur Zalman de Liadi era quem lia a Porção Semanal da Torá em sua própria sinagoga. Certo ano, Rabi Shneur Zalman estava longe de Liozna para o Shabat no qual é lida a Porção Ki Tavo. Na ausência do Rebe, outra pessoa fez a leitura.

Ki Tavo contém a "Repreensão", uma descrição severa das calamidades que se abaterão sobre o povo judeu se eles abandonarem os mandamentos da Torá. Naquela semana, Rabi Dov Ber, o filho do Rebe, na época chegando à idade de bar-mitsvá, ficou tão abalado pelas maldições de repreensão, que desenvolveu uma doença do coração. Três semanas mais tarde, quando chegou Yom Kipur, estava ainda tão fraco que seu pai hesitou em deixá-lo jejuar.

Quando perguntaram ao jovem Dov Ber: "Você não ouve a Repreensão todos os anos?", ele replicou: "Quando papai lê, ninguém escuta as maldições."

Versículo 29:3

"D'us não te deu um coração para conhecer... até o dia de hoje."

Dilema

O chassid Rabi Yaacov Mordechai era devotado inteiramente ao serviço de seu Criador, aperfeiçoando seu comportamento e caráter, esforçando-se para atingir um amor verdadeiro e reverência ao Todo Poderoso, através de prece e meditação. Por décadas, privou-se de todos os confortos físicos, a fim de refinar sua natureza.

Antes de seu falecimento, entretanto, Rabi Yaacov expressou arrependimento por ter enfraquecido seu corpo com regime tão impiedoso. Talvez, se não tivesse sido tão duro consigo mesmo (dormir por trinta anos sobre um banco), poderia ter vivido o suficiente para cumprir mais uma mitsvá. Disse ele: "Colocar tefilin uma vez mais tem muito mais valor que dormir sobre um banco por tanto tempo!"

Mais tarde, os chassidim comentaram: "É verdade. Mas para apreciar o valor de tefilin como fez Rabi Yaacov Mordechai, deve-se primeiro dormir sobre um banco por tantos anos..."