Porção Semanal: Nassô
  Versículo 5:3
       
 

"O cohen dissolverá [a escrita] nas águas amargas"

Disse D'us: Que meu nome seja apagado pela água, se for para trazer paz entre marido e mulher. (Sifri)

"... e ele salta sobre mim com amor" (Cântico dos Cânticos 2:4) - Imenso é o amor de D'us por Israel; Ele tolera amorosamente os escolares que tropeçam sobre as páginas dos escritos sagrados..." (Midrash)

Prioridades Celestiais

Um chassid escreveu certa vez ao Rebe Anterior, Rabi Yossef Yitschac Schneerson:

Na sinagoga onde rezo, há indivíduos completamente desalinhados com o espírito do chassidismo. Portanto, cessei minha atividade de revisar os discursos de ensinamentos chassídicos naquele local. Seria correto desperdiçar com pessoas assim os sagrados ensinamentos do chassidismo?

O Rebe replicou numa carta datada de 2 de Iyar de 5695 (5 de maio de 1935):

Rabi Pinchas de Kotitz estava entre os mais destacados discípulos de Rabi Yisrael Báal Shem Tov, e companhia constante de seu sucessor, Rabi Dovber de Mezeritch. Rabi Pinchas era da opinião que a distinção e exclusividade dos ensinamentos do chassidismo deveriam ser salvaguardados. Ele acreditava que estes ensinamentos não deveriam ser publicados, e somente compartilhados com uns poucos escolhidos. Opunha-se especialmente àqueles que transcreviam os ensinamentos de Rabi Dovber e permitiam que cópias fossem feitas.

Certa vez, quando Rabi Pinchas estava em Mezeritch, encontrou uma dessas transcrições mofando em um depósito de lixo. Esta visão causou-lhe grande sofrimento. Rabi Shneur Zalman de Liadi também estava em Mezeritch na época, e sabia da intolerância de Rabi Pinchas com a publicação indiscriminada de chassidut. Desejando aplacar a ajusta indignação do outro, começou a falar em metáforas:

"Houve certa vez um poderoso rei que tinha um único filho. Desejando que seu filho crescesse em sabedoria e força, enviou-o para explorar terras distantes e ilhas perdidas. Lá, o príncipe poderia estudar a natureza de plantas e animais estrangeiros, e desbravar áreas perigosas para capturar animais selvagens e pássaros exóticos.

"Certo dia, chegou ao palácio a notícia de que o filho do rei, que estava então numa ilha distante, havia caído gravemente doente, e que os médicos eram incapazes de achar uma cura para sua moléstia. O rei ordenou que fosse emitida uma convocação por todo o reino: qualquer pessoa que tivesse conhecimento de medicina ou que pudesse propor a cura para a doença do príncipe deveria ir ao palácio real.

"Todos os grandes médicos e todos os eruditos de renome ficaram em silêncio; pois não conheciam remédio ou cura para a doença do príncipe.

"Certo dia, apareceu um homem que contou ao rei que conhecia um remédio comprovado para a doença do príncipe. Entretanto, este remédio poderia ser encontrado apenas em uma pedra extremamente rara e preciosa. Deveriam encontrar a pedra, moê-la bem fino e misturá-la com um vinho fino, dando-a ao príncipe para beber, o que o curaria.

"O rei ordenou que todos os gemologistas do país se reunissem e fizessem uma busca completa nos tesouros reais para encontrar a pedra descrita pelo homem. Após inspecionar todas as gemas do rei, os especialistas finalmente descobriram uma pedra que combinava com a descrição do homem. Entretanto, a gema que encontraram era a pedra central da coroa real!

"A princípio, ficaram alegres por descobrir a gema, mas logo perceberam que ao remover a pedra da coroa - a própria coroa com a qual o rei era coroado - toda sua glória se esvaneceria, ficaram extremamente desgostosos. Apesar disso, foram obrigados a informar ao rei que a pedra havia sido encontrada.

"O rei ficou muito feliz. Ordenou que a pedra fosse extraída, moída até transformar-se em pó bem fino, e que a poção para seu filho fosse preparada sem perda de tempo.

"Mas naquele momento, terríveis novas chegaram ao palácio real: a condição do príncipe havia se deteriorado tanto que seus lábios estavam selados. Estava tão doente que não conseguia pôr nada, nem mesmo líquidos, na boca. Os especialistas e eruditos reunidos no palácio estavam certos de que, sob estas circunstâncias, o rei certamente ordenaria que a pedra não fosse moída, para que o esplendor da coroa real pudesse ser preservado.

"Quão surpresos ficaram ao ouvir o rei instruindo-os a apressar-se e esmagar a gema e a preparar a poção o mais rápido possível, e despejá-la dentro da boca do príncipe. 'Moam, derramem, desperdicem toda a pedra,' disse o rei, 'quem sabe, talvez uma única gota possa entrar na boca de meu filho e ele será curado.'

"Os ministros do rei ficaram pasmos com a decisão do soberano, e suplicaram-lhe: enquanto o príncipe era passível de cura, valia a pena destruir a pedra; mas agora, quando sua condição é tão grave que mesmo a capacidade de engolir foi prejudicada, por que arruinar a gloriosa coroa do rei, a coroa pela qual ele assumira o trono?

"O rei replicou aos ministros: 'Se, D'us não o permita, meu filho não viver, quem precisa da coroa? E se ele se recobrar, a coroa destruída será minha maior glória. Isso provará a lealdade de meu único filho, que arriscou a vida para cumprir minha vontade e aumentou em bravura e sabedoria...'"

     
   
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