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O Tanya - parte 40

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O Benoni

O Tanya explica que um benoni é alguém que não está mais na categoria de um "rasha no qual existe o bem", mas que ainda não atingiu o nível de um "tsadic em quem existe o mal". Ele não peca como um rasha mas, por outro lado, não lidou com o mal interior de sua alma animalesca da maneira como faz um tsadic.

As virtuosas faculdades da alma Divina e as más faculdades da alma animalesca são igualmente emparelhadas num benoni. Cada qual dessas almas mantém sua força. Na batalha interna que é travada dentro do benoni, cada um desses lados tem igual poder.

As Conseqüências da Guerra


Quais são as repercussões da guerra interna que irrompe dentro de um benoni? No capítulo 12 do Tanya, Rabi Shneur Zalman delineia dois pontos definitivos em virtude dos quais as pessoas são classificadas em uma ou outra categoria:

1 – Qual inclinação – a boa ou a má inclinação – conseguiu dominar a pessoa e suas ações.

2 – De que maneira as inclinações em si são afetadas pela batalha interna.

Segundo os diversos graus de sucesso nestas duas áreas, poderemos entender as repercussões da guerra interna.

O mal dentro do benoni jamais dominará e subjugará sua alma Divina "de modo a vestir-se no corpo e fazê-la pecar" em pensamento, fala e ação. Pois assim que o desejo de pecar é sentido, ou maus pensamentos brotarem em sua mente, o benoni batalhará contra eles e simplesmente os rejeitará.

Além disso, este constante estado de guerra não enfraquece a alma Divina do benoni. Mesmo assim, o benoni não pode estar absolutamente certo de que as faculdades emocionais e intelectuais da alma Divina sozinhos permearão todo seu ser. Em tempos especialmente auspiciosos, como quando ele recita o Shemá ou a prece Amidá, a alma animalesca no benoni é subjugada e anulada até um determinado grau. No entanto, quando a hora da prece termina, o mal voltará novamente à sua força anterior. Os desejos pelos prazeres desse mundo são despertados, e a guerra começa novamente.

Sem Pecado

O Tanya define um benoni como alguém que jamais pecou, e jamais pecará. É uma pessoa que foi forte no passado e certamente não terá um lapso no futuro.

As duas partes dessa definição precisam de um esclarecimento: quanto à vida passada do benoni, sabe-se que o arrependimento pode elevar alguém que era um rasha ao nível de um tsadic.

Portanto ele certamente pode atingir o nível do benoni. Por que é necessário, então, declarar que o benoni jamais pecou? Além disso, a respeito de seu futuro Nossos Sábios declaram: "Não confie em si mesmo até o dia de sua morte!" (Avot 2,4). Como a história prova – havia aqueles que eram considerados como tsadikim perfeitamente justos que terminaram por se revoltar contra D’us e pecaram. E se um perfeito tsadic pode cair de seu nível, muito mais pode um benoni! Portanto, como podemos declarar com certeza que o benoni jamais pecará?

Parece que a intenção do Tanya ao definir um benoni como alguém "que nunca peca e jamais pecará" é a seguinte: Um benoni em seu estado atual, e em seu nível presente, não pode vir a transgredir. Seu arrependimento por sua conduta passada é tal que nenhuma impressão permanece de quaisquer transgressões que ele possa ter cometido. Pois se até mesmo a menor impressão de pecado permaneceu nele, é possível que um pecado traga outro consigo. Além disso, considerando seu futuro, o benoni não é como um rasha no qual existe o bem.

Pois ele é aquele que ainda é capaz de pecar, mesmo após arrepender-se. O benoni, desde que ainda seja um benoni, não é susceptível a transgredir a vontade de seu Criador, e ele tem a força para enfrentar qualquer obstáculo que possa cruzar seu caminho. Isso é também o que declara o Rambam: "Aquele que conhece os segredos de todos os corações atestará que tal pessoa jamais voltará a pecar." (Hilchot Teshuvá cap. 2,2).

     
   
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