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Rasha e o bem em seu interior
Já foi explicado que o homem possui faculdades tais como intelecto
e emoções, e também três "vestes"
– pensamento, fala e ação, que dão expressão
às ações de sua alma. Um tsadic não somente
fortalece as ações de sua alma Divina ao purificar suas
"vestes", como também o estado interno de sua alma. Em
contraste, a pessoa má, o rasha, está na posição
oposta. A alma animalesca de um rasha o domina. Este domínio não
é apenas no que se refere às obras interiores de seu coração,
mas também a ação prática, ou a expressão
de sua alma animalesca por meio de suas "vestes" do pensamento,
palavra e ação. Ou seja, ele está propenso a realmente
transgredir um mandamento.
Para ser chamado de rasha não é necessário que uma
pessoa seja um criminoso renomado.
Basta que seja uma pessoa simplesmente passível de transgredir.
Na verdade, o fato de que um rasha possa cumprir uma mitsvá não
o impede de errar mais tarde. De modo paralelo, alguém que tenha
cometido uma transgressão, mesmo que ainda não tenha se
arrependido, é completamente capaz de continuar a cumprir todas
as mitsvot. (Além disso, é o que se exige dele, embora tenha
transgredido previamente). Na hierarquia dos níveis, não
é impossível, portanto, encontrar aqueles que são
classificados como perversos, e que estão muito distantes do Judaísmo,
lado a lado com aqueles que têm reverência a D’us, e
que cumprem todos os preceitos, do menor ao mais importante, pois o potencial
para o pecado ainda existe dentro deles.
O rasha completo
No capítulo 11 do Tanya, Rabi Shneur Zalman divide os perversos
em duas categorias gerais. O "o rasha no qual existe o bem"
– e o "rasha que possui apenas o mal".
O "rasha que possui apenas o mal", ou um rasha completo, é
uma pessoa que nunca sente remorso por seus atos impróprios. Além
disso, ele nem ao menos pensa em arrependimento. Todos os fatores espirituais
que levam uma pessoa a teshuvá, como sentimentos de remorso que
brotam da natureza inerente de uma alma judaica que não pode e
não deseja ser separada da Divindade, são desconhecidos
para uma pessoa como esta.
Pode ocorrer que uma pessoa assim geralmente cumpre os preceitos e estuda
Torá, ou que tenha feito isso em numerosas ocasiões. Nossos
Sábios declaram: "Os pecadores de Israel estão tão
repletos de mitsvot como uma romã está repleta de sementes."
Ou seja, embora eles possam estar repletos de mitsvot, são considerados
pecadores! Uma pessoa ssim decidiu que não há necessidade
de que suas transgressões perturbem sua vida ou incomodem sua serenidade.
Alguém nessa situação é chamado um completo
rasha.
A radiância da bondade Divina não ilumina a alma de uma pessoa
assim por dentro. Quando cumpre os preceitos que exigem ação
física, estas são realizadas apenas com seus membros, mas
sua alma não irradia seu ser interior. Quando ele cumpre um mandamento,
este não ilumina sua alma.
No entanto, deve-se destacar que ao contrário de um tsadic, que
é capaz de remover completamente o mal dentro de si, e até
mesmo transformá-lo em bem, o rasha não está apto
a remover completamente o bem de dentro de si. O Eterno bendito seja,
concedeu esta grande gentileza ao rasha, portanto mesmo quando o bem está
completamente oculto dele, mesmo assim permanece com ele, de maneira externa
e distante.
Por virtude do bem
Existem muitas e variadas ramificações do fato de que algum
aspecto do bem sempre permanece com um judeu. Uma dessas conseqüências
é elucidada numa declaração de Nossos Sábios:
"A Shechiná habita em cada grupo de dez homens judeus."
Há vários aspectos e níveis da revelação
da Shechiná. A Shechiná paira sobre uma pessoa quando esta
estuda Torá, como declaram Nossos Sábios no Tratado Berachot:
"A Shechiná repousa até mesmo sobre um único
indivíduo que senta-se e se ocupa com Torá." O Capítulo
35 do Tanya explica que este nível de revelação da
Shechiná diz respeito à alma Divina de um indivíduo,
quando distinta de seu corpo e alma animalesca. Há um outro nível
de repouso da Shechiná, que é atraído através
do cumprimento de mandamentos práticos. Além de iluminar
a alma Divina, esta morada da Shechiná também envolve o
corpo da pessoa e sua alma animalesca. Um aspecto mais completo do repouso
da Shechiná é aquele que é atraído em todo
local onde dez homens judeus estão reunidos. Este nível
de morada da Shechiná é muito mais elevado que aquele que
paira sobre um indivíduo, embora este seja um perfeito tsadic.
Porém, apesar disso, a Shechiná somente repousa sobre um
grupo de uma maneira externa, em vez de ser revelada internamente. Portanto,
embora a alma de uma pessoa possa estar distante dela, como no caso do
rasha, a Shechiná pode pairar sobre ele em virtude do grupo do
qual ele faz parte.
A Shechiná repousa também sobre um grupo de dez homens judeus,
mesmo que eles não se ocupem com Torá e mitsvot, ou qualquer
outro tema relacionado à santidade. Além disso, este ainda
é o caso, embora todos os dez homens sejam completamente maus.
A Shechiná virá habitar sobre eles.
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