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O Tanya - parte 36

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Bnei Aliyah

O Midrash declara: "O Eterno, bendito seja, viu que os tsadikim são apenas poucos, portanto plantou-os em cada geração." Os "tsadikim que são apenas poucos" não são chamados tsadikim porque a maioria de suas ações é boa, e as boas ações superam as más, portanto eles merecem um julgamento positivo. Há muitos desses tsadikim. A categoria de "tsadikim que são apenas poucos" também não inclui aqueles que subjugaram sua alma animalesca e chegaram ao nível de tsadic incompleto, pois estes também são numerosos. Os últimos são mencionados na Guemara como os "dezoito mil tsadikim que ficam perante o Eterno, bendito seja."

Na categoria "tsadikim que são poucos" estão incluídos somente santos perfeitos. Sobre o último, Rabi Shimon Bar Yochai declarou: "Eu vi que os bnei Aliyah (homens de status espiritual superior) são apenas poucos. Se eles forem mil, eu e meu filho estamos incluídos. Se forem cem, eu e meu filho estamos entre eles. Se houver apenas dois, eles são meu filho e eu."

Aqueles que transformam a escuridão em luz

A razão para estes tsadikim serem chamados de bnei aliyah é explicada no décimo capítulo do Tanya. Seu Divino serviço é tal que eles transformam o mal e o elevam a santidade. Este foi o nível elevado atingido pelo serviço espiritual de Rabi Shimon Bar Yochai. Além disso, todos aqueles que desejavam fazer parte de seu grupo também tinham de estar neste nível. A introdução do Zohar relata que quando Rabi Chiyah desejou ascender ao hechal (santuário celestial) de Rabi Shomon Bar Yochai, ele ouviu uma voz surgir e dizer: "Aquele de vocês que antes de vir aqui converteu a escuridão [do mundo] em luz [santidade] e a amargura [de sua alma animalesca e má inclinação] em doçura [de santidade], somente aqueles podem entrar no santuário celestial de Rabi Shimon Bar Yochai.

O Tanya explica longamente que o título bnei aliyah expressa um nível extremamente elevado de serviço Divino. Neste nível, o tsadic não aspira a cumprir Torá e mitsvot para aplacar a sede de sua alma, que anseia por apegar-se a D’us. Ao contrário, a intenção de seu Divino serviço é pelo mérito do Próprio D’us – para executar os desejos de seu Criador neste mundo.

Há um nível de serviço Divino no qual a intenção primária da pessoa ao servir a D’us é iluminar sua alma com a luz Divina. Uma pessoa que serve a D’us dessa maneira, em essência, cumpre o conselho do profeta Yeshayáhu que exclamou: "Todos que estão sedentos vão para as águas."
Nossos Sábios explicam que a "água" aqui mencionada é nada menos que a Torá, pois é através da Torá que a alma que anseia por D’us pode aplacar sua sede. Este serviço Divino, embora seja extremamente elevado, mesmo assim em certo sentido está mesclado com um sentimento do ego, e com o benefício que deriva da alma a partir de seu serviço ao Criador.

Um nível muito mais alto de serviço Divino é aquele de alguém cujo serviço a D’us não inclui nenhum interesse próprio. Tudo que ele busca é fazer do mundo um recipiente para a Divindade e cumprir o desejo de D’us que este mundo inferior seja transformado em uma moradia para Ele. De uma perspectiva mais ampla, é explicado na Chassidut que o primeiro nível mencionado acima refere-se ao serviço de um tsadic completo, embora não aquele de bnei aliyah, ao passo que o segundo nível refere-se àquilo que a Guemara chama um chassid.

O Chassid

Como uma demonstração prática da conduta de um verdadeiro chassid, examinemos a seguinte história de Rabi Nachum, o Rebe de Chernobyl:

Os chassidim relatam que Reb Nachum certa vez chegou a uma cidade que não possuía um micvê. Ele ficou muito perturbado com este fato, especialmente porque o motivo para a falta dessa necessidade vital da vida judaica era que os habitantes da cidade não tinham condições de levantar a grande soma de dinheiro para construir um micvê.

Após examinar o problema e fazer algumas investigações, ficou claro para Rebe Nachum que seria possível conseguir o dinheiro necessário, mas somente se um dos ricos moradores da cidade doasse parte de sua fortuna. Quando todos os habitantes se reuniram para as preces diárias, Reb Nachun subiu à bimá no centro da sinagoga e anunciou que estava preparado para vender sua porção no Mundo Vindouro, pela quantidade de dinheiro necessária para construir o micvê. Os moradores ricos rapidamente resolveram aproveitar a pechincha, e entregaram a quantia necessária a Reb Nachun. Este pegou o dinheiro e entregou-o às autoridades encarregadas, com o objetivo de construir o micvê.

Se a vontade do Criador é que em todos os lugares onde vivem judeus haja um micvê – para este propósito este tsadic estava disposto e pronto a renunciar a tudo aquilo que lhe era mais caro, a ponto de vender sua porção no Gan Eden.

     
   
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