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Bnei
Aliyah
O Midrash declara:
"O Eterno, bendito seja, viu que os tsadikim são apenas poucos,
portanto plantou-os em cada geração." Os "tsadikim
que são apenas poucos" não são chamados tsadikim
porque a maioria de suas ações é boa, e as boas ações
superam as más, portanto eles merecem um julgamento positivo. Há
muitos desses tsadikim. A categoria de "tsadikim que são apenas
poucos" também não inclui aqueles que subjugaram sua
alma animalesca e chegaram ao nível de tsadic incompleto, pois
estes também são numerosos. Os últimos são
mencionados na Guemara como os "dezoito mil tsadikim que ficam perante
o Eterno, bendito seja."
Na categoria "tsadikim que são poucos" estão incluídos
somente santos perfeitos. Sobre o último, Rabi Shimon Bar Yochai
declarou: "Eu vi que os bnei Aliyah (homens de status espiritual
superior) são apenas poucos. Se eles forem mil, eu e meu filho
estamos incluídos. Se forem cem, eu e meu filho estamos entre eles.
Se houver apenas dois, eles são meu filho e eu."
Aqueles que transformam a escuridão em luz
A razão para estes tsadikim serem chamados de bnei aliyah é
explicada no décimo capítulo do Tanya. Seu Divino serviço
é tal que eles transformam o mal e o elevam a santidade. Este foi
o nível elevado atingido pelo serviço espiritual de Rabi
Shimon Bar Yochai. Além disso, todos aqueles que desejavam fazer
parte de seu grupo também tinham de estar neste nível. A
introdução do Zohar relata que quando Rabi Chiyah desejou
ascender ao hechal (santuário celestial) de Rabi Shomon Bar Yochai,
ele ouviu uma voz surgir e dizer: "Aquele de vocês que antes
de vir aqui converteu a escuridão [do mundo] em luz [santidade]
e a amargura [de sua alma animalesca e má inclinação]
em doçura [de santidade], somente aqueles podem entrar no santuário
celestial de Rabi Shimon Bar Yochai.
O Tanya explica longamente que o título bnei aliyah expressa um
nível extremamente elevado de serviço Divino. Neste nível,
o tsadic não aspira a cumprir Torá e mitsvot para aplacar
a sede de sua alma, que anseia por apegar-se a D’us. Ao contrário,
a intenção de seu Divino serviço é pelo mérito
do Próprio D’us – para executar os desejos de seu Criador
neste mundo.
Há um nível de serviço Divino no qual a intenção
primária da pessoa ao servir a D’us é iluminar sua
alma com a luz Divina. Uma pessoa que serve a D’us dessa maneira,
em essência, cumpre o conselho do profeta Yeshayáhu que exclamou:
"Todos que estão sedentos vão para as águas."
Nossos Sábios explicam que a "água" aqui mencionada
é nada menos que a Torá, pois é através da
Torá que a alma que anseia por D’us pode aplacar sua sede.
Este serviço Divino, embora seja extremamente elevado, mesmo assim
em certo sentido está mesclado com um sentimento do ego, e com
o benefício que deriva da alma a partir de seu serviço ao
Criador.
Um nível muito mais alto de serviço Divino é aquele
de alguém cujo serviço a D’us não inclui nenhum
interesse próprio. Tudo que ele busca é fazer do mundo um
recipiente para a Divindade e cumprir o desejo de D’us que este
mundo inferior seja transformado em uma moradia para Ele. De uma perspectiva
mais ampla, é explicado na Chassidut que o primeiro nível
mencionado acima refere-se ao serviço de um tsadic completo, embora
não aquele de bnei aliyah, ao passo que o segundo nível
refere-se àquilo que a Guemara chama um chassid.
O Chassid
Como uma demonstração prática da conduta de um verdadeiro
chassid, examinemos a seguinte história de Rabi Nachum, o Rebe
de Chernobyl:
Os chassidim relatam que Reb Nachum certa vez chegou a uma cidade que
não possuía um micvê. Ele ficou muito perturbado com
este fato, especialmente porque o motivo para a falta dessa necessidade
vital da vida judaica era que os habitantes da cidade não tinham
condições de levantar a grande soma de dinheiro para construir
um micvê.
Após examinar o problema e fazer algumas investigações,
ficou claro para Rebe Nachum que seria possível conseguir o dinheiro
necessário, mas somente se um dos ricos moradores da cidade doasse
parte de sua fortuna. Quando todos os habitantes se reuniram para as preces
diárias, Reb Nachun subiu à bimá no centro da sinagoga
e anunciou que estava preparado para vender sua porção no
Mundo Vindouro, pela quantidade de dinheiro necessária para construir
o micvê. Os moradores ricos rapidamente resolveram aproveitar a
pechincha, e entregaram a quantia necessária a Reb Nachun. Este
pegou o dinheiro e entregou-o às autoridades encarregadas, com
o objetivo de construir o micvê.
Se a vontade do Criador é que em todos os lugares onde vivem judeus
haja um micvê – para este propósito este tsadic estava
disposto e pronto a renunciar a tudo aquilo que lhe era mais caro, a ponto
de vender sua porção no Gan Eden.
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