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A
guerra interna entre a alma Divina e a alma animalesca pelo domínio
sobre o corpo e todos seus órgãos é comparada a dois
reis guerreando por uma cidade que cada um deseja conquistar e governar.
Como conseqüência da prolongada batalha, cada um desses "reis"
tem chance de ser ferido ou enfraquecido.
No capítulo nove do Tanya, Rabi Shneur Zalman analisa esta guerra
interna dentro do judeu. No entanto, em vez de examinar as estratégias
de batalha e as táticas de ambos os lados, o Alter Rebe explora
o assunto de uma perspectiva mais ampla. Ele examina as aspirações
e objetivos de cada um deles como fatores decisivos na batalha espiritual
interna. Esta análise produz alguns resultados inesperados. Os
objetivos de cada uma das alma belicosas não são como aparecem
no campo de batalha. Estes objetivos também não são
equivalentes, pois cada uma das duas almas tem seus próprios objetivos
e metas.
Os objetivos da alma Divina
"A vontade da alma Divina é que somente ela governe e oriente
a pessoa" para que o corpo e todos seus membros se sujeitem à
sua disciplina. Ao receberem sobre si mesmos o jugo da soberania, o corpo
e os membros cumprirão tudo que a alma decreta – incluindo
aquelas coisas que a pessoa não entende completamente.
A alma Divina não está satisfeita somente com o cumprimento
físico das mitsvot. Ela espera também algum tipo de reação
positiva a si mesma por parte da pessoa. Nas palavras do Tanya: a alma
Divina deseja que o corpo e seus membros "se rendam completamente
a ela", anulando sua vontade em favor da vontade de D’us, e
tomando a firme decisão de qualquer que seja a vontade de D’us,
essa será também a vontade dela. Num estágio mais
avançado a alma Divina encoraja a pessoa se tornar uma "carruagem"
para ela. Isso implica que a pessoa é tão tímida,
e entregou sua vontade de tal forma que tornou-se simplesmente um veículo
reagindo voluntariamente a todos os comandos de seu condutor, assim como
uma carruagem seguindo as direções de quem a dirige, sem
qualquer vontade própria.
Além disso, a alma Divina não oculta seus objetivos, os
quais são que somente seus poderes sejam envolvidos dentro da pessoa,
para que seu corpo inteiro seja permeado somente com eles, e nada que
seja alheio possa passar por eles. Onde a alma Divina governa exclusivamente,
poderia jamais surgir a situação de às vezes uma
pessoa abrigar os poderes de santidade e em outras vezes os poderes da
impureza.
Ao contrário, o pensamento, fala e ações de uma pessoa
seriam apenas aqueles pertinentes a D’us e Sua Torá, e seus
248 membros se ocupariam totalmente com as mitsvot. As três partes
do cérebro estariam permeadas com chochmá (sabedoria), biná
(entendimento) e da'at (conhecimento) da alma Divina através de
"ponderar a insondável e infinita grandeza" do Criador.
Desta forma reverência e amor por D’us brotariam na pessoa.
Refinando a alma animalesca
No capítulo nove do Tanya, Rabi Shneur Zalman revela um novo campo
de ação na estrutura geral do serviço espiritual
que todo judeu é obrigado a aceitar sobre si mesmo. Este é
o trabalho de refinar e elevar a alma animalesca, "mudar e transformá-la
de [uma ânsia por] prazeres mundanos em amor por D’us."
Nossos Sábios expressaram esta idéia ems eu comentário
sobre o versículo: "E amarás a D’us… com
todo seu coração." A forma dual da palavra para coração,
levavecha (implicando com todos seus corações, no plural),
em vez de levach (coração no singular), sugere que ambas
as inclinações – o yetser tov (a boa inclinação)
e o yetser hará (a má inclinação) –
devem vir a amar a D’us. Mas como é possível para
a má inclinação amar a D’us? A Chassidut explica
que isso é alcançado por meio do redirecionamento do poder
do desejo da alma animalesca, que inerentemente anseia pelo prazer físico,
rumo a metas positivas, rumo ao amor a D’us.
De maneira geral, a alma Divina influencia e refina a alma animalesca
em estágios sucessivos, usando o amor de D’us como um instrumento,
por assim dizer. A princípio, por meio de assuntos de meditação
apropriados, uma pessoa desperta em si mesma "um amor poderoso, como
lampejos ardentes." Este amor em si engloba diversos níveis,
começando com o amor de D’us com todo seu(s) coração(ões),
no qual o coração inteiro está repleto de amor, como
foi explicado acima. O próximo estágio é chegar a
amar a D’us "com toda sua alma", no qual o amor cresce
e se espalha até mesmo aos poderes físicos e órgãos
que, eles próprios, não são propriamente "recipientes"
bem adequados para conter o amor a D’us. O estágio final
é amar a D’us "com toda sua força", que
é um amor ilimitado por meio do qual o homem é elevado além
de seus poderes e sentidos limitados.
No início de seu serviço, o coração de uma
pessoa está apenas incrustado com amor por dentro", o que
equivale a dizer que somente uma fina camada de amor pavimenta o ventrículo
direito do coração, por assim dizer, onde reside a alma
Divina. Porém, num estágio posterior, o lado direito de
seu coração torna-se tão repleto de amor que este
se derrama também para o lado esquerdo, onde habita a alma animalesca.
Então a alma Divina é elevada a um nível mais alto
de amor a D’us. Assim, do nível anterior, chamado "um
amor poderoso como lampejos de fogo", a alma passa ao nível
de "deleite amoroso", conhecido nas Escrituras como "ahavá
beta'anugim." Este amor tem o poder de finalmente efetuar a transformação
esperada do poder de desejo da alma animalesca, que inerentemente anseia
pelo prazer físico, em amor a D’us.
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