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O
Homem e Seu Sustento
O homem e o alimento
que ingere têm um relacionamento recíproco. O homem tem poderes
da alma, e o alimento que consome está permeado com vitalidade
espiritual, como está explicado no sétimo e oitavo capítulos
do Tanya. Cada um afeta e influencia o outro.
A comida casher está
imbuída de vitalidade que deriva de kelipa noga, uma kelipa parcialmente
impura compreendendo uma mistura de bem e mal. O homem possui a capacidade
de elevar este alimento ao âmbito da santidade, se for ingerido
pelo mérito do Céu. E mesmo se ele tropeçar e devorar
a comida para satisfazer seus apetites corporais, arrastando assim a vitalidade
dentro dela às três kelipot completamente impuras, mesmo
assim ele tem a capacidade de extrair a vitalidade das três kelipot
completamente impuras, e elevá-la ao domínio da santidade.
Isso ocorre quando ele retorna ao serviço de D’us e à
Sua Torá, e se ocupa com teshuvá "que traz cura ao
mundo", embora seu arrependimento seja motivado pelo medo e não
por amor.
No entanto, se uma
pessoa erra e consome alimentos proibidos, que fazem a vitalidade dos
três completamente impuros ser absorvida em sua carne e sangue,
ele requer um nível muito mais profundo de teshuvá para
curar-se e ficar livre da substância estranha que se infiltrou em
seu corpo. O nível comum de teshuvá, que brota do medo,
é insuficiente – ele deve atingir o nível de teshuvá
motivado por grande amor a D’us, que transforma seus pecados em
virtudes. Até que ele atinja este nível de arrependimento,
a vitalidade que adquiriu do alimento proibido não subirá
ao domínio da santidade, embora ele utilize a energia que deriva
dele para rezar e estudar Torá.
Seduzindo a Alma
A partir de uma perspectiva mais profunda, podemos dizer que, como a vitalidade
que permeia a comida casher é essencialmente diferente daquela
que vitaliza alimentos proibidos, os poderes da alma que são atraídos
a estes dois tipos de vitalidade também são essencialmente
diferentes.
Como declara o Zohar: o yetser hará (mal instinto ou má
inclinação) para um judeu é a força ardente
que anseia por coisas permissíveis.
O desejo natural por alimentos proibidos, no entanto, é característico
do mau impulso de uma pessoa, em geral, pois tanto sua alma quanto o alimento
que deseja derivam da mesma fonte – as três kelipot completamente
impuras. Em contraste, a aspiração por comida casher, embora
a motivação para consumi-la não brote da aspiração
de sua alma Divina de elevar a comida ao âmbito da santidade, mas
sim dos desejos animalescos da pessoa, flui de um yetser hará judaico
que deriva de kelipa noga.
O Declínio do Yetser Hará
Dados os princípios acima, surge uma questão. Como o yetser
hará e a força que anseia por coisas proibidas, que não
são oriundas de um judeu pois emanam de outra fonte, entra no domínio
e possessão de um judeu?
A Chassidut explica que há uma diferença entre os apetites
inatos naturais do yetser hará do judeu, e os desejos e anseios
que tomam conta dele depois que já degenerou. O apetite natural
inerente do yetser hará de todo judeu é satisfazer-se com
coisas permitidas. No entanto, ao consentir em coisas permissíveis,
a fim de satisfazer apetites corporais, o yetser hará é
arrastado para as três kelipot completamente impuras, juntamente
com a vitalidade da comida que ele devorou para satisfazer seus desejos.
E então ele é facilmente tentado a transgredir e condescender
em assuntos proibidos.
Em sua famosa obra, Sha'arei Teshuvá, Rabeinu Yona escreve que
para evitar cair em uma medida de coisas proibidas, a pessoa deve guardar-se
em cem medidas de coisas permitidas, pois a partir das coisas permitidas
ele pode ser desviado a coisas proibidas! Nossos Sábios mantêm
o princípio idêntico: "Este é o jeito do yetser
hará. Hoje ele diz: 'Faça assim.' E amanhã ele dirá:
'Faça assim e assado.' E por fim ele lhe dirá para adorar
ídolos." Inicialmente, o mau impulso seduz a pessoa a pequenas
transgressões. Em seguida, quando a pessoa já está
em seu poder, o mau impulso o convence a transgressões mais sérias,
e assim por diante.
Na Chassidut Chabad isso é explicado da seguinte maneira: Antes
de um judeu condescender em coisas permitidas, seu yetser hará
estava desconectado com as más ações. Uma vez que
ele tenha passado a apetites por coisas permissíveis, desse modo
"fazendo uma visita" às três kelipot completamente
impuras, o próprio yetser hará torna-se profanado e degradado.
Assim ele se torna capaz de ansiar também por coisas proibidas,
coisas que inerentemente eram proibidas a ele.
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