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Um
elevado nível de teshuvá
Assim como cura é
um termo geral que abarca grande área de problemas físicos
e enfermidades e seu tratamento, assim também o conceito de teshuvá
– arrependimento, ou retorno ao serviço de D’us –
compreende um vasto espectro de problemas e doenças espirituais.
"Teshuvá" – declaram Nossos Sábios –
"traz cura para o mundo."
A transgressão incorre em muitas conseqüências negativas,
espalhadas em muitas áreas diferentes. Toda transgressão
constitui uma rebelião contra a autoridade do Criador do universo;
o pecador profana seu corpo e sua alma; ele causa uma mancha na raiz da
alma acima e nos mundos superiores. Ao cumprir cada mandamento positivo,
um fluxo de luz Divina é atraído ao mundo, e se a mitsvá
não é cumprida então o mundo fica privado do fluxo
da luz Divina que poderia ter sido atraído até ele. Transgredir
uma proibição da Torá cria uma barreira entre o pecador
e D’us, como protesta o Profeta: "Teus pecados te afastam de
D’us!" Além disso, ensinamentos cabalistas explicam
que através do pecado uma pessoa adiciona vitalidade às
kelipot, e erege uma "cortina de ferro" entre si mesma e D’us.
Assim, teshuvá, que retifica todas as distorções
e perversões causadas pelo pecado, é um assunto complexo,
diverso e extenso.
Purificação Interna
A terceira seção do Tanya, denominada "A Epístola
do Arrependimento", é dedicada a uma discussão dos
princípios fundamentais de teshuvá. No sétimo capítulo
da primeira parte do Tanya, Rabi Shneur Zalman discute um aspecto diferente,
muito mais elevado de teshuvá – como teshuvá aplica-se
a um benoni. Neste sentido teshuvá não é arrependimento
por transgressão, pois um benoni não tem qualquer conexão
com o pecado no presente. Alguém que no passado teve um deslize
e consumiu alimentos proibidos e se arrepende sinceramente – a tal
ponto que não resta nenhuma impressão de seu pecado –
mesmo assim se confronta com um problema. Como consumiu comida não-casher,
absorveu energia e vitalidade que permanece ligada e acorrentada a forças
alheias. Como então ele se purifica e elimina o mal dentro de seu
corpo?
Separar a vitalidade e as centelhas de santidade do alimento não-casher
que ele consumiu, e elevá-los a partir das kelipot, pode ser conseguido
de duas maneiras: Primeiro, quando chegar o tempo em que "E Eu [D’us]
removerei o espírito de impureza da terra"; segundo, quando
o pecador "se arrepende tão firmemente que seus pecados premeditados
se transmutam em verdadeiros méritos". Claramente, a primeira
alternativa não depende diretamente do homem. Ao contrário,
é decretada lá do Alto. A segunda alternativa, no entanto,
está ao alcance do homem, e ele pode atingi-la por meio de seu
próprio serviço Divino. Ele tem a capacidade de remover
de si mesmo o "espírito de impureza" que se apega a ele,
e fazê-lo sumir do mundo.
Pecados em méritos
Segundo o Talmud, o arrependimento devido ao medo transforma transgressões
deliberadas em pecados involuntários. No entanto, quanto ao arrependimento
por grande amor "foi dito que os pecados premeditados [do penitente]
tornam-se, para ele, como virtudes." Rabi Shneur Zalman explica que
este amor não é o nível de amor a D’us que
a Torá ordena a todo judeu atingir. Ao contrário, este é
amor "que vem das profundezas do coração, com grande
amor e fervor, e de uma alma desejando apaixonadamente apegar-se a D’us,
bendito seja. Além disso, este amor brota de uma grande sede por
D’us, como uma pessoa perdida numa terra estéril e seca anseia
desesperadamente pela água.
Assim, um ba'al teshuvá, um penitente sincero, exatamente porque
sua conduta anterior indesejável "o removeu para longe da
luz do Divino Semblante", anseia e deseja apegar-se a D’us.
E esta sede e esta ânsia são muito maiores que a sede do
justo que nunca pecou. Isso é o que Nossos Sábios sugerem
com a declaração: "Onde ficam os penitentes, nem mesmo
os perfeitamente justos podem ficar" – pois o último
não experimenta a mesma sede e ânsia que o penitente sincero.
Em retrospecto, fica claro que quanto ao arrependimento que brota do amor,
quanto mais grave a transgressão que o penitente cometeu no passado,
e portanto maior a angústia e remorso que sente agora por causa
de sua distância de D’us, maior será a sede de apegar-se
ao Eterno, bendito seja. Assim, podemos dizer que o pecado em si, que
originalmente o separou de D’us, agora lhe traz maior amor e sede
por D’us. Por isso, seus pecados premeditados do passado o trazem
às virtudes do presente. Quando o penitente chega a este estágio,
conseguiu extrair as centelhas de santidade dos alimentos proibidos que
estavam anteriormente presos nas kelipot impuras.
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