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O Tanya - parte 26

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O mundo das kelipot

O Em sua visão da carruagem Divina (Merkavá) o profeta Yechezkel previu o banimento do povo judeu, a escuridão do exílio e a destruição do Templo Sagrado. Em sua profecia, ele declara:
"Então eu olhei, e vejam! Uma tempestade de vento estava vindo do norte, uma grande nuvem, e um fogo ardente, e um brilho reluzente (nogá) circundando-a." A literatura cabalista explica que as quatro expressões gráficas no versículo descrevem as forças espirituais (kelipot, literalmente, "cascas" ou "conchas") que prevalecem no mundo, ocultando a Divindade.

É uma prática aceita na Cabalá referir-se às primeiras três kelipot como uma só unidade. E embora existam diferenças claras entre elas, e cada uma seja um nível diferente de mal (quanto mais longe de nogá, mais profundamente enraizado e mais poderoso é o mal dentro dela), mesmo assim, de modo geral, estão na mesma categoria. Estas são as "três kelipot completamente impuras e do mal", não contendo nenhum bem". Assim, exceto pela "centelha de Divindade" que as anima, e da qual elas estão totalmente alheias, são inteiramente do mal.

A quarta kelipá, chamada noga, é essencialmente diferente das outras três, pois dentro dessa kelipa reluz um raio de santidade. Ora, as proporções de bem e mal que compreendem noga variam nos diferentes mundos espirituais, Atzilut, Beriá, Yetzirá, Assiyá. Apesar disso, mesmo neste mundo inferior, "chamado mundo de Assiyá, embora seja quase todo de mal, existe um pouco de bem mesclado dentro dele."

A Fonte de Vitalidade


No sexto e sétimo capítulos do Tanya, Rabi Shneur Zalman diferencia aquelas coisas que recebem sua força de vida das três kelipot completamente más e aquelas que recebem sua vitalidade da quarta kelipá, noga. Na primeira categoria estão as almas de todas as criaturas vivas que são impuras e proibidas de ser comidas, e a força de sustento de seus corpos. A existência e vida de toda a vegetação proibida, também, assim como orlá [o fruto produzido durante os três primeiros anos de vida de uma árvore], e uma mistura de sementes de cereal numa vinha." Na segunda categoria estão "a vitalizante alma animalesca no judeu… que se reveste no sangue humano… e as almas dos animais, feras, pássaros e peixes puros [segundo as leis da Torá] e são [assim] permitidos para consumo [pelos judeus], como também a existência e vitalidade de tudo no mundo inanimado e no mundo vegetal que é permitido para consumo."

Além da vitalidade daquelas criaturas acima mencionadas, cuja força de vida é implantada nelas desde o início de sua criação, o Tanya também discute um aspecto adicional da vitalidade que é extraído das kelipot segundo o serviço do homem e suas ações. Quando um judeu ativa uma das "vestes" de sua alma, seu pensamento, fala ou ação ao violar uma das 365 proibições negativas, suas ações são nutridas pelas kelipot impuras. E quando ele ocupa os poderes de sua alma com assuntos mundanos que não são proibidos, mas mesmo assim não são pelo mérito dos Céus, a vitalidade de seu pensamento, fala e ação derivam de kelipá noga.

Uma mistura de bem e mal

Kelipá noga contém tanto o bem quanto o mal, sendo considerada uma categoria intermediária entre as três kelipot impuras e a categoria de santidade. Embora as três kelipot impuras não contenham qualquer bem, o âmbito da santidade não contém mal algum. Assim, kelipá noga está conectada tanto à santidade quanto à kelipá. Seu status é flexível e pode ser elevado ao nível da santidade, ou pode despencar até as kelipot impuras.

A Chassidut explica que como kelipá noga encerra tanto o bem quanto o mal, pode afetar uma pessoa em ambas as direções. Por exemplo, quando alguém come alimentos permitidos, mesmo que sejam sancionados pela melhor supervisão rabínica, do aspecto do mal dentro deles uma pessoa pode chegar à posição de "yeshurun engordou e ficou rebelde", onde seu corpo se torna maciço e grosseiro, e a influência de sua alma é diminuída. De modo contrário, do aspecto do bem dentro do alimento, uma pessoa pode receber energia adicional e vitalidade em seu corpo e na sua alma, as quais pode utilizar para servir a D’us. Portanto, qual aspecto do alimento que ele consome dominará, afetando-o de uma maneira ou de outra, depende de seu próprio comportamento e ações. Se ele come para satisfazer seu apetite físico, a vitalidade contida naquele alimento é degradada e torna-se absorvida nas kelipot, e seu efeito sobre ele será negativo. No entanto, se ele come pelo mérito do Céu, a fim de ampliar sua mente para o serviço de D’us e Sua Torá, etc., então a vitalidade do alimento que ele consome ascende ao âmbito da santidade, e seu efeito sobre ele será positivo.

     
   
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