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O
Encontro Abaixo
A alma desce do alto para ser vestida num corpo de carne e osso. Num estilo
semelhante o Eterno, bendito seja, abaixa Sua Torá a este mundo,
e a veste de matérias físicas. É especificamente
neste mundo material que eles se encontram. Em vista disso, os anjos apresentaram
um argumento convincente ao Eterno, quando Ele outorgou a Torá
a Israel. Sua alegação: "Concede Tua Glória
nos Céus" era um pedido para que o Criador diminuísse
o processo de descida da Torá abaixo e se satisfizesse com o encontro
da Torá e as almas judaicas acima nos mundos superiores.
Claramente, esta descida da Torá abaixo não é um
fim em si mesma. Ao contrário, funciona como um meio pelo qual
uma subida é conseguida, pois é através da Torá
neste mundo que a alma é capaz de atrair santidade sobre si mesma
ao servir o Criador. Esta subida é possível somente em virtude
da descida anterior da Torá. No capítulo quatro do Tanya,
o autor explica que a descida da Torá e mitsvot abaixo para serem
revestidas no mundo material tem um significado enorme – pois este
é o único meio pelo qual a sabedoria de D’us pode
ser absorvida.
Descendo sem Mudar
Em muitos locais Nossos Sábios comparam a Torá à
água, "pois assim como a água desce de um nível
mais elevado para um nível inferior, assim também a Torá
desceu de seu lugar de glória, sendo a vontade e sabedoria de D’us…
[A Torá] viajou numa descida através de estágios
ocultos… até que se vestiu em roupas materiais e coisas desse
mundo." Mais precisamente: Assim como a água em sua descida
muda apenas seu lugar, mas não sua substância essencial,
assim também é com a descida da Torá. Quando um judeu
estuda Torá e cumpre os mandamentos aqui neste mundo, ele apreende
a mesma vontade e sabedoria do Eterno, bendito seja, que residem acima
com D’us.
Portanto, de fato, a descida da Torá abaixo não deveria
ser considerada de forma alguma como depreciativa. Pelo contrário,
isso revela a elevação da Torá, pois o aspecto de
sabedoria que tem a capacidade de descer e ser revelado neste mundo em
objetos físicos é muito superior ao aspecto da sabedoria
que é revelado à alma nos mundos espirituais. A Chassidut
explica que as revelações à alma nos mundos espirituais
são comparáveis à influência que um professor
tem sobre seu aluno, onde o aluno recebe somente a revelação
superficial do intelecto de seu mestre. Isso é considerado como
apenas o reflexo externo do intelecto do professor, em vez de sua essência.
Em contraste a isso, o aspecto da Sabedoria Celestial que é atraído
para a alma e ali revelado quando um judeu cumpre os preceitos ativos
neste mundo material é comparável ao relacionamento que
um pai tem com seu filho – como foi explicado previamente, a essência
de seu cérebro é transferida para seu filho.
No final do capítulo quatro, o Tanya explica que a abordagem acima
mencionada também explica a declaração de Nossos
Sábios em Pirkêi Avot: "Uma hora de arrependimento e
boas ações neste mundo é melhor que a vida inteira
no Mundo Vindouro." No Mundo Vindouro os perfeitamente justos se
deleitam na radiância da Divina Presença – esta "radiância"
é apenas um reflexo da Divina Presença, um remoto vislumbre
da Divina Luz. De modo contrário, ao cumprir a Torá e mitsvot
neste mundo a alma tem uma noção do próprio Eterno,
bendito seja!
Abraçando o Rei
Embora a Torá esteja revestida em "vestes" materiais,
sem as quais a alma não poderia entender a bendita vontade e sabedoria
de D’us, isso não deprecia o alto nível de Torá
e mitsvot cumpridas nesse mundo.
Rabi Shneur Zalman explica que vestir a Torá no mundo material
não impede uma pessoa de apegar-se a Seu Criador através
da Torá. Isso pode ser comparado a alguém que merece abraçar
seu rei, ou a alguém que merece que seu rei o abrace. Que o rei
esteja vestido em seu manto não diminui o valor e a intimidade
do fato de que ele merece abraçar o rei. E quanto à pessoa
afortunada a quem o rei abraça – é irrelevante para
ele se o rei está vestido numa roupa simples ou em vários
mantos.
Quando estuda Torá e cumpre mitsvot nesse mundo, a alma e todas
suas faculdades estão fortemente "atadas no feixe da vida
com D’us" e são assim elevadas aos níveis mais
elevados. Além disso, a alma é envolvida da cabeça
aos pés, por assim dizer, na luz da Divindade, como declara o versículo
no Tehilim: "Ele é minha rocha, na qual busco abrigo"
e "A Vontade de D’us o cerca como uma armadura." Assim
como uma armadura envolve um homem e o protege do mal, assim a Vontade
Celestial de D’us envolve aquele que cumpre as mitsvot.
A proximidade com D’us é o propósito interior de servi-Lo.
O fato de que abraçar o rei é conseguido por meio de objetos
físicos não diminui o prazer que uma pessoa sente em servir
a seu Criador.
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