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"Vestindo"
e Revelando
Quando uma pessoa faz uma aparição pública, veste-se
adequadamente para a ocasião. Similarmente, quando os poderes interiores
ocultos da alma são revelados, é apenas por meio de suas
"vestes" – pensamento, fala e ação.
Porém as vestes devem ser apropriadas; somente quando são
ativos em assuntos sagrados, o pensamento, fala e ação podem
revelar os poderes da alma Divina.
No início do capítulo quatro do Tanya, Rabi Shneur Zalman
enfatiza que os "613 'órgãos' de sua alma estão
revestidos nos 613 mandamentos da Torá." Disso deduzimos que
ao observar todos os mandamentos, todas as 613 faculdades da alma tornam-se
reveladas – cada faculdade da alma através de sua correspondente
"veste"-mitsvá. Este processo de vestir a alma em suas
roupas adequadas, revelando assim seus poderes, é conduzido por
toda a gama de atividades espirituais humanas. Mais especificamente, uma
pessoa emprega a veste da ação ao cumprir aqueles mandamentos
que estão no âmbito da ação. Quando ele "ocupa-se
em explicar os 613 mandamentos e as leis que governam seu cumprimento",
ele usa a veste da fala. E quando ele mergulha na compreensão dos
quatro níveis de Pardes da Torá (um acróstico das
quatro palavras hebraicas, Peshat, Remes, Drash e Sod, que significam:
o sentido simples, intimação, explicação homilética
e o significado esotérico, respectivamente. Estes são os
quatro níveis da interpretação escritural) ele utiliza
a veste do pensamento. Em outras palavras, por meio de compreender a Torá,
basicamente as faculdades intelectuais da alma são reveladas; através
do cumprimento dos preceitos, principalmente as emoções
são reveladas. Ao cumprir os preceitos positivos, o amor de um
homem a D’us é revelado, e ao observar os mandamentos negativos
sua reverência ao Criador se expressa.
O Intelecto e Compreendendo a Torá
Há muitos e variados objetivos para se aprender Torá, como
está explicado nos escritos de Nossos Sábios. Dentre estes
objetivos estão: aprender para saber o que fazer, como cumprir
os preceitos, e como comportar-se como judeu em todos os aspectos da vida
diária. Há também o estudo de Torá que visa
a conhecer toda a Torá – dos vinte e quatro livros das Escrituras
até a completa lei Oral.
No início do quarto capítulo do Tanya, como um prefácio
a sua explanação das vantagens de estudar Torá, Rabi
Shneur Zalman nos presenteia com uma breve descrição do
efeito do estudo de Torá sobre a alma. Quando um judeu faz esforços
intelectuais para entender um determinado assunto na Torá, suas
faculdades mentais, i.e., sua Chochmá (sabedoria), Biná
(entendimento) e Da'at (conhecimento) são revestidos em pensamentos
de Torá – uma elevada realização à qual
deveria se conferir grande importância.
Amor e Reverência como a Raiz da Observância dos Preceitos
Rabi Shneur Zalman explica detalhadamente que as emoções
do amor e temor a D’us são ativadas principalmente no cumprimento
dos preceitos. Há muitos fatores que motivam um homem a agir segundo
os desejos de seu Criador. Talvez ele aja pelo hábito, e sua observação
dos preceitos seja mera rotina. Ou talvez ele aja por um senso de dever.
Talvez seja uma pessoa de caráter espiritualmente refinado que
não poderia agir de outra forma. Ou talvez ele cumpra os mandamentos
para livrar-se de uma obrigação, ou receber uma recompensa.
Mas o cumprimento das mitsvot da maneira mais ideal é quando elas
estão imbuídas de amor e temor a D’us.
Assim, o amor a D’us é a raiz da observância judaica
de todos os 248 mandamentos positivos, pois aquele que realmente ama o
Todo Poderoso anseia por apegar-se a Ele. E como alguém não
pode realmente apegar-se a Ele, exceto por intermédio dos 248 mandamentos
positivos, é isso que ele faz. Seu amor a D’us e seu desejo
de apegar-se a Ele exige que cumpra os mandamentos, pois esta é
a única maneira de satisfazer seu anseio.
Similarmente, o temor a D’us é a raiz da observância
das 365 proibições da Torá. A transgressão
constitui um motim contra a autoridade de D’us, e aquele que implantou
o temor em seu coração fará todos os esforços
para não se rebelar contra o Rei dos Reis, o Eterno, bendito seja.
Aquele que atingiu um nível ainda mais profundo de reverência
– e "ele se sente envergonhado perante a grandeza de D’us,
portanto não se rebelará à vista de Sua glória
fazendo o que é mal a Seus olhos, ou seja, todas as coisas abomináveis
odiadas por D’us", certamente não tropeçará
nem cometerá pecado.
O cumprimento dos preceitos permeados com amor e reverência não
é externo e superficial. Pelo contrário, é repleto
de vitalidade e ansioso deleite. Uma pessoa nessa posição
é cuidadosa em observar todo limite e cerca ao redor da lei. Embeleza
seu cumprimento dos preceitos da melhor maneira possível, e faz
tudo que esteja relacionado à Torá com grande devoção.
Uma pessoa que tem amor intenso e ânseia pela Divindade vivencia
grande deleite ao cumprir os mandamentos. E Acima, também, há
deleite em seu serviço, e a luz Divina o ilumina.
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