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Amor
e Reverência a D’us
No Sefer haMitsvot do Rambam, os mandamentos de amar e temer a D’us
vêm logo em seguida aos dois mandamentos a respeito da crença
em D’us. Colocá-los nesta ordem nos ensina que as mitsvot
de amor a reverência a D’us são de fundamental importância
em todo o esquema das mitsvot, pois não são apenas dois
dos 613 mandamentos que animam e enriquecem todos os outros.
Amor e reverência a D’us são dois assuntos centrais
na Chassidut Chabad, que às vezes são tratados como temas
paralelos mas diferentes, e outras vezes como uma única idéia,
duplamente facetada. Muitos aspectos e níveis destas duas emoções
podem ser distinguidos, e cada qual encontra sua própria forma
de expressão. Assim, seria muito útil se pudéssemos
dar uma idéia do assunto para ajudar a determinar qual o aspecto
e qual o nível aos quais se refere o ensinamento específico.
A Reverência a D’us
Como exemplo, examinemos a emoção do temor: Quando a Torá
declara: "Tema o Eterno, teu D’us" – a Halachá
exige "que temamos sempre o castigo". Este é o nível
mínimo de temor exigido de uma pessoa. Ele intimida a pessoa o
suficiente para impedi-la de pecar. No entanto, no capítulo três
do Tanya somos apresentados a um nível muito mais profundo de temor
– a reverência pela Divina Majestade de D’us, de modo
que a pessoa ficará "reverente e humilde perante Sua bendita
grandeza, que não tem fim ou limite." Da mesma forma que alguém
deveria sentir-se envergonhado por agir de maneira inadequada perante
uma pessoa importante e distinta a quem respeita muito, deveria ficar
envergonhado de fazer o mal na presença de D’us. Quando uma
pessoa se vê como estando perto do Rei, está consciente de
que D’us está à sua frente, por assim dizer, e se
coloca perante D’us. Ele ficará, portanto, extremamente envergonhado
de fazer algo contra a vontade de D’us.
De maneira ainda mais profunda, se desejamos identificar os fatores psíquicos
que provocam estas emoções, talvez fiquemos surpresos de
saber que o medo da punição deriva da kelipá nogá,
pois esta está permeada com preocupações pessoais.
Por outro lado, a reverência pela majestade de D’us é
produzida pelos esforços da alma Divina ao contemplar a grandeza
do Eterno, bendito seja.
O Amor a D’us
As exigências da Halachá para cumprir o mandamento "Amarás
o Senhor teu D’us" são apenas para a pessoa avaliar
os mandamentos do Criador e Suas obras, até que atinja um nível
de entendimento deles que desperte o deleite. Rabi Shneur Zalman, no entanto,
nos leva a um nível mais profundo de amor, meditando sobre aqueles
temas que fazem brotar em seu coração "um amor intenso,
como chamas ardentes… rumo à grandeza do Infinito."
Este amor é comparado a um fogo ardente, pois quando a pessoa contempla
como está distante de D’us, é despertado em sua alma
uma sede e uma ânsia por D’us.
O intenso amor a D’us deve ser como o Tanya o descreve: com um "amor
apaixonado" que o imerge unicamente em seu Amado; e com um "desejo
ansioso" que é a expressão do deleite de sua alma e
do entusiasmo nos assuntos sagrados pelos quais ele anseia; e com "saudade"
que é comparado ao amor de uma mulher por seu marido (ao contrário
do amor de um filho pelo pai); e com uma "alma ansiosa" que
aspira a unir-se com seu Criador. Esta ânsia é tão
poderosa que nenhuma barreira pode impedi-la de procurar o objeto de seu
desejo. Este é o elevado estado de arrebatamento e a paixão
consumidora da alma por D’us, à qual o Rei David se refere
nos versículos em Tehilim: "Minha alma anseia [por Ti]; de
fato, ela desmaia…" E: "Minha alma está sedenta
por D’us…" E novamente: "Minha alma tem sede de
Ti…"
Em termos do temperamento da alma "esta sede é derivada do
elemento do Fogo na alma Divina." Como explicamos anteriormente,
as quatro qualidades elementares da alma – Fogo, Água, Ar
e Terra – aplicam-se tanto à alma Divina quanto à
alma animalesca. As obras cabalistas explicam que o assento do elemento
do Fogo está no coração, ao passo que a fonte do
elemento da Água e umidade está no cérebro. Quando
uma pessoa está com muita sede faz grandes esforços para
encontrar água para matar a sede; da mesma forma, quando a alma
anseia por Divindade, não pode ser satisfeita somente com este
amor ansioso – sua sede pode ser saciada somente com "água".
E Nossos Sábios declaram: "Não há água
[para a alma] que não seja a Torá." Ou, como está
expresso na Cabalá, o elemento do fogo em seu coração
pode ser resfriado apenas pelo elemento da Água no cérebro.
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