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Os
Poderes da Alma
A alma possui muitos e variados poderes. O presente ensaio abordará
superficialmente o tema dos poderes imanentes da alma (em oposição
aos poderes transcendentes da alma, que serão discutidos mais a
fundo), que compreende três faculdades intelectuais e sete emocionais.
Nas palavras do Tanya, capítulo três: "Estas dez faculdades
correspondem às Dez Sefirot Celestiais (manifestações
Divinas), das quais elas desceram." Além do fato de que os
poderes imanentes da alma se originarem nas dez sefirot, de onde foram
extraídos, também estão arranjados em formação
idêntica. Além disso, estas duas categorias, as dez sefirot
e as dez faculdades da alma, estão divididas em atributos intelectuais
e qualidades emocionais, e em ambos os grupos, os atributos intelectuais
dão origem aos atributos emocionais. Em muitos outros aspectos,
também, os poderes da alma correspondem às Sefirot Celestiais.
Intelecto e Emoções
As três faculdades intelectuais, chamadas ChaBaD (Chochmá
(sabedoria), Biná (entendimento) e Da'at (conhecimento), são
denominadas as "mães". Os sete atributos emocionais são
chamados de "filhos". [Estes estão agrupados juntos como:
CHaGaT – chesed (bondade), Guevura (severidade), e Tiferet (beleza
ou compaixão), e NeHYM – Netzach (resistência), Hod
(esplendor), Yesod (alicerce), e Malchut (realeza)]. O objetivo de denominar
as três faculdades intelectuais de "mães" e os
sete atributos emocionais de "filhos" é sugerir que deve-se
ver o relacionamento entre as três faculdades intelectuais e os
sete atributos emocionais da alma Divina como sendo similar ao relacionamento
entre pais e filhos. Esta comparação aplica-se à
forma que os atributos emocionais são revelados, e também
à maneira na qual eles são apoiados e continuam a existir.
Embora as qualidades emocionais também sejam encontradas nos animais,
não estão baseadas no intelecto e na lógica. Ao contrário,
são meramente inatos e instintivos. A águia é por
natureza amorosa com seus filhotes, o corvo é inerentemente cruel.
Entre os homens também encontramos disposições similares:
uma pessoa é complacente por natureza; outra é naturalmente
miserável.
Os atributos emocionais da alma Divina, no entanto, não são
ativados pelo instinto, ou pelo fato de serem inatos. São as faculdades
intelectuais que despertam e desvelam os atributos emocionais. Cada tipo
de idéia ou percepção intelectual dá origem
a uma reação emocional correspondente. No campo da santidade,
o valor mais elevado é colocado sobre o amor e reverência
a D’us, que o homem adquire pelo esforço intelectual. Portanto,
para entender como um judeu, pelo esforço intelectual, consegue
despertar em si atributos emocionais positivos, emoções
vindas do reino da santidade, devemos primeiro entender a natureza do
"intelecto" e tudo que ele abrange.
CHaBaD
É explicado nos ensinamentos de Chabad que Chochmá, Bin´å
e Da'at não são termos independentes que expressam funções
individuais na alma do homem. O Tanya declara: "A faculdade intelectual
da alma racional que concebe qualquer assunto é chamado Chochmá
[que é composto de duas palavras] "choch" e "má",
o potencial de "que é" [i.e., pensamento nebuloso, embriônico].
Quando alguém atrai o potencial ao real, ou seja, quando alguém
pondera com seu intelecto [neste pensamento embriônico] a fim de
entender por completo o assunto, e mergulha em suas profundezas enquanto
evolui do conceito que tinha formulado em seu intelecto – isso é
chamado Biná.
A faculdade de Chochmá denota o primeiro ponto básico de
concepção de qualquer assunto intelectual. Manifesta-se
geralmente no homem como o lampejo intuitivo de iluminação
que é o início da revelação intelectual. Como
a pessoa não conseguiu ainda decifrar a idéia, pergunta
a si mesma: "O que é isso? O que significa?" Isso significa
apenas um entendimento superficial de um assunto que a pessoa pretende
aprender bem.
Biná, no entanto, significa o segundo estágio do processo
de pensamento, no qual a pessoa esforça-se para entender clara
e profundamente o lampejo de Chochmá. Nesta fase a pessoa estuda
o assunto a fundo, determinando os detalhes da idéia embriônica,
e elucidando-a por meio de analogias e exemplos, a fim de compreender
todo o assunto claramente. Deveria ser destacado que estas duas faculdades,
Chochmá e Biná, são o "pai e a mãe",
que dão origem aos atributos emocionais. Assim, quando uma pessoa
ativa estas faculdades naquelas áreas de estudo que descrevem a
grandeza do Criador, desencadeia em si mesmo o amor e a reverência
a D’us.
Após a atividade de Chochmá e Biná, a faculdade de
Da'at mescla-se com elas.
Etimologicamente, Da'at significa "apego e vínculo" com
o assunto que a pessoa estuda. Da'at familiariza intimamente a pessoa
com o conceito que ela compreende. Não apenas ele entende a idéia
objetivamente e impessoalmente – ele a vive conscientemente.
Temos tratado aqui do nascimento de atributos emocionais positivos, mas
não nos enganemos a ponto de pensar que estas emoções
já estão presentes em nós. Poderia parecer-nos que
possuímos amor e reverência a D’us, mas esta é
somente a maneira que aparenta. Tais sentimentos poderiam bem ser falsas
ilusões. Às vezes, as emoções de uma pessoa
podem ser realmente despertadas, e apesar disso não ter efeito
algum sobre ele. Tais emoções estão na categoria
de "fantasias vãs", pois não tem benefício
algum para a pessoa. Através do efeito de Da'at, todos os atributos
emocionais positivos de uma pessoa podem tornar-se reais. Podem vir a
realizar-se.
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