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O Tanya - parte 14

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Os Poderes da Alma

A alma possui muitos e variados poderes. O presente ensaio abordará superficialmente o tema dos poderes imanentes da alma (em oposição aos poderes transcendentes da alma, que serão discutidos mais a fundo), que compreende três faculdades intelectuais e sete emocionais. Nas palavras do Tanya, capítulo três: "Estas dez faculdades correspondem às Dez Sefirot Celestiais (manifestações Divinas), das quais elas desceram." Além do fato de que os poderes imanentes da alma se originarem nas dez sefirot, de onde foram extraídos, também estão arranjados em formação idêntica. Além disso, estas duas categorias, as dez sefirot e as dez faculdades da alma, estão divididas em atributos intelectuais e qualidades emocionais, e em ambos os grupos, os atributos intelectuais dão origem aos atributos emocionais. Em muitos outros aspectos, também, os poderes da alma correspondem às Sefirot Celestiais.

Intelecto e Emoções

As três faculdades intelectuais, chamadas ChaBaD (Chochmá (sabedoria), Biná (entendimento) e Da'at (conhecimento), são denominadas as "mães". Os sete atributos emocionais são chamados de "filhos". [Estes estão agrupados juntos como: CHaGaT – chesed (bondade), Guevura (severidade), e Tiferet (beleza ou compaixão), e NeHYM – Netzach (resistência), Hod (esplendor), Yesod (alicerce), e Malchut (realeza)]. O objetivo de denominar as três faculdades intelectuais de "mães" e os sete atributos emocionais de "filhos" é sugerir que deve-se ver o relacionamento entre as três faculdades intelectuais e os sete atributos emocionais da alma Divina como sendo similar ao relacionamento entre pais e filhos. Esta comparação aplica-se à forma que os atributos emocionais são revelados, e também à maneira na qual eles são apoiados e continuam a existir.

Embora as qualidades emocionais também sejam encontradas nos animais, não estão baseadas no intelecto e na lógica. Ao contrário, são meramente inatos e instintivos. A águia é por natureza amorosa com seus filhotes, o corvo é inerentemente cruel. Entre os homens também encontramos disposições similares: uma pessoa é complacente por natureza; outra é naturalmente miserável.
Os atributos emocionais da alma Divina, no entanto, não são ativados pelo instinto, ou pelo fato de serem inatos. São as faculdades intelectuais que despertam e desvelam os atributos emocionais. Cada tipo de idéia ou percepção intelectual dá origem a uma reação emocional correspondente. No campo da santidade, o valor mais elevado é colocado sobre o amor e reverência a D’us, que o homem adquire pelo esforço intelectual. Portanto, para entender como um judeu, pelo esforço intelectual, consegue despertar em si atributos emocionais positivos, emoções vindas do reino da santidade, devemos primeiro entender a natureza do "intelecto" e tudo que ele abrange.

CHaBaD

É explicado nos ensinamentos de Chabad que Chochmá, Bin´å e Da'at não são termos independentes que expressam funções individuais na alma do homem. O Tanya declara: "A faculdade intelectual da alma racional que concebe qualquer assunto é chamado Chochmá [que é composto de duas palavras] "choch" e "má", o potencial de "que é" [i.e., pensamento nebuloso, embriônico]. Quando alguém atrai o potencial ao real, ou seja, quando alguém pondera com seu intelecto [neste pensamento embriônico] a fim de entender por completo o assunto, e mergulha em suas profundezas enquanto evolui do conceito que tinha formulado em seu intelecto – isso é chamado Biná.

A faculdade de Chochmá denota o primeiro ponto básico de concepção de qualquer assunto intelectual. Manifesta-se geralmente no homem como o lampejo intuitivo de iluminação que é o início da revelação intelectual. Como a pessoa não conseguiu ainda decifrar a idéia, pergunta a si mesma: "O que é isso? O que significa?" Isso significa apenas um entendimento superficial de um assunto que a pessoa pretende aprender bem.

Biná, no entanto, significa o segundo estágio do processo de pensamento, no qual a pessoa esforça-se para entender clara e profundamente o lampejo de Chochmá. Nesta fase a pessoa estuda o assunto a fundo, determinando os detalhes da idéia embriônica, e elucidando-a por meio de analogias e exemplos, a fim de compreender todo o assunto claramente. Deveria ser destacado que estas duas faculdades, Chochmá e Biná, são o "pai e a mãe", que dão origem aos atributos emocionais. Assim, quando uma pessoa ativa estas faculdades naquelas áreas de estudo que descrevem a grandeza do Criador, desencadeia em si mesmo o amor e a reverência a D’us.
Após a atividade de Chochmá e Biná, a faculdade de Da'at mescla-se com elas.
Etimologicamente, Da'at significa "apego e vínculo" com o assunto que a pessoa estuda. Da'at familiariza intimamente a pessoa com o conceito que ela compreende. Não apenas ele entende a idéia objetivamente e impessoalmente – ele a vive conscientemente.

Temos tratado aqui do nascimento de atributos emocionais positivos, mas não nos enganemos a ponto de pensar que estas emoções já estão presentes em nós. Poderia parecer-nos que possuímos amor e reverência a D’us, mas esta é somente a maneira que aparenta. Tais sentimentos poderiam bem ser falsas ilusões. Às vezes, as emoções de uma pessoa podem ser realmente despertadas, e apesar disso não ter efeito algum sobre ele. Tais emoções estão na categoria de "fantasias vãs", pois não tem benefício algum para a pessoa. Através do efeito de Da'at, todos os atributos emocionais positivos de uma pessoa podem tornar-se reais. Podem vir a realizar-se.

     
   
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