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Apegando-se
aos Sábios da Torá
Quanto às instruções da Torá, "ama a
D’us, caminha em todos os Seus caminhos, e apega-te a Ele",
a Guemará pergunta: "É possível apegar-se à
Divina Presença, a Shechiná? Certamente a intenção
do versículo é instruir-nos que aquele que casa sua filha
com um sábio de Torá, ou que faz negócios com um
sábio de Torá, ou que usa suas posses para beneficiar um
sábio de Torá, é considerado pela Torá como
se ele se apegasse à Shechiná." (Ketubot 111b).
Rabi Shneur Zalman acrescenta profundidade e uma nova dimensão
à explicação do Guemará sobre a mitsvá
de "apegar-se a Ele." Adiciona uma única palavra –
"ele é considerado pela Torá como se realmente se apegasse
à Shechiná." A inserção dessa palavra
nos dá um entendimento muito diferente deste preceito, como será
explicado.
Porém primeiro, todo o ensinamento que iguala apegar-se a um sábio
de Torá com apegar-se à Shechiná precisa ser esclarecido.
Podemos entender como uma pessoa que se ocupa com o estudo de Torá,
a sabedoria de D’us, é considerada como apegando-se à
Divina Presença. Mas e quanto à pessoa comum, sem conexão
à sabedoria da Torá, à Sabedoria Celestial? Como
podemos dizer que ao apegar-se aos sábios da Torá considera-se
como se ele tivesse se apegado à Shechiná?
Apegando-se à Divina Presença
Das palavras de Nossos Sábios acima citadas, entendemos que um
justo, um tsadic, age apenas como um meio conectando uma pessoa à
Shechiná. Ou seja, aqueles que se apegam a um sábio de Torá
estão conectados com um homem que ele próprio está
conectado com à Divina Presença. Rabi Shneur Zalman, no
entanto, acrescenta a palavra "realmente" – "como
se ele realmente se apegasse à Shechiná", assim destacando
que em virtude de apegar-se a um sábio de Torá, uma conexão
direta é feita entre a pessoa que se apega ao sábio e à
Shechiná. O judeu simples que se apega a um tsadic é tão
elevado por esta conexão que "realmente se apega à
Shechiná." Como isso pode ser explicado?
Este princípio é declarado como uma continuação
do conceito que Rabi Shneur Zalman explicou na primeira metade do capítulo
dois, que todas as almas judaicas juntas formam uma única estrutura
análoga ao corpo humano. Assim como todas as partes do corpo de
um homem – de sua cabeça às unhas dos pés –
derivam sua vitalidade do cérebro enquanto fizerem parte do corpo,
assim também no que diz respeito à comunidade de almas judaicas
acima, Knesset Yisrael.
O propósito da descida da alma a este mundo material é cumprir
a vontade do Criador aqui neste mundo. Existem almas da categoria da "cabeça",
que permanecem não-afetadas e inalteradas por sua descida a este
mundo. E há outras almas que são adversamente afetadas pela
sua descida a este mundo, de forma que é impossível comparar
seu status espiritual do presente com o nível original de suas
almas antes de terem descido.
Quando um judeu simples apega-se a um sábio de Torá, à
"cabeça", ele recebe vitalidade espiritual do sábio,
permitindo-lhe funcionar adequadamente em seu serviço a D’us.
Além disso, o sábio desperta e leva a um estado de revelação
a raiz da alma da pessoa apegada a ele, pois num judeu iletrado a raiz
da alma na Sabedoria Celestial, Chochmá Ila'á, está
oculta. Quando isso acontece, o judeu simples também sente seu
apego à Sabedoria Celestial, e apega-se realmente à Divina
Presença.
Aqueles que se rebelam
E quanto àqueles judeus que não se apegam aos justos e aos
sábios, os "pecadores voluntários e rebeldes contra
os sábios de Torá", como são chamados pelo Tanya,
mas que mesmo assim não se rebelam contra o Eterno, bendito seja,
D’us não o permita? Segundo sua opinião eles estão
conscientes do "endereço" do Eterno, eles próprios,
e não requerem a mediação de um tsadic.
Já explicamos que todo o povo judeu constitui uma única
entidade, cuja estrutura é análoga ao corpo humano. No corpo
humano não é possível que um dos membros ou órgãos
possa decidir que não deseja receber sua nutrição
da cabeça, mas sim de uma fonte diferente. O mesmo conceito se
aplica às almas – seja voluntariamente ou não, as
massas recebem sua nutrição espiritual e vitalidade através
das almas "dos 'cabeças' de Israel em sua geração."
A única área onde há livre arbítrio é
de que maneira esta vitalidade será recebida – se diretamente,
a partir do "semblante", e o aspecto de interioridade, ou indiretamente,
da "parte posterior" e do aspecto de superficialidade.
A influência do tsadic sobre aqueles que se apegam a ele pode ser
comparada a alguém que dá um presente a um amigo –
dá com alegria e prazer visíveis. Isso é análogo
à maneira pela qual um tsadic doa seu ser mais interior àqueles
que se apegam a ele. Em contraste, embora uma pessoa se rebela contra
o tsadic também recebe dele sua nutrição espiritual,
pois o tsadic é o canal para a nutrição da alma também
daquele judeu, apesar disso, é dado a ele numa maneira comparável
a alguém que dá simplesmente a fim de cumprir uma obrigação
– de má vontade e relutantemente.
Este é o significado de dar da "parte posterior", como
alguém que atira um objeto a seu inimigo por cima do ombro. Cada
pessoa pode escolher de que maneira prefere receber a vitalidade de sua
alma.
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