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O Tanya - parte 13

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Apegando-se aos Sábios da Torá

Quanto às instruções da Torá, "ama a D’us, caminha em todos os Seus caminhos, e apega-te a Ele", a Guemará pergunta: "É possível apegar-se à Divina Presença, a Shechiná? Certamente a intenção do versículo é instruir-nos que aquele que casa sua filha com um sábio de Torá, ou que faz negócios com um sábio de Torá, ou que usa suas posses para beneficiar um sábio de Torá, é considerado pela Torá como se ele se apegasse à Shechiná." (Ketubot 111b).

Rabi Shneur Zalman acrescenta profundidade e uma nova dimensão à explicação do Guemará sobre a mitsvá de "apegar-se a Ele." Adiciona uma única palavra – "ele é considerado pela Torá como se realmente se apegasse à Shechiná." A inserção dessa palavra nos dá um entendimento muito diferente deste preceito, como será explicado.

Porém primeiro, todo o ensinamento que iguala apegar-se a um sábio de Torá com apegar-se à Shechiná precisa ser esclarecido. Podemos entender como uma pessoa que se ocupa com o estudo de Torá, a sabedoria de D’us, é considerada como apegando-se à Divina Presença. Mas e quanto à pessoa comum, sem conexão à sabedoria da Torá, à Sabedoria Celestial? Como podemos dizer que ao apegar-se aos sábios da Torá considera-se como se ele tivesse se apegado à Shechiná?

Apegando-se à Divina Presença

Das palavras de Nossos Sábios acima citadas, entendemos que um justo, um tsadic, age apenas como um meio conectando uma pessoa à Shechiná. Ou seja, aqueles que se apegam a um sábio de Torá estão conectados com um homem que ele próprio está conectado com à Divina Presença. Rabi Shneur Zalman, no entanto, acrescenta a palavra "realmente" – "como se ele realmente se apegasse à Shechiná", assim destacando que em virtude de apegar-se a um sábio de Torá, uma conexão direta é feita entre a pessoa que se apega ao sábio e à Shechiná. O judeu simples que se apega a um tsadic é tão elevado por esta conexão que "realmente se apega à Shechiná." Como isso pode ser explicado?

Este princípio é declarado como uma continuação do conceito que Rabi Shneur Zalman explicou na primeira metade do capítulo dois, que todas as almas judaicas juntas formam uma única estrutura análoga ao corpo humano. Assim como todas as partes do corpo de um homem – de sua cabeça às unhas dos pés – derivam sua vitalidade do cérebro enquanto fizerem parte do corpo, assim também no que diz respeito à comunidade de almas judaicas acima, Knesset Yisrael.

O propósito da descida da alma a este mundo material é cumprir a vontade do Criador aqui neste mundo. Existem almas da categoria da "cabeça", que permanecem não-afetadas e inalteradas por sua descida a este mundo. E há outras almas que são adversamente afetadas pela sua descida a este mundo, de forma que é impossível comparar seu status espiritual do presente com o nível original de suas almas antes de terem descido.

Quando um judeu simples apega-se a um sábio de Torá, à "cabeça", ele recebe vitalidade espiritual do sábio, permitindo-lhe funcionar adequadamente em seu serviço a D’us. Além disso, o sábio desperta e leva a um estado de revelação a raiz da alma da pessoa apegada a ele, pois num judeu iletrado a raiz da alma na Sabedoria Celestial, Chochmá Ila'á, está oculta. Quando isso acontece, o judeu simples também sente seu apego à Sabedoria Celestial, e apega-se realmente à Divina Presença.

Aqueles que se rebelam

E quanto àqueles judeus que não se apegam aos justos e aos sábios, os "pecadores voluntários e rebeldes contra os sábios de Torá", como são chamados pelo Tanya, mas que mesmo assim não se rebelam contra o Eterno, bendito seja, D’us não o permita? Segundo sua opinião eles estão conscientes do "endereço" do Eterno, eles próprios, e não requerem a mediação de um tsadic.

Já explicamos que todo o povo judeu constitui uma única entidade, cuja estrutura é análoga ao corpo humano. No corpo humano não é possível que um dos membros ou órgãos possa decidir que não deseja receber sua nutrição da cabeça, mas sim de uma fonte diferente. O mesmo conceito se aplica às almas – seja voluntariamente ou não, as massas recebem sua nutrição espiritual e vitalidade através das almas "dos 'cabeças' de Israel em sua geração." A única área onde há livre arbítrio é de que maneira esta vitalidade será recebida – se diretamente, a partir do "semblante", e o aspecto de interioridade, ou indiretamente, da "parte posterior" e do aspecto de superficialidade.

A influência do tsadic sobre aqueles que se apegam a ele pode ser comparada a alguém que dá um presente a um amigo – dá com alegria e prazer visíveis. Isso é análogo à maneira pela qual um tsadic doa seu ser mais interior àqueles que se apegam a ele. Em contraste, embora uma pessoa se rebela contra o tsadic também recebe dele sua nutrição espiritual, pois o tsadic é o canal para a nutrição da alma também daquele judeu, apesar disso, é dado a ele numa maneira comparável a alguém que dá simplesmente a fim de cumprir uma obrigação – de má vontade e relutantemente.
Este é o significado de dar da "parte posterior", como alguém que atira um objeto a seu inimigo por cima do ombro. Cada pessoa pode escolher de que maneira prefere receber a vitalidade de sua alma.

     
   
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