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A Alma Animalesca
Dentro de todo judeu
habitam duas almas, uma alma animalesca e uma alma Divina. Ao nos apresentar
de maneira geral à alma animalesca, o autor do Tanya apresenta
a última como "originando-se da kelipá e sitrá
achra", como foi explicado no capítulo anterior.
O Eterno, Bendito seja, criou diferentes categorias em Seu mundo. Existem
criaturas que estão incluídas na categoria de santidade,
e aquelas incluídas na categoria oposta. A alma animalesca pertence
à ultima classe.
Aquelas criaturas que não se originam no lado da santidade são
chamadas de "o mundo de kelipot." Esta denominação
não tem a intenção de diminuir ou insultar, mas sim
expressar exatamente a natureza dessas criaturas. Nesta categoria em si,
deve-se assinalar, existem duas divisões: uma compreende aquelas
criaturas que derivam sua existência das três kelipot impuras,
que são completamente más. A segunda divisão compreende
aquelas criaturas que recebem sua força de vida da kelipá
chamada "noga", que também possui algum bem. É
a partir dessa kelipá que a alma animalesca do judeu recebe sua
força vital.
Para ocultar e proteger
Assim como a casca ou a pele impede que se veja o fruto, da mesma forma
o Eterno, Bendito seja, criou forças espirituais no mundo que ocultam
a Divina força vital encontrada em todas as coisas. Estas forças
são as "kelipot", e nessa categoria a alma animalesca
também está incluída.
Superficialmente, o conceito de kelipá parece expressar um fenômeno
completamente negativo. No entanto, está explicado na Chassidut
que os aspectos positivos das kelipot serão revelados quando elas
forem tratadas de maneira adequada. Sim, a kelipá cobre e oculta
o que está dentro dela – mas não devemos nos esquecer
de que esta é a maneira pela qual a casca protege a fruta. Isso
é verdadeiro no mundo físico, e também no mundo das
kelipot espirituais.
No que diz respeito ao microcosmo, o judeu individual, é possível
que sem supervisão especial sua alma animalesca de fato ocultaria
o "fruto" dentro dele, sua alma Divina. Deixada sozinha, a alma
animalesca levaria a pessoa rumo a assuntos mundanos, e a impediria de
aprender Torá e cumprir mitsvot. No entanto, intelectualmente,
o homem pode convencer sua alma animalesca a desempenhar um papel subordinado
ao "fruto". Ele pode convencê-la a investir todos seus
poderes, seus desejos, e sua forte vontade apenas em assuntos de santidade.
Então esta kelipá espiritual protegerá o "fruto"
– ajudará a alma Divina.
As emoções da alma animalesca
Toda alma possui uma variedade de qualidades que a caracterizam. No primeiro
capítulo do Tanya, Rabi Shneur Zalman descreve os traços
de caráter da alma animalesca.
O Rambam, em sua obra Yad ha-Chazaká, escreve que cada criatura
no universo, físico ou espiritual, é um composto de quatro
elementos: Fogo, Água, Ar e Terra. Rabi Shneur Zalman enfatiza
que estes quatro elementos na alma animalesca são a origem dos
maus traços de caráter que aparecem dentre os judeus, cada
traço derivando de seu elemento correspondente que o provoca.
A fúria inflama uma pessoa quando seu coração queima
e se rebela, e o orgulho é o estado de considerar-se superior ao
próximo. Estes derivam "do elemento do Fogo que tende a subir".
Paixão e deleite, ou seja, o apetite para o prazer físico,
é retirado do elemento da Água. Frivolidade, zombaria, gabolice
e conversa fútil derivam do elemento do Ar. Indolência e
melancolia, que se manifestam no peso dos membros, e que produzem apatia
e falta de interesse para progredir na vida, emanam do elemento Terra,
que exibe características similares (não possui em si nenhuma
vida, e é sempre puxada para baixo).
Um aspecto surpreendente deste sistema de pensamento é a declaração
de que não apenas os maus traços de caráter são
armazenados na alma animalesca, como também as qualidades positivas,
tais como compaixão e benevolência. Estas são qualidades
encontradas na natureza inata de cada judeu, e estão inerentes
nele desde o dia em que nasceu. O motivo para a presença destas
qualidades positivas é que a alma animalesca de um judeu deriva
da kelipá noga, que não é totalmente má; ao
contrário, contém algum bem. Do mal contido na alma animalesca
emanam traços negativos de caráter; e do bem da alma animalesca
bons traços de caráter, inerentes a cada judeu, são
revelados.
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