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Definição
e Classificação
Antes que possamos
entender as lições práticas que derivam das declarações
de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, devemos primeiro definir
exatamente estes conceitos. É com este objetivo que o autor do
Tanya dedica a maior parte do primeiro capítulo, onde recebemos
um quadro geral dos diversos níveis de integridade dentro dos quais
as pessoas podem ser classificadas.
A partir desta justaposição de várias declarações
de Nossos Sábios sobre o justo e o perverso, Rabi Shneur Zalman
demonstra que deve ser feita uma distinção clara entre expressões
que retratam o verdadeiro estado de alguma coisa e aquelas expressões
que são simplesmente as maneiras de falar normalmente aceitas.
Em hebraico, há uma clara diferença semântica entre
um termo descritivo que expressa a verdadeira natureza de uma coisa e
um termo emprestado que faz uso figurativo do termo emprestado de seu
uso real. Neste sentido, a palavra "tsadic" é geralmente
usada para descrever qualquer pessoa íntegra que cumpre fielmente
a Torá. E o termo "benoni" é usado a respeito
de recompensa e punição quando referindo-se a uma pessoa
cujos atos e falhas estão igualmente balanceadas. No entanto, o
significado correto destes termos, "tsadic" e "benoni",
é completamente diferente.
Cinco níveis
Segundo a Guemara Berachot há cinco tipos distintos de pessoas:
o justo que prospera; o justo que sofre; o perverso que prospera; o perverso
que sofre; e o intermediário - o benoni. Vemos ainda na Guemara
que a condição material de uma pessoa é um reflexo
e uma expressão de seu status espiritual, pois o sucesso do judeu
na vida é determinado em grande parte por sua conduta espiritual.
Fica claro, portanto, que um justo que prospera e um justo que sofre não
possuem a mesma estatura espiritual. O justo que prospera no mundo material
é um perfeito tsadic, e o justo que sofre no mundo material é
um tsadic imperfeito.
A Ra'aya Mehemna (seções do Zohar atribuídas a Moshê
Rabeinu, que é chamado ra'aya mehemna - "o fiel pastor"
- ensina que uma pessoa é definida e classificada segundo seu estado
interior de alma. Isso implica que as expressões "prospera"
e "sofre" também descrevem o nível espiritual
de uma pessoa. Ora, o princípio fundamental enfatizado no Tanya
é que todo judeu possui duas almas: uma "alma Divina"
e também uma "alma animalesca", que deve ser limpa e
purificada e elevada à santidade. O perfeito tsadic cujo amor a
D'us é absoluto (pois ele atingiu o nível de ahava beta'anugim
- "deleite amoroso") conseguiu transformar todos as forças
de sua alma animalesca em bem e santidade. É por este motivo que
ele é chamado tsadic v'tov lo, literalmente, um tsadic no qual
existe [apenas] o bem, significando que nenhum traço do mal está
presente nele. Em contraste, um tsadic incompleto, cujo amor a D'us não
é absoluto, é chamado tsadic v'ra lo, em quem existe um
vestígio do mal, derivando de sua alma animalesca. Ele ainda não
completou sua missão, de limpar e purificar a alma animalesca e
elevá-la totalmente à santidade. Sim, "o mal que existe
nele está subjugado pelo bem", e não tem efeito sobre
ele como tem sobre o perverso ou sobre a pessoa intermediária;
mesmo assim, de fato, o mal ainda não desapareceu completamente
deste tsadic.
As inclinações como juízes
A fim de dar uma idéia mais ampla dos vários níveis
de integridade, Rabi Shneur Zalman cita a declaração de
Nossos Sábios a respeito do homem e suas inclinações:
"Os justos são julgados por seu yetzer tov, sua boa inclinação;
os perversos são julgados por seu yetzer hará, sua má
inclinação; e os intermediários são julgados
por ambos." A razão pela qual o autor cita esta declaração
é clara: o funcionamento das inclinações do homem
serve como um fator importante no estabelecimento da natureza de uma pessoa.
Vale a pena enfatizar que estas inclinações não coagem
e dominam o homem. São como um magistrado ou juiz, que apenas expressa
uma opinião e oferece conselhos, sabendo que seus colegas podem
contestar sua opinião. O veredicto final será de acordo
com as palavras do árbitro. Ao caracterizar as inclinações
como juízes, os Sábios do Talmud fornecem um maravilhoso
critério para avaliar o status espiritual do homem.
"Os justos são julgados pela sua boa inclinação":
O tsadic trabalhou em si mesmo com tanto sucesso que a má inclinação
não aparece nem mesmo como conselheira.
"Os perversos são julgados pela sua má inclinação":
Além das transgressões que o perverso cometeu, também
é aconselhado somente pela sua má inclinação.
"Os intermediários são julgados por ambos": O
único a mandar no benoni é a boa inclinação,
de modo que, no que tange às suas ações, o intermediário
não comete pecados. Embora a má inclinação
expresse sua opinião, mesmo assim o benoni a deixa de lado e não
permite que ela o domine, nem sequer por um único momento.
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