Alívio para a ansiedade - parte 28
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Suavizando o subconsciente

O terceiro estágio é a habilidade de suavizar a ansiedade, articulando-a e discutindo-a com outra pessoa.

Este estágio é mencionado alegoricamente na profecia de Yechezkel (Ezekiel). Ao descrever o Templo que será reconstruído como o centro de Jerusalém na Era Messiânica, o profeta descreve uma fonte extraordinária, cujas águas fluirão para fora da câmara interior do Templo. A água se transformará num rio poderoso e adoçará (ou seja, tornará potável) toda a água salgada do mundo. Árvores crescerão às margens deste rio, e todos os frutos destas árvores serão para alimento, e suas folhas para o descanso curativo. (Yechezkel 47:12).

Descanso curativo é o relaxamento que fornece alívio das tensões e pressões que acompanham os temores e ansiedades. Quando a pessoa é aliviada deste atrito, o fluxo adequado é restaurado, tanto no sistema psicológico do corpo quanto no físico. O relaxamento é assim a condição imprescindível da saúde física e mental. Parte deste processo de relaxamento é, naturalmente, a permissão psicológica concedida à pessoa para expressar-se livremente e liberar suas preocupações e temores. Este processo, em última instância, leva à sua cura psicológica.

A fonte deste descanso curativo na imaginação da profecia de Yechezkel é a folha. Uma folha, quando comparada à própria árvore ou a seu fruto, é de importância secundária, um pequeno detalhe que muitas vezes não é valorizado, embora realize a função vital da fotossíntese. De forma semelhante, geralmente ignoramos nossa mente subconsciente e prestamos pouca atenção à maneira crucial pela qual ela afeta nossa vida. A folha é, portanto, uma metáfora apropriada para o subconsciente.

A folha, o inconsciente, encerra a chave da suprema cura da psique. No futuro, as folhas se tornarão comestíveis, como frutas. Com a completa transformação do mal em bem, o subconsciente será capaz de expressar-se por inteiro. Todas as restrições e cautelas rodeando sua articulação serão relaxadas.

O início do Livro de Tehilim (Salmos) também faz uso da imagem da folha no contexto da árvore à qual está ligada (Tehilim 1:1-3):

"Feliz é o homem que não seguiu o conselho do perverso... Mas sim deseja [apenas] a Torá de D'us... Ele será como uma árvore plantada junto às correntes de água, que produz seus frutos na estação correspondente, e cuja folha nunca murcha, e tudo o que ele faz prosperará."

Aqui o indivíduo justo é comparado a uma árvore plantada ao lado da água que dá a vida. A folha que não murcha é seu subconsciente, que foi articulado e suavizado. Isso foi conseguido após as fases de submissão (não seguindo o conselho do perverso: distanciando-se da negatividade) e separação (desejando e estudando a Torá de D'us).

Conta-se que o Báal Shem Tov, quando ainda era criança, reconheceu a providência de D'us sobre todas suas criaturas ao observar como uma folha era carregada pelo vento ao longo do solo. Prestando atenção e tomando nota de um fator aparentemente insignificante no grande esquema da criação, ele discerniu a verdade que se tornaria a pedra fundamental de seu sistema teológico. Este sistema está baseado na existência, desenvolvimento e conexão do vínculo extra-consciente entre o homem e D'us.

Num estilo similar, nossos Sábios usam a metáfora da folha para simbolizar a conversação trivial dos eruditos de Torá. Em contraste com a tagarelice mundana dos incultos, a conversação mundana de alguém que está repleto de sabedoria da Torá é por si mesma uma lição sobre como viver santamente, e chega a ser considerada um assunto merecedor de estudo. As lições de vida que emergem na conversação trivial do erudito de Torá refletem a forma pela qual ele retificou sua mente subconsciente. Ao absorver as atitudes expressas por suas palavras, a pessoa comum pode aproveitar alguma coisa de sua visão positiva e construtiva sobre a vida. Como tal, sua conversação mundana, sua folha, pode servir como uma fonte de otimismo e cura para a pessoa comum.

     
   
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