Alívio para a ansiedade - parte 27
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Separação como a chave para a suavização

A constante conscientização de D'us, mesmo quando desfrutando dos prazeres de Seu mundo, é atingível somente depois que o trabalho de separação foi completado. Através de seu desejo de repelir as amarras deste mundo e apegar-se somente a D'us, e pela aderência estrita à Torá e aos mandamentos de D'us, a pessoa liberta-se com sucesso de sua escravidão à gratificação sensual. Assim que a pessoa tenha vivenciado o bom sentimento e o verdadeiro deleite de ficar perto de D'us, as tentações deste mundo não mais a impressionam. Não se sente mais compelido a empenhar-se para obtê-los e se comprazer com eles. Quando o indivíduo que atingiu este nível de maturidade espiritual consente em algum deleite físico, assim o faz de modo essencialmente liberado. Ele sente o prazer como puro e não adulterado, ao invés do preenchimento de algum vazio ou necessidade artificial. Mais importante, como ele de forma alguma é cativo do prazer com o qual é indulgente, ele pode associar-se livremente e vivenciá-lo no contexto de sua conexão geral e sua consciência sobre D'us.

Durante o estágio de separação, o indivíduo não articula o mal oculto dentro dele para ninguém mais, mas ao contrário, tenta da melhor forma ignorá-lo e não pensar a respeito dele. Em contraste, durante o período de suavização, uma vez que se tenha divorciado de sua identificação antiga com suas neuroses e se libertado da idéia errônea de que estas neuroses formam a essência de sua psique, a pessoa pode desabafar com seu confidente e revelar-lhe todos seus problemas, enquanto tenta lidar com eles. Por todo o tempo que durar o estágio da separação, falar do mal é por si mesmo mal, segundo o dito de nossos Sábios, que a pessoa jamais deve concluir que é má. No estágio de suavização, a pessoa pode entrar em sua própria área má e discuti-la a fim de suavizá-la. Aqui, a permissividade é a permissão para discutir o que anteriormente era tabu.

O desejo de suavizar imediatamente a realidade, sem separá-la (ou subjugá-la) primeiro, lembra o pecado dos judeus no deserto, que tentaram prosseguir rumo à terra prometida mesmo depois que D'us lhes disse que estavam condenados a vagar no deserto por quarenta anos (Bamidbar 14:40-45). Moshê advertiu-os que D'us não estaria com eles, e de fato, eles foram logo derrotados em batalha pelas nações inimigas que se opunham a seu caminho.

A impetuosidade é a raiz de muitos pecados descritos na Torá, até mesmo, às vezes, aqueles de indivíduos íntegros e puros. O desejo psicológico de forçar descuidadamente em direção ao fim origina-se na mesma falta de habilidade em lidar com o mal que motiva a pessoa a empurrar (reprimir) seu mal interior de volta a seu subconsciente. Quando a pessoa sente-se ameaçada pelo mal dentro de si, sente-se pressionada, ou a reprimi-lo (e desta forma evita o processo de separação) ou a fingir que ele não existe (e assim prosseguir prematuramente ao processo de suavização).

     
   
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