Alívio para a ansiedade - parte 19
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Separação: ignorando a ansiedade

A fase de separação da terapia é aquela na qual a pessoa ignora suas ansiedades, problemas ou maus pensamentos que o incomodam, e o substitui com pensamentos positivos. Esta fase é necessária para que ocorra a fase final, que é a articulação e discussão do problema através das quais o problema pode ser curado e retificado de uma só vez.

A fim de relacionar-se a algo com objetividade e analisá-lo verdadeiramente, a pessoa deve primeiro ser liberada de suas amarras subjetivas a isso. Quando um judeu concentra-se em algum conceito da Torá, incluindo assuntos teológicos como a natureza de D'us, etc., está criando um ponto de vantagem abstrato, a partir do qual pode assumir um relacionamento imparcial com seus próprios problemas e complexos.

É de fato explicado longamente no pensamento chassídico que a capacidade do judeu de retificar o mundo e transformá-lo numa morada para D'us depende de sua capacidade de sentir que ele próprio não está sujeito às restrições e limitações inerentes ao mundo. O distanciamento é um pré-requisito para a influência. Quando a pessoa se sente afastada do mundo desta forma, como um estrangeiro num país estranho, pode enxergar o mundo objetivamente para ver o que precisa ser reparado e, em maior ou menor grau, como repará-lo. Sem este distanciamento, ele mesmo fica como que preso na falta de Divindade e nas leis naturais do mundo. Dessa maneira, antes de passarmos ao estágio de suavização, quando então o ofuscamento da Divindade que informa este mundo for finalmente transformado na Divina revelação que deveria ser, devemos primeiro passar pelo estágio da separação.

É tentador pensar que esta fase de separação na psique começa apenas quando a pessoa começa a estudar Torá. Ele está agora, então, aprendendo como distinguir entre o bem e o mal. Entretanto, a verdade é que a fase da separação começa muito antes disso, praticamente desde o nascimento.

A Torá ordena que todo judeu do sexo masculino seja ritualmente circuncidado, oito dias após o nascimento. As mulheres são consideradas como circuncidadas de nascença, ou seja, a mulher possui seja qual for a plenitude espiritual que o homem adquire através da circuncisão assim que nasce.

A circuncisão significa que o prepúcio interposto entre o homem e o mundo fora dele é um defeito espiritual que necessita ser removido. Este defeito é, por um lado, a elevada sensualidade do prepúcio, juntamente com sua insensibilidade inata do outro. A presença do prepúcio torna as relações sexuais mais agradáveis fisicamente, mas também distancia o indivíduo dos sentimentos da parceira. É, portanto, a manifestação física tanto do desejo egoísta e sensual, como do egocentrismo inato. Se for deixado, tornar-se-á a raiz de todos os males que podem perturbar uma pessoa na vida. A circuncisão é o ato de dessensibilizar uma pessoa à própria luxúria por prazer, e sensibilizá-la aos sentimentos dos outros.

Isso obviamente não quer dizer que um homem circuncidado ou uma mulher sejam imunes ao ego e à lascívia. Uma pessoa pode, é claro, readquirir seu egocentrismo e luxúria, seja através de influências externas ou com a voluntária identificação com sua natureza animal. Isso é chamado empanar ou danificar o pacto da circuncisão. Mas o fato de a pessoa ter sido circuncidada quando bebê (ou ter nascido circuncidada, como é o caso da mulher) lhe dá a capacidade, durante toda sua vida, de retificar fundamentalmente e suavizar seu subconsciente, se pelo menos fizer um esforço nesse sentido. Sua circuncisão é sua força para revelar as profundezas obscuras e ocultas de sua alma numa confissão sincera a um confidente. Isso ocorre porque livrou-se de grande parte da concha de egocentrismo, tornando-lhe possível atingir uma visão objetiva de seus próprios problemas.

     
   
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