O Mistério do Casamento - parte 5
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Lembrando a raiz da alma comum

Embora encontrar a alma gêmea e relacionar-se com ela dessa forma não seja assunto simples, há épocas propícias para identificá-la (i.e., "lembrar" dela em sua raiz comum).

A primeira destas é Rosh Hashaná, o primeiro dia do ano judaico. Adam e Eva foram criados em Rosh Hashaná; nossos Sábios ensinam que eles foram criados como pessoas de vinte anos de idade (Bereshit Rabá 14:7). No dia em que foram criados, D'us levou-os ao Jardim do Éden, que havia preparado como uma expansão do pálio nupcial. Rosh Hashaná é dessa maneira o aniversário do homem e seu aniversário de casamento.

Referimo-nos a Rosh Hashaná em nossas preces como Yom Hazicaron, geralmente traduzido como "O Dia da Recordação," mas que literalmente significa "O Dia da Memória." Rosh Hashaná é o dia do julgamento. D'us não apenas lembra-Se de nós ao julgar-nos como somos neste mundo, mas também lembra-Se de nós como éramos antes que nossa alma descesse em nossos corpos, quando eram "uma verdadeira parte do D'us acima." Isso desperta Sua misericórdia sobre nós, pois nossas almas desceram de tais alturas para tais profundezas.

Visto que o mundo está continuamente sendo criado e sustentado a partir da consciência de D'us, em Rosh Hashaná uma pessoa também é capaz de lembrar (i.e., sentir) sua origem na luz infinita de D'us. Esta origem é a raiz da alma comum que compartilha com o cônjuge.

Além de Rosh Hashaná, o aniversário coletivo da humanidade, a alma-raiz de uma pessoa (mazal) é especialmente acessível em seu aniversário pessoal. O aniversário de alguém é, assim, outra ocasião propícia para identificar (i.e., "lembrar") a alma gêmea da pessoa.

Uma terceira vez é o aniversário de casamento da pessoa. Sob a canópia nupcial, a alma-raiz de um casal reluz com toda sua força, e atrai bênçãos e consciência Divinamente inspirada (i.e., memória) de sua unicidade essencial. O aniversário de casamento da pessoa é portanto um tempo auspicioso para que o casal se lembre de sua raiz da alma comum.

Finalmente, "não havia dias mais jubilosos em Israel que o Quinze de Av e Yom Kipur, pois nestes dias as filhas de Jerusalém... saíram e dançaram nas vinhas, dizendo: "Jovem! Levante seus olhos e veja o que vai escolher..." (Talmud Ta'anit 26b). Estes dois dias são particularmente propícios para a formação de casais.

Estes dias, então, são os mais apropriados para se lembrar tanto da origem da alma individual da pessoa como da alma raiz que a pessoa compartilha com o cônjuge.

Para "recordar", a pessoa medita sobre o fato de que a fonte da sua alma é "uma verdadeira parte do D'us acima," percebendo assim os grandes recursos e potencial que possui, muitos dos quais ainda estão intocados. A pessoa desta forma adquire a máxima consciência de sua tarefa comum na terra e a força espiritual para "escolher a vida" (Devarim 30:19) na progressão inabalável em direção a seus objetivos.

Na vida cotidiana, esta memória é refletida nas esperanças compartilhadas por um casal e seus planos para o futuro, bem como para sua família próxima ou expandida (e na verdade, por todos aqueles sobre os quais eles tenham uma influência positiva).

Isto sugere, também, que o critério mais importante para a escolha da alma gêmea (i.e., aquela que mais identifica, embora indiretamente, a possessão de uma raiz da alma comum), é: nós nos esforçamos do mesmo modo para realizar os mesmos ideais? Os possíveis parceiros deveriam simplesmente procurar por um senso comum de afinidade mútua e atração, juntamente com metas e ideais compartilhados na vida. Quando eles conversam sobre o futuro em comum que visualizam construir, ou seus ideais e objetivos comuns na vida, cada um deve ficar entusiasmado pelo que o outro diz.

"Unicidade" em seu passado, presente e futuro é portanto o que define um casal verdadeiramente predestinado (bashert). Compartilham a mesma raiz da alma (o passado), metas em comum (o futuro), e sempre (no presente) lembram-se de sua mesma origem ao prosseguirem rumo a seu objetivo comum.

     
   
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