Amor - A Força Criativa da Alma - Parte 2
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A habilidade de se comunicar

Quando o amor flui como a água, a habilidade de se comunicar pode ser revelada em sua totalidade. A capacidade de se expressar está em proporção direta à quantidade de amor doada ou retida. Na Cabalá e na Chassidut, o fluxo livre de expressão é chamado "redenção" e o bloqueio ou a falta daquela habilidade é o "exílio".

Três exemplos desta dinâmica são vistos no pecado de Adão e Eva, Yossef e seus irmãos e no Seder de Pêssach.

O Midrash relata que, embora Adão e Eva amassem um ao outro, seu relacionamento era repleto de inveja mesquinha e suspeitas. Por causa disso, Adão não foi capaz de comunicar corretamente a ordem de D'us, de não comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, e adicionou a ela a proibição de tocá-la também. Como conseqüência, a serpente empurrou Eva para a árvore e tentou-a, dizendo que, assim como nada lhe acontecera por tocar a árvore, também nada lhe aconteceria se comesse o fruto. Isto levou-a a comer da árvore e à subseqüente "exílio" do Jardim do Éden.

Após Yossef relatar seus sonhos aos irmãos, a Torá declara: "e os irmãos odiaram Yossef e não conseguiam falar pacificamente com ele." (Bereshit 37:4). Sua falta de habilidade de se comunicar, nascida do ódio, provocou não apenas o rebaixamento de Yossef a escravo no Egito, como também o próprio exílio deles.

A Hagadá de Pêssach, a festa da liberdade, representa a retificação da comunicação, e celebra nossa redenção do exílio no Egito. A palavra Hagadá significa "relato". Na noite do Sêder, geração após geração de judeus sentaram-se juntas como famílias e contaram a história do exílio e redenção, e sua relevância nos dias de hoje. Nenhuma noite no calendário judaico deixa uma impressão mais forte sobre as crianças, quando elas recebem a tradição passada amorosamente pelos mais velhos. Embora o nome hebraico desta data festiva, Pêssach, traduzido literalmente signifique "saltar", ou "passar por cima", é explicado homileticamente para que signifique "a boca fala" (pe-sach). Após vivenciar o isolamento, a solidão e depressão numa base individual, ou a opressão num nível político, a liberdade de se comunicar é um salto estimulante das trevas à luz, do exílio à redenção.

     
   
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