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Rabi
Yossef Caro – 5248-5335 (1488-1575)
Rabi Yossef Caro é mais conhecido como autor do Shulchan Aruch,
o Código da Lei Judaica. Nasceu em Toledo, Espanha, durante os
anos da Inquisição, e fugiu daquele país aos 4 anos,
juntamente com sua família e milhares de judeus que foram banidos
da Espanha em 5252 (1492). Sua família vagou de cidade em cidade,
de país em país, não encontrando um abrigo seguro,
até que se estabeleceram em Constantinopla (Kushta) na Turquia.
Yossef a princípio foi educado por seu pai, Rabi Ephraim, um erudito
por direito próprio, que mais tarde foi designado Rabino Chefe
de Nikopol, Bulgária. Mais tarde Rabi Yossef citaria muitos ensinamentos
que ouvira do pai. Após o falecimento do seu pai, ele foi criado
na casa do tio, Rabi Yitschac Caro, que o adotou como filho. Ele logo
percebeu que Yossef estava destinado a ser notável, e mesmo numa
tenra idade era considerado um grande sábio e muitos o procuravam
em busca de regras haláchicas.
Ele finalmente se mudou de Constantinopla para Adrianople, onde desposou
a filha de um erudito chamado Rabi Chaim ibn Albalag. Ele logo estabeleceu
um Bet Midrash em Adrianoplem e aos 34 anos começou a escrever
seu monumental comentário Beit Yossef sobre todo o Arbaah Turim.
Juntamente com sua assiduidade no estudo de Torá, Rabi caro viveu
uma espécie de vida ascética, de numerosos jejuns e auto-flagelação.
Foi em Adrianople que ele conheceu o cabalista Rabi Shlomo Molcho, que
foi queimado na estaca pela igreja por suas "crenças hereges".
Rabi caro foi bastante afetado pela personalidade carismática de
Rabi Shlomo e chegou a expressar o desejo de morrer da mesma maneira –
al Kidush Hashem (como um sagrado mártir). Foi ali, também
que Rabi Yossef conheceu Rabi Shlomo Alkabetz, autor do hino místico
Lecha Dodi. É possível que um deles tenha introduzido Rabi
Yossef no estudo da Cabalá. Depois do falecimento, ainda jovem,
de sua primeira esposa, ele casou-se com a filha de Rabi Yitschac Sabba.
Por um breve período ele morou em Nikopol, Bulgária, mas
decidiu mudar-se para a Terra Santa, para poder imergir em sua santidade
e completar suas obras escritas.
De passagem por Salonica, ele conheceu o grande cabalista Rabi Yossef
Taitazak. Continuou sua viagem para a Terra Santa via Egito, e terminou
por fixar-se em Safed. Ele foi logo designado como membro da corte rabínica
da cidade, no Beit Din do famoso Rabi Yaacov Beirav. Quando este último
instituiu novamente a semicha (ordenação rabínica
oficial) que tinha estado suspensa por maos de 11 séculos, Rabi
Yossef foi um dos primeiros que ele ordenou. Aqui, também, Rabi
caro estabeleceu uma yeshivá e ensinou Torá a dezenas de
estudantes ávidos. Dentre os alunos mais faosos de Rabi Caro estavam
o famoso darshan (sermonista) Rabi Moshe Alshich, o cabalista Rabi Moshe
Galanti e o renomado cabalista Rabi Moshe Cordovero (o Ramak). Quando
Rabi Yaacov Beirav, o sábio liderante de Safed, faleceu, Rabi Yossef
Caro foi considerado seu sucessor, e ele e Rabi Moshe de Trani (o Mabit)
lideraram a Corte Rabínica de Safed. Na verdade, a esta altura,
a Corte Rabínica de Safed tinha se tornado a corte rabínica
principal de toda Israel, e tambémd a Diáspora. Assim, não
havia um único assunto de importância nacional ou global
que não chegasse à atenção e resolução
do Beit Din de Safed. Suas leis eram aceitas como definitivas e conclusivas,
e as decisões e esclarecimentos haláchicos de Rabi Yossef
eram procurados por sábios vindos de todos os cantos da Diáspora.
Ele chegou a ser registrado como líder de toda a geração.
Embora ele raramente tocasse em assuntos e costumes cabalistas em seus
escritos legais, Rabi Yossef Caro mesmo assim se envolveu com o estudo
da Cabalea. Juntamente com seu amigo Rabi Shlomo Alkabetz, ele começou
a explicar algumas das passagens mais difíceis do Zohar.
Em sua famosa obra cabalista Pardes Rimonim, R. Moshe Cordovero cita diversos
ensinamentos cabalistas inovadores de Rabi Caro, que era seu mestre nos
ensinamentos revelados da Torá. Num dramático testemunho,
Rabi Shlomo Alkabetz declarou que em Salonica, Rabi Yossef tornou-se um
daqueles raros indivíduos que mereceram ser instruídos por
um maguid – um pregador itinerante que lhe revelou muitos dos ensinamentos
cabalistas. O maguid exortou Rabi Yossef a santificar-se e purificar-se,
e ele revelou a ele eventos que ocorreriam no futuro. Deve-se registrar
que em Shaarei Kedusha, Rabi Chaim Vital explica que a visitação
por um maguid é um forma de inspiração Divina (Ruach
HaKodesh). Os ensinamentos do maguid estão registrados em sua obra
intitulada Maguid Meisharim, embora o Chida (Rabi Chaim David Azulay)
registre que somente a 50ª parte do manuscrito chegou a ser publicada
(veja Obras).
No entanto, em diversos locais em Maguid Meishatim é declarado
que "Eu sou a Mishná que fala em sua boca", indicando
que a própria Torá Oral (da qual a Mishná é
parte fundamental) falou com ele. (No entanto, estas duas explicações
não são necessariamente contraditórias – pelo
mérito da Mishná que Rabi Caro revisava constantemente,
ele foi digno de ter um maguid). O maguid prometeu-lhe que ele teria o
mérito de estabelecer-se em Israel, e esta promessa foi cumprida.
Outra promessa, que ele mereceria morrer como mártir santificando
o Nome de D’us como Rabi Shlomo Molcho tinha merecido, não
ocorreu por um motivo não especificado.
Os ensinamentos cabalistas encontrados nas Meisharim Maguid de Rabi Yossef
são no estilo da Cabalá de Rabi Moshe Cordovero, em vez
de no estilo de Rabi Yitschac Luria (o Arizal). Apesar disso, Rabi Chaim
Vital, o discípulo chefe do Arizal, louvou a grandeza de alma de
Rabi Yossef, dizendo que brotava da alma do grande Tanna Rabi Yehuda bar
Ila’i e tinha afinidade com as almas de Rabi Shlomo ben Aderet (o
Rashba), Rabi Aharon HaLevi (o Raah) e Rabi Vidal de Toulouse, autor da
Mishná Maguid, um importante comentário sobre a Mishnê
Torá de Maimônides. Em 5324 (1564 EC), a segunda esposa de
Rabi Yossef, que tinha lhe dado seu filho Shlomo, faleceu.
Seguindo o dito dos Sábios, que um homem não deve viver
sem uma esposa, ele casou-se novamente, apesar da idade. Sua terceira
mulher era a filha de Rabi Zecharia ben Shlomo Zavasil Ashkenazi, um dos
sábios de Jerusalém. Quando ele estava em sua 9ª década
de vida, sua esposa lhe deu outro filho, Yehuda. Rabi Yossef continuou
a preocupar-se com o estudo de Torá e a escrever obras importantes,
cumprindo suas obrigações como líder da Corte Rabínica
em Safed, até o fim de sua vida extremamente produtiva.
Ele passou para o Mundo da Verdade a 13 de Nissan de 5335 (1575 EC), aos
87 anos. Sua perda foi pranteada por todo o mundo judaico. O autor de
Shenei Luchot HaBrit, Rabi Yeshayahu Horowitz, 5320-5390 (1560-1630),
o Shelah HaKadosh, escreve que numa noite de sexta-feira, Rosh Chodesh
Cheshvan de 5365 (1605), Rabi Yossef, trinta anós após o
seu falecimento, apareceu num sonho para um certo sábio que morava
em Safed. Ele relatou que viu Rabi Yossef "sentando num trono majestoso
na presença de incontáveis rabinos de fama mundial. Seu
rosto reluzia como o brilho do céu…e ele ensinava as meditações
aplicáveis à kedushá." |