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Porção desta semana da Torá, Vayishlach, começa:
"E Yaacov enviou anjos antes dele, para saudar Essav, seu irmão."
Yaacov confiou aos anjos uma mensagem: "Im Lavan garti – Passei
um tempo com Laban." Nestas palavras, Yaacov resumia a atitude que
tivera para com Laban, durante seus anos em Charan: "garti –
passei um tempo" – i.e., fui apenas um hóspede temporário,
e nunca fiquei completamente à vontade.
Para Yaacov, os assuntos mundanos desde mundo eram irrelevantes, afastados
de seu verdadeiro eu e de suas preocupações. Na família
de Laban Yaacov era como um estranho que estava apenas de passagem. Seu
interesse não estava na busca de riqueza ou bens materiais. Ao
contrário, o verdadeiro "lar" de Yaacov era no âmbito
da alma, no estudo de Torá e no cumprimento das mitsvot (mandamentos).
Yaacov só se sentia em casa, realmente à vontade e confortável,
quando estava envolvido no serviço de D’us.
A Torá declara: "Ele construiu para si uma casa, e para seu
rebanho fez cabanas."
"Para si mesmo" seu verdadeiro eu, Yaacov construiu uma casa
– uma moradia permanente. Para seu "rebanho", suas posses
materiais, Yaacov fez cabanas – conferindo-lhe apenas importância
secundária, como uma sucá que é projetada somente
para residência temporária.
Sob esta ótica, podemos entender melhor a explicação
de Rashi, o destacado comentarista de Torá, sobre o versículo
"Passei algum tempo com Laban": "E cumpri os 613 mandamentos."
Em letras hebraicas, o número 613 é escrito taf, reish,
yud gimmel – as mesmas letras que formam a palavra "garti"
– hospedei-me. Yaacov estava informando a Essav que apesar de sua
prolongada estadia na casa de Laban, ele conseguira cumprir todas as mitsvot
da Torá. Como?
Relacionando-se com o mundo físico e com Laban como sendo apenas
temporários e transitórios.
O Maguid de Mezeritch costumava dizer: "Em casa, é diferente."
O lar de uma pessoa é seu castelo; um lar deve conter todas as
comodidades da vida. Quando uma pessoa viaja, no entanto, não tem
tanta importância se sua habitação temporária
é lindamente mobiliada, pois o tempo que passa ali é mínimo.
O povo judeu no exílio está apenas "na estrada".
Não estamos ainda em nosso verdadeiro lar, somos mais como estrangeiros
numa visita temporária a um país estranho. Toda nossa experiência
em exílio é expressa na mensagem de Yaacov a Essav: "garti
– Sou apenas um hóspede."
A estrada que percorremos agora é a estrada para a Redenção
Final, que, para o judeu, representa a verdadeira vida. Nos Dias de Mashiach,
estaremos finalmente "em casa", em nossa moradia permanente,
ocupados com nossa verdadeira tarefa de servir a D’us. De fato,
ao nos relacionarmos com o mundo físico e seus assuntos tendo isso
em mente, apressamos a Redenção, que venha imediatamente. |