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  Viciada … em Shabat  
 
por Chaya Blitzer – de N'Shei Chabad Newsletter.
 

Talvez o Shabat devesse ter uma etiqueta de advertência (obedecendo as "leis da embalagem").
"CUIDADO! Cumprir este mandamento pode provocar hábito!" Bem, o Shabat passou a ser "formador de hábito" para mim (como tenho certeza que aconteceu com muitos outros).
Observar as "leis e regulamentos" do Shabat não foi algo em que eu mergulhasse de uma vez. Primeiro, experimentei só um pouquinho: como até então eu jamais guardara o Shabat, primeiro me comprometi a não fazer compras ou lidar com dinheiro.

Decidi também que, sempre que possível, faria uma caminhada no Shabat, admirando a beleza das criações de D’us. No outono, a doçura das folhas revestidas de ouro e carmim atapetando as ruas. O inverno trouxe consigo o branco na paisagem. A primavera exibiu a maravilha do verde e a volta das flores, e as caminhadas do Shabat no verão trouxeram um calor maravilhoso e o esplendor do sol.

Eu podia ver e sentir o impacto de D’us em toda parte – no rosto de uma criança, no sorriso de um velho. Portanto, resolvi continuar com a experiência, e me senti bem.

Como tudo dava certo, decidi ir um pouco mais além; fazer do Shabat um dia de reflexão e estudo.
Além de estudar os textos tradicionalmente lidos no Shabat, deliciei-me com leituras específicas, como as palestras do Rebe – uma fascinante amplitude de discursos sobre uma miríade de tópicos religiosos. Ou então estudava a Ética dos Pais, o Mishlê ou o Livro de Tehilim.

Esta regeneração de minha alma e espírito era feita com tanta calma e paz, que passei a esperar o Shabat com ansiedade cada vez maior.

Lembro-me de uma semana especialmente estressante e difícil, repleta de problemas e tensão. Vários dias antes do Shabat, percebi que estava ansiando por sua paz total e tranqüilidade. Mal podia esperar a chegada do Shabat. Conforme a tensão da semana se intensificava, comecei a visualizar a chegada do Shabat, como eu acenderia as velas resplandecentes, e a profunda paz que cairia sobre mim. Aquilo pareceu envolver-me durante a quinta e a sexta-feira.

O que me mantinha calma era o maravilhoso pensamento que, assim que o Shabat viesse, seria como uma fortaleza protetora que nenhum pensamento perturbador, telefonemas ou correspondência poderia penetrar para abalar aquela perfeita tranqüilidade.

Naquela sexta-feira, corri para casa, ansiosa em preparar-me para o Shabat. Eu quase podia sentir a paz e a calma ao entrar em casa. Após os preparativos, recitando a prece e acendendo as velas, saudei o Shabat e o Shabat "me saudou" com seus braços confortantes. A "fortaleza" estava completa, e encontrei a paz mais profunda que jamais sentira.

D’us tinha me concedido um refúgio em meu próprio lar. Além disso, eu realmente acreditava que D’us tinha me dado aquela semana tão perturbadora para que eu pudesse apreciar a maravilhosa paz e a tranqüilidade trazidas pelo Shabat. D’us criou a noite para que pudéssemos dar valor à luz. Às vezes precisamos de contrastes para aprendermos a prezar as coisas importantes na vida.

Numa interessante palestra a que compareci, proferida pela artista internacionalmente aclamada Ilana Harkavy, aprendi que como uma Baalat Teshuvá, ela também passara a apreciar o Shabat.
Relatou-nos que este dia "recarregava suas baterias", e durante uma semana agitada, ela consegue tolerar qualquer quantidade de fadiga, pois espera ansiosamente pelo Shabat.
Minha semana repleta de tensão foi uma ocasião decisiva para mim, pois eu me tornara realmente uma 'viciada no Shabat". Eu esperava mais e mais ansiosamente por ele, e conseguia tolerar uma quantidade maior de problemas com mais facilidade, sabendo o que estava para vir.

Logo "graduei-me": decidi que, se experimentar um pouquinho era tão bom, por que não mergulhar de uma vez? Portanto, comprometi-me a não acender ou apagar mais as luzes no Shabat. Da primeira vez que tentei, eu não estava consciente de como são fortes os reflexos básicos. Por várias vezes, achei-me procurando o interruptor da luz e muitas delas, antes que eu tivesse consciência disso, já tinha acendido a luz. Eu me aborrecia com isso, mas minha Rebetsin deu-me bons conselhos – colocar pedaços de papelão sobre os interruptores nas tardes de sexta-feira.
Diverti-me fazendo isso, pois desenhei algumas estrelas sobre os diversos pedaços de papelão, com outros enfeites. Nas tardes de sexta-feira, eu colocava os "guardas do Shabat". Funcionou!

Sim, aprendi que o Shabat de fato pode criar um hábito. Mas é um hábito tão maravilhoso, que não pretendo jamais curar-me dele. Estou orgulhosa de ser uma "Viciada em Shabat", que precisa de uma "dose" uma vez por semana para funcionar!

 

 

 
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