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Que tal esta fantasia?
Seu celular não pode incomodá-lo durante todo o dia. Ninguém
para aborrecê-lo – nada de vendas não solicitadas pelo
telefone, pesquisadores, empresas oferecendo um plano para chamadas interurbanas.
Você simplesmente não pode ser contactado porque finalmente
vai passar algum tempo com a pessoa mais ignorada em sua vida: você
mesmo.
Você não deseja realmente que
pudesse fechar tudo por um dia, talvez uma vez por semana, e dizer –
nas palavras daquela famosa canção – Pare o mundo
que eu quero descer?Qualquer observador da nossa sociedade contemporânea
poderá lhe dizer que somos ocupados demais – ocupados para
pensar, para sermos introspectivos, ocupados demais para vermos aonde
estamos indo em nossa vida, enquanto somos levados pela maré diária
de compromissos, reuniões e obrigações que preenchem
24 horas por dia da nossa existência.
Você não deseja realmente que pudesse fechar tudo por um
dia, talvez uma vez por semana, e dizer – nas palavras daquela famosa
canção – Pare o mundo que eu quero descer?
O Shabat é para nós, não para D'us. E não
é apenas uma lei; é um salva-vidas.
D'us não
deu uma sugestão, mas chamou-o de preceito, de mandamento. Na verdade
foi um dos dez princípios mais importantes que Ele escreveu em
tábuas de pedra, como as bases para a sobrevivência humana.
Há quase 4.000 anos, D'us chamou o plano de Shabat – e aqueles
que levaram a sério o Divino conselho desde então têm
se beneficiado com os seus presentes espirituais.
Sempre me surpreendeu o fato de tantas pessoas pensarem que observando
a lei bíblica estão fazendo um favor a D'us. Acredite em
mim. D'us na verdade não conseguiu nada por acatarmos a ordem de
"Lembra-te do dia do Shabat para o santificar." E "Mais
que Israel tem guardado o Shabat, o Shabat tem guardado Israel."
O Shabat é para nós, não para Ele.
A mística judaica oferece uma explicação notável
sobre por que o Shabat cai exatamente no sétimo dia da semana.
Os seres humanos são limitados por seis direções:
os quatro lados que nos cercam horizontalmente – norte, sul, leste
e oeste – e os dois que são verticais, acima e abaixo. Estes
seis representam nossa existência diária. Eles limitam todos
os nossos movimentos no âmbito físico. Porém obviamente
há uma sétima dimensão. Esta coloca o enfoque novamente
em nós mesmos. Faz com que nos voltemos para dentro, para nosso
verdadeiro ser. Deixamos o mundo lá fora para podermos novamente
ouvir nossa própria alma. Sete não é apenas um número
da sorte (de onde será que surgiu esta idéia…), é
também sagrado. É isso que o sétimo dia da semana
quer nos lembrar: fomos criados à imagem de D'us, e se separarmos
algum tempo para notar a parte espiritual dentro de nós entenderemos
a conexão.
Em todo o mundo e no decorrer das eras, quase todas as sociedades –
da mais secular até os discípulos das religiões mais
importantes – seguiram o ciclo de sete dias para descrever a passagem
do tempo. Na França napoleônica, depois da Revolução,
foi feita uma tentativa para estabelecer uma "semana" com dez
dias, dos quais nove seriam devotados ao trabalho, seguidos por um dia
de descanso. O esforço falhou em pouco tempo. Simplesmente vai
"contra a natureza humana". Porque a natureza humana, assim
parece, é dirigida pelas leis decretadas pelo Criador.
Os seres humanos precisam de um dia a cada sete para imitar aquilo que
o próprio D'us fez quando criou o mundo. “Seis dias, Ele
criou. No sétimo, Ele descansou.” Não porque estivesse
cansado. Ele na verdade não tinha Se cansado para dizer as palavras:
"Que haja…" para criar todas as coisas. O que Ele fez
foi parar de criar para avaliar o que já tinha criado.
Temos orgulho da nossa capacidade de sermos criativos, assim como D'us.
Nossa obrigação é criar, ser produtivos, ficar ocupados
– mas apenas durante seis dias na semana. No sétimo, devemos
a nós mesmos fazer uma revisão daquilo que realizamos pelo
padrão espiritual de nossa alma. Somente dessa maneira poderemos,
como D'us, refletir sobre tudo que fizemos e declarar: "Veja, é
muito bom."
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