Todos
os dias, dezenas de bilhões de horas vão pelo ralo. Alguém poderia
argumentar que as horas de sono são nossos recursos mais desperdiçados.
De fato, por que passar um terço de nossa vida fazendo
nada? Por que dormir?
Talvez
esta pareça uma pergunta despropositada. Por que dormir? Porque
nosso corpo exige isso de nós. Porque é assim que somos fisiologicamente
construídos – e precisamos de tantas horas de descanso
todos os dias para funcionar. Porém, para o judeu, não há perguntas
absurdas. Se D-us criou-nos de um certo modo, há uma razão.
Se nossas horas de atividade devem ser precedidas pelo que a Torá
chama de "a morte pequena" do sono, há uma lição aqui, uma verdade
que é fundamental à natureza do progresso humano.
Se
nós não dormíssemos, não haveria amanhã – a vida seria um único,
interminável "hoje". Se não dormíssemos, cada pensamento ou
ato
nosso seria um acréscimo de todos nossos pensamentos e atos prévios.
Não haveria novos começos em nossa vida, pois o próprio conceito
de "um novo começo" seria profundamente estranho para nós.
Sono
significa que temos a capacidade não apenas de aperfeiçoamento
mas também de transcender a nós mesmos. Abrir um
novo capítulo na vida, que não seja nem previsto, nem propiciado pelo
que fizemos e somos até agora significa libertarmo-nos dos constrangimentos
do ontem e construirmos um novo e recém-criado "eu".
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