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O propósito
da Criação é o de que a presença do Divino
será revelada neste mundo. A primeira expressão disto aconteceu
no Jardim do Éden, como nos é contado no início da
Torá. Adão e Eva habitaram o Jardim e, junto com eles, estava
a Presença de D’us. Entretanto, o mundo ainda não
estava pronto para isto.
Como sabemos, Adão e Eva pecaram ao comerem da Árvore do
Conhecimento e, conseqüentemente, a Presença de D’us
tornou-se oculta. Outros pecados nas gerações seguintes,
tais como a morte de Abel por Cain, fizeram a Presença Divina tornar-se
ainda mais oculta. Entretanto, com Abraão, iniciou-se o processo
de trazermos de volta, para este mundo, a Presença Divina. Isto
foi continuado por Isaac, Jacó e as gerações seguintes.
Na sétima geração depois de Abraão, veio Moisés.
Os Sábios nos dizem que o “sétimo” tem uma grande
probabilidade de sucesso. Isto é demonstrado pelas conquistas de
Moisés. Seguindo as instruções de D’us, ele
guiou o povo Judeu na construção do Santuário onde
a Presença Divina foi revelada, no Santo dos Santos. Esta foi a
primeira expressão do cumprimento do objetivo da Criação.
Um estágio adiante seria a construção do Templo em
Jerusalém. Então, infelizmente, veio a destruição.
O segundo Templo foi construído e novamente foi destruído.
Com a vinda do Mashiach, finalmente o Terceiro Templo será construído
em Jerusalém. Isto trará profundas e positivas modificações
em todo o mundo.
O fato de que a Presença Divina habitou o Santo do Santos não
era nada separado das vidas do povo Judeu. A Parashá 1 nos diz:
“Eles construirão para Mim um Santuário, e Eu habitarei
neles”. Os Sábios nos ensinam que isto significa: “Dentro
de cada indivíduo”2. Através da construção
do Santuário, D’us habita o coração de cada
pessoa.
O Rebe de Lubavitch indica que as mulheres tiveram uma participação
particularmente significativa na construção do Santuário
3. As mulheres estavam mais entusiasmadas que os homens em trazer doações
de ouro, prata, cobre, lã colorida, linho, pedras preciosas e tudo
mais que era necessário. Elas usaram seus dons artísticos
em várias tarefas de tecelagem. Além disso, diferentemente
dos homens, as mulheres foram totalmente contrárias à construção
do Bezerro de Ouro. A construção deste ídolo e a
maneira repugnante com a qual ele foi idolatrado eram totalmente opostos
a tudo que era expresso pelo Santuário e pela Presença do
Divino.
Em nossos tempos, a mulher também tem um papel de liderança
na criação de um outro tipo de Santuário: o Lar Judaico.
Aqui, também, habita a Presença de D’us. Os ensinamentos
da Torá mostram a maneira pela qual o Divino pode estar presente
em cada detalhe da vida humana, desde o mais público até
o mais íntimo.
Este poder espiritual do caráter feminino está relacionado
à ideia cabalística de que a mulher tem uma afinidade com
o sétimo atributo Divino, Malcut (Reinado), que significa conclusão,
realização e cumprimento no mundo material. Colocado em
termos mais tangíveis, como expresso pelo Rebe, existe uma sensibilidade
dada por D’us à mulher que a faz reconhecer o positivo e
o sagrado, que cada um deveria se esforçar para suportar; e esta
especial qualidade também detecta aquilo que é profano e
deve ser evitado.
Claro que esta sensibilidade precisa ser criada: através do estudo
pessoal da Torá e pela observância prática dos Mandamentos.
Com isto, mulher e homem juntos, com suas famílias, revelarão
a Presença do Divino em seus próprios lares, em sua vizinhança
e, finalmente, de uma forma global. Haverá o Terceiro Templo em
Jerusalém e a paz verdadeira habitará os corações
de toda a humanidade.
NOTAS
1. Êxodo 25:1-27:19. Ver 25:8.
2. Ver o discurso Bati LeGani, ch.1, do R. Yossef Yitschac Schneersohn.
3. Ver Likutei Sichot do Rebe vol. l l, p.315, vol. 16, p.606. |