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Trechos
extraídos do livro “Trazendo o Céu para a Terra –
365 Meditações dos Ensinamentos do Rebe,
Por Tzvi Freeman
Pela Editora Colel, 2000
A finalidade de toda a Criação é declarada quase
que imediatamente na hora do Gênesis: E D’us disse: “Que
haja Luz!” O propósito da Criação é
que todo o mundo – até a escuridão – se transforme
em luz.
Lutar contra o mal é uma atividade muito nobre quando necessária.
Porém não é nossa missão na vida. Nosso trabalho
é trazer mais luz.
O Baal Shem Tov ensinava que em tudo que uma pessoa vê ou ouve neste
mundo, deve encontrar um ensinamento sobre como o Homem deve servir a
D’us. Na verdade, este é todo o significado do serviço
a D’us.
Em 1976, em meio a múltiplos litígios, o recluso e excêntrico
multimilionário Howard Hughes faleceu. O Rebe falou sobre ele:
Ele sentia não poder confiar em ninguém, pois estavam todos
atrás do seu dinheiro. Durante os últimos vinte anos de
sua vida, tudo que ele fazia era se esconder do mundo, sem um amigo, e
sem qualquer tipo de divertimento na vida. Era um homem que tinha tudo,
e tudo que ele possuía serviu somente para deixá-lo trancado.
Ele era igual a qualquer um de nós. Temos as chaves da nossa liberdade,
mas as usamos para nos trancar.
Quando as coisas não dão certo, confie em D’us e fique
calmo. Mesmo que tenha sido tudo por sua culpa e você mereça
o que está recebendo, confie em D’us que tudo é para
o bem, e permaneça calmo. Quando Ele sabe o quanto você confia
Nele, encaminha tudo para o bem.
Confiar no Único Acima não significa esperar por milagres.
Significa ter confiança naquilo que você está fazendo
agora mesmo – porque você sabe que Ele o colocou no caminho
certo e tudo que você fizer estará repleto com energia Divina
e bênçãos do Alto.
Muitas pessoas que escreveram ao Rebe falando sobre seu desespero receberam
uma resposta semelhante a esta:
O desespero é totalmente oposto a tudo aquilo em que acreditamos
– em outras palavras, uma negação da realidade. É
negar que existe um D’us que dirige toda a Sua criação
e observa cada indivíduo, e assiste cada um naquilo que deve realizar.
Você pergunta: “Como posso ser feliz?” Certo, você
não pode controlar a maneira como se sente, mas tem controle sobre
o seu pensamento, fala e ação conscientes. Faça algo
simples: Cultive bons pensamentos, fale coisas boas, e comporte-se como
uma pessoa alegre – mesmo que por dentro não se sinta totalmente
assim. Com o tempo, o júbilo interior da alma vai se manifestar.
Você deve ter sempre coisas boas para pensar. Uma mente vazia é
um vácuo esperando pensamentos destrutivos.
Onde seus pensamentos estão – é onde você está,
você por inteiro. Tente estar sempre em locais bons.
O estado natural do Homem, a maneira em que D’us o criou, é
ser feliz. Observe uma criança e você verá.
O intelecto e o entusiasmo são dois mundos: o intelecto, um mundo
frio e sereno, e o entusiasmo, um mundo efervescente e impetuoso (impulsivo).
Esta é a avodá do homem: integrá-los para que sejam
um. Nesse momento a impetuosidade se converte em aspiração,
e o intelecto torna-se um guia para uma vida de avodá (serviço
a D’us) e ação prática.
Apenas com suspiros não seremos salvos. O suspiro é apenas
a chave para abrir o coração e os olhos para não
ficarmos de braços cruzados, mas para planejar um trabalho e atividade
sistemáticos. Cada pessoa deve atuar e fazer campanha para fortalecer
e divulgar a Torá e o cumprimento das mitsvot. Há quem consiga
fazer isso através da sua escrita; outros, através de sua
oratória, e outros com o seu dinheiro.
O Rebe Rashab proclamou em um farbrenguen: Assim como colocar tefilin
todo dia é uma mitsvá, uma obrigação que nos
foi ordenada pela Torá e aplica-se a todos os ju- deus, independentemente
de seu nível de Torá – seja ele um grande erudito
ou um homem simples – da mesma forma é uma obrigação
e dever absoluto de cada pessoa pensar meia hora por dia, todos os dias,
sobre a educação de Torá dos filhos e fazer tudo
o que estiver ao seu alcance – e também além de suas
possibilidades – para inspirar e fazer com que as crianças
sigam no caminho em que estão sendo guiadas.
O Alter Rebe disse: As coisas físicas e materiais de um judeu são
espirituais. D’us nos dá o material para que façamos
dele algo espiritual. Às vezes não é bem assim, mas
devemos dar a D’us aquilo que nos for possível, mesmo que
seja somente uma “oferenda de pobre”, e então Ele nos
restitui com abundância.
A ordem do dia começa com Modé Aní (“Agradeço
perante Ti, Rei vivo e existente, que devolveste em mim minha alma com
piedade; grande é nossa fé em Ti”). Isto é
pronunciado antes da lavagem (ritual) das mãos, mesmo que as mãos
ainda estejam impuras, pois todas as impurezas do mundo não conseguem
impurificar o Modé Aní de um judeu. Ele pode estar incompleto
nisso ou naquilo, mas o Modé Aní [ou seja, gratidão
e reconhecimento a D’us] permanece intacto.
Consta: “Conheça o D’us de teu pai, e sirva-O com coração
íntegro [= de todo coração]”. Tudo o que se
conhece [em termos de Torá, inclusive] nos conceitos mais profundos
deve expressar-se na avodá, ou seja, deve causar um refinamen-
to e melhoria nos traços de caráter e produzir uma conexão
interior [com D’us] – e isto é o que se chama de “avodá”,
em termos de Chassidut.
Resposta do Tsemach Tsedec ao seu filho caçula, o futuro Rebe Maharash,
quando este tinha sete anos:“A bondade Divina e a vantagem que D’us
conferiu ao homem ao fazê- lo ereto, de forma que possa andar erguido
[e não ‘de quatro’], está justamente no fato
de que, apesar de estar andan- do sobre a terra, mesmo assim ele vê
os Céus [a Divindade]. O mesmo não ocorre com o quadrúpede,
que não enxerga nada além da terra [ a materialidade]”.
Existem dois tipos de decretos: a) decretos que criam a vida, e b) decretos
que são criados pela vida. As leis humanas são criadas pela
vida, e por isso diferem de um país para outro, de acordo com circunstâncias
particulares. A Torá do Todo-Poderoso é a lei Divina que
cria a vida. A Torá de D’us é a Torá da verdade,
por isso a Torá é a mesma em todos os lugares e em todas
as épocas. A Torá é eterna.
Em relação às cavanot (intenções místicas
e cabalísticas) que devemos ter em mente durante a recitação
da tefilá (oração), há um princípio:
Quem não está intelectualmente capacitado a fazer as cavanot
– seja por falta de conhecimento ou por não conseguir recordar
as cavanot específicas de cada oração – basta
ter em mente uma cavaná global: que sua oração seja
ouvida por D’us com todas as intenções descritas nos
livros de Cabalá.Está escrito: “O presente do homem
faz lugar para ele e o conduz diante dos grandes”. Existem pessoas
célebres por sua sabedoria ou por sua riqueza, porém “o
presente do homem”, quando alguém entrega o seu “homem”,
quando se dedica integralmente a algum empreendimento para fortalecer
a religião, não somente “faz lugar para ele”
[isto libera-o de suas restrições e limites], como também
“o conduz diante dos grandes” [sua posição será
superior aos grandes].
A bênção precisa se apegar em algo, necessita de um
recipiente, assim como a chuva, que só traz benefício quando
cai sobre o campo arado e semeado, e beneficia as colheitas do campo ou
do vinhedo. Porém, um campo árido, não arado e não
semeado, não terá benefício nenhum, nem das chuvas
brandas, nem das chuvas fortes.
O Rebe Rashab disse: “É muito fina a divisória que
separa a frieza da heresia. Está escrito: ’Pois o Eterno,
teu D’us, é um fogo que consome...’. A Divindade é
uma labareda de fogo. O estudo da Torá e a tefilá (oração)
precisam ser feitos com todo o fervor do coração, de modo
que ‘todos meus ossos dirão’ as palavras de D’us
em Torá e na oração.”
Todo judeu precisa saber que ele é um emissário de D’us,
que é o “Senhor de tudo”, e que – onde quer que
ele se encontre – ele foi encarregado de realizar a vontade e propósito
para o qual D’us criou o mundo, isto é, sua missão
é iluminar o mundo com a luz da Torá e da avodá.
Isto se faz através da prática das mitsvot e implantando
dentro de si mesmo boas virtudes.
Quando Mashiach chegar é que nós perceberemos a grandeza
da hodaá (reconhecimento ou fé) e da temimut (sinceridade),
que todos acreditam com uma fé pura em D’us, em Sua Torá
e mitsvot. A compreensão humana, mesmo a de nível mais elevado,
é limitada. Porém, hodaá, fé, é um
sentimento sem limites. O Rei Mashiach irá explicar a grandeza
de temimut – a avodá (serviço) sincera que flui do
coração.
O “Shpoler Zeide” [“avô de Shpole”] era
um homem de muito fervor, muito mais que os demais alunos do Maguid. Quando
visitou o Alter Rebe em Liadi, no ano de 5569 ou 5570 [1809 ou 1810],
contou que, quando tinha três anos de idade, viu o Baal Shem Tov:
“Ele colocou sua santa mão sobre meu coração,
e desde então eu sinto este calor”. Um gesto de um tsadic,
e mais ainda vê-lo e ouvir sua voz, deve repercutir de tal modo
que jamais seja esquecido.
O Tsemach Tsedec (3o Rebe) disse ao Reb Hendel, numa audiência particular:
O Zohar eleva a alma, o Midrash desperta o coração, e Tehilim
com lágrimas “lava o recipiente”.
O Rebe Rashab (5o Rebe) proclamou em um farbrenguen: Assim como colocar
tefilin todo dia é uma mitsvá, uma obrigação
que nos foi ordenada pela Torá e aplica-se a todos os judeus, independentemente
de seu nível de Torá – seja ele um grande erudito
ou um ho- mem simples – da mesma forma é uma obrigação
e dever absoluto de cada pessoa pensar meia hora por dia, todos os dias,
sobre a educação de Torá dos filhos e fazer tudo
o que estiver ao seu alcance – e também além de suas
possibilidades – para inspirar e fazer com que as crianças
sigam no caminho em que estão sendo guiadas.
Todo judeu precisa saber que ele é um emissário de D’us,
que é o “Senhor de tudo”, e que – onde quer que
ele se encontre – ele foi encarregado de realizar a vontade e propósito
para o qual D’us criou o mundo, isto é, sua missão
é iluminar o mundo com a luz da Torá e da avodá.
Isto se faz através da prática das mitsvot e implantando
dentro de si mesmo boas virtudes.
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