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Dois rapazes da yeshivá foram enviados, sob a direção
do Lubavitcher Rebe, para as distantes Ilhas Aleutas, com o único
objetivo de levar a alegria e a luz do Judaísmo aos judeus que
ali viviam.
Após uma semana de buscas, eles não encontraram um só
judeu. Desapontados, fizeram uma última tentativa na escola elementar
do local. Foram a cada sala de aula e perguntaram se havia alguma criança
judia na classe, e cada professor disse que não havia alunos judeus.
Entraram então na última sala, e perguntaram à professora
se ali havia alguma criança judia. Ela imediatamente respondeu
que não.
Uma menina no fundo da sala ergueu a mão. “Mamãe,
então nós não somos os únicos judeus no mundo?!”
perguntou admirada a pequena Stacy à sua mãe/professora.
A mãe, constrangida, respondeu rapidamente e baixinho aos meninos
da yeshivá que falaria com eles após a aula.
As recém-reveladas mãe e filha sentaram-se com os dois meninos
da yeshivá naquela tarde. A mãe confessou que não
se sentia muito à vontade com seu Judaísmo, nem em expressá-lo
para sua filha, pois eram as unicas judias naquela ilha, e parecia mais
fácil simplesmente deixar isso de lado. Conversaram durante algum
tempo, os rapazes oferecendo palavras de caloroso encorajamento para explorar
a identidade judaica das duas. A mãe trouxe alguns livros judaicos
e mezuzot. Ela pediu então aos rapazes que falassem algumas palavras
de encorajamento à filha, como tinham feito com ela.
Os meninos se despediram da menina com este pensamento: “Em todo
o mundo, mulheres e meninas introduzem o Shabat acendendo velas ao anoitecer
da sexta-feira, dezoito minutos antes do pôr-do-sol. Porém
quando elas estão acendendo dezoito minutos antes do pôr-do-sol,
recepcionando o Shabat na Austrália, ainda não é
Shabat em Israel, até oito horas depois, quando as mulheres de
lá acendem as velas. E então sete horas depois, Nova York
acende e introduz o Shabat, e por fim a Califórnia, e o mundo inteiro
acende, e recepciona o Shabat em horas diferentes.”
“O último fuso horário está no ponto mais afastado
da terra, as Ilhas Aleutas. Portanto as Ilhas Aleutas são o último
local no mundo, toda sexta-feira, a ter a oportunidade de acender as velas
do Shabat! Você e sua mãe têm essa chance – introduzir
a luz do Shabat para todas as Ilhas Aleutas.”
“Você será também a última menina judia
no mundo toda sexta-feira, pequena Stacy, a recepcionar o Shabat com suas
velas, completando este círculo unificado.”
E com essas palavras, os meninos se despediram de suas novas amigas judias
na ilha.
Essa história me fez pensar – a princípio quase com
melancolia: Uau, isso é que é gente que faz a diferença!
Essa mãe e sua filha, duas judias solitárias, nessa ilha
distante, têm uma poderosa oportunidade – serem as duas últimas
judias no mundo inteiro a acender as velas do Shabat, completando o círculo!
Mas na verdade, todos nós temos a chance de completar o círculo.
Como uma criança que ocasionalmente pergunta ao pai se ele a ama
tanto quanto ama a irmã, podemos nos perguntar às vezes
o quanto D’us nos ama e nos valoriza, como indivíduos, entre
milhões de outros. E qual a resposta que um pai amoroso dá
ao filho? Ele não assegura a ela da igualdade do seu amor, mas
sim responde: “Meu amor por você é diferente do meu
amor pela sua irmã. Ela é minha única ela em todo
o mundo, e você é minha única você no mundo
inteiro – não há outra com a sua singularidade.”
Nós somos um mundo enorme, lindo, de milhões de mulheres
judias, unidas em nossa semelhança – trazer luz ao mundo
com nosso acendimento de velas, sempre nas sextas-feiras ao anoitecer,
sempre com uma bênção. E apesar disso, cada uma, independentemente,
forma um mundo inteiro que compreende emoções, talentos
e maneiras de pensar que são unicas; servindo a D’us com
nossos sabores únicos; conectando, fazendo, sentindo e vivenciando
com nossa maneira única.
Algumas acendem velas brancas, outras velas coloridas. Algumas meditam
durante a bênção, outras meditam nos preciosos momentos
que se seguem.
Algumas falam de um lugar de gratidão, outras de tristeza.
Algumas com a mente, outras com o coração – e algumas
com ambos.
D’us está ansiando que você, o mundo precioso que você
é, O convide para entrar na sua casa. Para falar com Ele sobre
a sua gratidão, talvez sobre sua confusão, até desapontamento
com Ele.
Nesta sexta-feira à tarde quando o sol se puser, Ele estará
ansiando e esperando pela pequena Stacy, por mim… por você,
para acendermos as velas de Shabat na sexta-feira ao anoitecer, completando
o ciclo semanal de tempo seu, do nosso mundo, à sua maneira única.
O círculo não está completo sem você.
Shabat Shalom.
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