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Cerca
de 30 anos atrás, o rabino Yitzchok Vorst estava apenas começando
sua missão como sheliach, emissário, de Chabad em Amstelveen,
Holanda. Pouco antes de Pessach, ele recebeu um telefonema da Sede Central
de Lubavitch no Brooklyn. Rabino Hodakov, secretário pessoal do
Rebe, informou que o Rebe desejava que ele fosse para uma pequena cidade
entregar matsá shmura, uma matsá que possui cuidados especiais
e é feita à mão, para um judeu que morava naquela
cidade. O jovem rabino Vorst indagou o nome do judeu, quando foi informado
de que o Rebe não mencionou qualquer nome. Rabino Hodakov garantiu-lhe,
porém, que ele seria capaz de localizá-lo assim que chegasse
à cidade.
Rabi Vorst tentou explicar que a cidade estava localizada há muitas
horas de distância de Amsterdam, que ele estava muito ocupado com
os preparativos para seu primeiro Sêder comunitário na Holanda,
distribuindo matsot, e além de tudo, não acreditava que
houvesse algum judeu habitando naquela cidade.
Rabino Hodakov foi inflexível. O Rebe disse que ele deveria partir
na manhã seguinte para essa cidade. Não havia escolha.
No dia seguinte, Rabi Vorst embalou seu almoço e passou o dia dirigindo
rumo à cidade isolada. Uma vez lá, passou horas pesquisando
e perguntando sobre a existência de algum judeu na cidade, em vão.
Ele finalmente concluiu que sua expedição foi um total fracasso
e desperdício de tempo dirigindo-se a um posto a fim de abastecer
o carro para a viagem de regresso. O frentista curioso, indagou ao rabino
o que o havia trazido a esta cidade. Ao ouvir a sua história o
atendente respondeu que ele acreditava que um trabalhador no açougue
local provavelmente era judeu.
Sem nada a perder, Rabi Vorst dirigiu-se imediatamente para a loja. Ao
entrar, o homem atrás do balcão olhou para ele e desmaiou.
Quando voltou a si, contou a Rabi Vorst a seguinte história: De
toda sua família, ele e sua mãe foram os únicos sobreviventes
dos horrores do nazismo. Eles se mudaram para esta parte isolada da Holanda
para evitar futuras perseguições. Em seu leito de morte,
sua mãe o fez jurar de nunca se casar com uma não-judia
e ser sempre fiel à sua fé. Isto havia ocorrido cinco anos
atrás. Nos últimos meses, o padre local começou a
aparecer no açougue tentando convertê-lo. Eles travavam longas
discussões, mas para esse homem, a conversão era assunto
fora de questão.
No entanto, o padre começou a fazer progressos. Um de seus argumentos
era de que D'us havia abandonado o jovem, como comprovava o fato de que
ele ser o único judeu na região.
Portanto, ele deveria converter-se e tornar-se parte de uma comunidade.
Após vários meses de persistência massiva, o jovem
judeu concordou em ser batizado. Mas, insistiu ele, primeiro queria três
dias para pensar sobre o assunto.
Sentiu-se confuso e deprimido. Ele estava realmente sozinho. Mas como
poderia abandonar sua fé? Como poderia ignorar o juramento que
havia feito a sua mãe? Chorou amargamente. Finalmente, gritou para
o Todo-Poderoso, "Eu vou esperar por você, caro D'us, para
me mostrar um sinal de que você ainda está olhando por mim.
Se eu não ver nada de você por volta das 18h do terceiro
dia, eu me converterei! "
E assim o homem gritou. Durante três dias, tornou-se mais moroso.
O terceiro dia tinha chegado e ainda não havia nenhum sinal. O
homem passou o dia olhando para o relógio. Na hora do almoço,
fez uma pausa e, novamente, suplicou ao Todo-Poderoso. Havia menos de
seis horas antes de ele aceitar a conversão. Durante as últimas
três horas, ele dirigiu-se e rezou novamente a D’us.
Agora restavam menos de três horas. Se ele não percebesse
algum sinal indicando que o D'us dos judeus ainda cuidava dele, cederia.
Quando o ponteiro dos minutos ultrapassou as 17 horas, o homem sentiu-se
entregue. Talvez o padre estivesse certo, afinal. Talvez fosse melhor
para ele converter-se. Os minutos continuavam marchando adiante. Cada
minuto agora para ele equivalia a uma hora inteira. Às 17h45, ele
começou a fechar a loja. Às 17h55 o Rabino Vorst carregando
a matsá do Rebe entrava na loja desse homem.
Depois de ouvir esta história, Rabi Vorst implorou ao homem para
retornar com ele para Amsterdã celebrar Pêssach. O homem
concordou. Cada jornada ao longo do caminho de novo era como um novo começo
para esse homem. Ele nunca havia sido exposto ao judaísmo já
que sua mãe sempre escondia dele achando que esta era a forma de
protegê-lo. Logo após Pessach, ele agradeceu ao rabino e
partiu.
Vinte e cinco anos mais tarde, Rabi Vorst viajou para Jerusalém
para o casamento de um parente. Ele estava orando devoção
no Muro das Lamentações, em profunda concentração,
quando ouviu seu nome sendo chamado e sentiu um tapa caloroso em suas
costas. Ele se virou e viu um homem grande e corpulento. O homem perguntou-lhe
em holandês, "Mestre, não me reconhece, eu sou assim
e assim da cidade de .... Passei Pessach em sua casa um ano. Agora eu
vivo em Jerusalém com a minha família. Devo tudo a você
".
Às vezes, é possível fazer um acordo com o Todo-Poderoso.
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