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O
Rebe para crianças
Guimel Tamuz está chegando. Nesta próxima terça-feira,
dia 22 de junho, 3 de Tamuz, é o dia do 10º yortsait do Rebe. Pessoas
do mundo inteiro que tiveram uma conexão com o Rebe, direta ou
indiretamente, lembrarão sua vida, sua obra, momentos e palavras
pronunciadas nos farbrengens, yechidut, berachot e cartas com respostas
que abrangem todo tipo de assunto e área na vida. Mas sobretudo,
farão o que o Rebe sempre incentivava, gastando todas suas energias
(que pareciam nunca se esgotar): a agir!
Este é o momento apropriado para que cada um pergunte a si mesmo:
"O que mais posso fazer? Tenho repartido? Como vai meu Ahavat Yisrael,
‘amor ao próximo’? Estou satisfeito com as mitsvot
que cumpro hoje; será que isto é suficiente? Tenho lembrado
de ajudar um amigo ou colega ou convidá-lo para o Shabat?"
Para homenagear o Rebe resolvemos publicar algumas passagens que dão
uma mínima idéia de sua vida como exemplo e legado para
as crianças, pois desde pequeno, o Rebe estava preocupado em consolar
e salvar até mesmo uma única alma. Esperamos que as crianças
se inspirem um pouco e aprendam muito mais com este, que foi o líder
de nossa geração.
O carinho do Rebe por todo judeu vai além do entendimento. É
o auge de Ahavat Yisrael. Tamanho é seu amor que este é
sentido por todos nós, quer tenhamos ou não o mérito
de ter visto ou ouvido pessoalmente o Rebe.
O Rebe devotou sua vida a ajudar e salvar seus irmãos judeus.
No decorrer dos anos, o Rebe deu tanto a tanta gente; seus próprios
chassidim, todos de Kelal Yisrael e ao mundo inteiro.
Os presentes do Rebe são especiais porque não são
daquele tipo que se acabam ou são esquecidos. São presentes
que permanecem conosco para sempre e nos ajudam a sermos melhores e mais
fortes.
Você sabe onde existe Chabad no mundo? Em países que você
nunca ouviu falar! O Rebe mandou seus emissários onde houvesse
judeus para acender em cada um a faísca Divina que existe dentro
de cada judeu. Mas em cada chama há o potencial de acender a próxima
e muitas mais! Eu, você, cada judeu, somos seus emissários:
o trabalho nunca acabou.
Os textos que seguem foram publicados no site do
Tsivot Hashem
E traduzidos para o português
Yechidut
Yechidut – um encontro privado entre o Rebe e um chassid –
começou nos tempos do Alter Rebe. Durante a yechidut, um chassid
tinha a chance de abrir seu coração, e pedir conselho e
bênção para aquilo que o estava atormentando.
O Rebe tinha de "colocar-se no lugar" daquela pessoa com quem
estava falando – sentir seu sofrimento, vivenciar suas frustrações
– e então voltar ao papel de Rebe e aconselhar de maneira
adequada. Isso era uma tarefa exaustiva. (O Rebe Anterior tinha de trocar
de roupas após a yechidut, pois as que vestia ficavam ensopadas
de suor).
Enquanto falava com o Rebe, o visitante se sentia como se fosse a única
pessoa no mundo, e que tinha toda a atenção do Rebe sobre
si. Isso era verdadeiro mesmo tarde da noite, depois que o Rebe tinha
falado com muitas pessoas e havia muitas mais esperando do lado de fora.
Nos primeiros anos da liderança do Rebe, ele dedicava três
noites por semana para yechidut. Embora algumas durassem mais de uma hora,
geralmente as sessões não passavam de dez minutos, para
que pudesse haver muitas yechidut. O Rebe continuava a ver as pessoas
durante a noite e até o nascer do sol.
Nos anos posteriores, à medida que aumentava a quantidade de chassidim,
simplesmente não havia tempo para cada chassid ter uma yechidut.
Havia tantas pessoas querendo uma yechidut com o Rebe que tornou-se impossível
para ele atender cada uma delas. Portanto, o Rebe oferecia yechidut de
outras formas. Primeiro, havia o farbrenguen. O Rebe dizia que as pessoas
podiam encontrar respostas a suas perguntas nas palavras que ele dizia
durante os farbrenguens.
Então, no 84º aniversário do Rebe, ele começou a
entregar dólares para tsedacá.
A fila do dólar
Era domingo. Yud Alef Nissan, 5746, o 84º aniversário do Rebe.
Os chassidim no 770 estavam terminando Shacharit, quando de repente as
notícias se espalharam pela sinagoga: "O Rebe está
distribuindo dólares!" Em poucos minutos, centenas de chassidim
formaram uma fila do lado de fora do escritório do Rebe. Um a um,
cada chassid passava pelo Rebe e recebia uma curta bênção
(berachá vehatslachá – bênção
e sucesso) e um dólar para tsedacá.
Duas
semanas depois, em seguida a Pêssach, o mesmo aconteceu, e no domingo
seguinte os chassidim não ficaram mais surpresos ao saberem que
o Rebe estava distribuindo dólares outra vez.
Começou então o costume que dava a dezenas de milhares de
pessoas de todo o mundo a chance de ficar face a face e ter uma yechidut
com o Rebe.
Desde aquele primeiro domingo até o domingo de Chaf Vav Adar, 5752,
semana após semana, o Rebe ficava no hall de entrada do 770 por
mais de 5 ou 6 horas, distribuindo dólares e berachot.
Milhares de pessoas de todas as esferas da vida apareciam toda semana.
Algumas vinham em busca de conselho, de uma berachá para os filhos,
para a saúde, e outras vinham apenas ver o Rebe e receber um dólar
de sua mão sagrada.
Um domingo uma mulher perguntou ao Rebe como ele conseguia ficar de pé
por tanto tempo sem se sentir cansado. O Rebe respondeu: "Quando
você conta diamantes, não fica cansado."
Para o Rebe, cada pessoa é um diamante.
Farbrenguens
Em
Yom Tov, em dias festivos chassídicos, e finalmente em toda tarde
de Shabat, o Rebe promovia um farbrenguen no 770.
Estas eram as horas mais preciosas, quando o Rebe conversava com os chassidim
(falando uma sichá) sobre vários assuntos: a parashá,
Erets Yisrael, mivtzayim, Tsivot Hashem, como um chassid deveria se comportar,
lições sobre o serviço a Hashem, idéias para
levar Torá e mitsvot a todos os judeus, e obviamente, sobre Mashiach
e a Redenção.
Depois de cada sichá, os chassidim cantavam um nigum e as pessoas
faziam lechayim para o Rebe. O Rebe também podia pronunciar um
maamar, ensinamentos sagrados da Chassidut.
Todos no 770 ficavam respeitosamente de pé durante o maamar inteiro.
Toda vez que aprendemos uma sichá ou um maamar nos tornamos mais
próximos e conectados ao Rebe.
Cartas
Todos os dias, sacolas e sacolas de cartas chegavam ao 770 da Eastern
Parkway, endereçadas ao Rebe. O Rebe sempre respondia pessoalmente
sua correspondência. Ele jamais permitiu que seus secretários
respondessem em seu nome. O Rebe passava cinco ou seis horas por semana
respondendo às cartas.
Como
o Rebe conseguia responder todas estas cartas em tão pouco tempo?
Bem, para começar, ele era um leitor excepcionalmente rápido.
Seus olhos varriam a carta com muita velocidade, sem perder um detalhe.
Então, colocando aquela carta de lado e pegando outra, o Rebe dizia
ao secretário o que escrever em resposta à primeira carta,
e ao mesmo tempo lia a segunda!
Às vezes, o Rebe pedia ao secretário que lesse uma carta
em voz alta enquanto o Rebe lia uma ou duas por si mesmo. Quando o secretário
terminava a leitura, o Rebe lhe dava rapidamente as respostas sem hesitação,
tanto para a carta lida pelo secretário quanto para aquelas que
ele tinha lido simultaneamente.
Muitas das cartas – como as de bar e bat mitsvá – eram
exatamente as mesmas. Portanto, para economizar tempo ao Rebe, um dos
secretários sugeria que um carimbo com a assinatura impressa do
Rebe fosse usado para assinar estas cartas, para que o Rebe não
precisasse assiná-las pessoalmente.
O Rebe agradeceu ao secretário mas rejeitou a idéia. E disse:
"Como pode enviar bons votos e preces a alguém de maneira
tão artificial? E como aquela pessoa se sentiria, recebendo bons
votos de seu Rebe numa carta assinada mecanicamente, com um carimbo?"
As pessoas que têm cartas do Rebe as guardam como um tesouro.
As cartas lidas no Ôhel ("Azkir al hatziyon")
Quando as pessoas pediam uma berachá, com freqüência
recebiam esta resposta: "Azkir al hatziyon" – eu a mencionarei
no túmulo [de meu sogro]. Isso significava que o Rebe rezaria por
elas no ohel onde o Rebe Anterior está enterrado.
O dia em que o Rebe ia ao ohel era uma ocasião especial. Vestia
seu sobretudo de seda (reservado para dias especiais), ia ao micvê
e, além de líquidos, não comia nada durante todo
o dia.
O Rebe
levava grandes sacos de papel cheios com cartas de pessoas do mundo inteiro,
pedindo berachot para todos os tipos de coisas. Durante muitas horas (às
vezes cinco ou seis) o Rebe ficava ali de pé lendo as cartas, das
quais a maioria ele rasgava e deixava ali no ohel. Às vezes o Rebe
começava a chorar quando lia as cartas.
O Rebe ficava no frio e na chuva, rezando por Kelal Yisrael. Somente nos
últimos anos eram tomadas algumas providências para tornar
mais confortável ao Rebe rezar no ohel. Nos últimos anos,
quando voltava do ohel, o Rebe muitas vezes dizia uma sichá e distribuía
dólares. Em ocasiões especiais o Rebe dava sefarim diferentes,
ficando de pé até tarde da noite sem comer.
O Rebe disse certa vez que suas visitas ao ohel eram "hatsalat nefashot
-salvar vidas)".
Kos Shel Berachá
Depois que terminavam os farbrenguens de Pêssach, Rosh Hashaná,
Shavuot e Sucot, estava escuro, portanto o Rebe fazia a Havdalá.
Então ele bebia o vinho, deixando um pouco no fundo do copo.
Os chassidim cantavam alegres nigunim à medida que o Rebe derramava
vinho de seu copo – Kos Shel Berachá – para cada chassid
que passava à sua frente. O copo do Rebe era enchido muitas vezes,
pois centenas de pessoas se amontoavam numa imensa fila que se estendia
por todo o salão. As pessoas diziam lechayim ao Rebe e ele geralmente
respondia: "Lechayim velivrachá!"
Pais
traziam seus filhos – até recém-nascidos – para
tomar uma gota do vinho e ficar perto do Rebe. Muitas vezes o Rebe acenava
com a mão esquerda para encorajar os alegres cânticos. Muitas
pessoas adicionavam o Kos Shel Berachá a suas garrafas de vinho
ou suco de uva em casa.
Kos Shel Berachá durava horas – às vezes até
quatro ou cinco da madrugada – mas o Rebe continuava de pé
e encorajava os cantos, nunca se cansando.
A Rebetsin sempre esperava acordada em casa, até que o Rebe chegasse.
Muitas pessoas receberam berachot especiais, milagrosas, durante Kos Shel
Berachá e do vinho de Kos Shel Berachá.
O presente das competições
Quando o Rebe queria falar especificamente com as crianças, havia
uma competição no 770.
Meninos e meninas abaixo da idade de bar e bat mitsvá eram convidados
a se sentarem em seções separadas, acompanhados por líderes
ou professores.
Quando o Rebe entrava, ele rezava minchá.
Então algumas crianças eram escolhidas para recitar os doze
pessukim, que o Rebe sempre recitava junto com elas. A criança
que dissesse o passuk final sempre terminava com um "yechi"
bem alto, e todas as crianças respondiam o mais alto que pudessem!
O Rebe sorria bastante durante estas competições –
especialmente para os soldados de Tsivot Hashem bem pequeninos. Todos
podiam ver que o Rebe estava orgulhoso de seus jovens chassidim e esperava
muito deles.
Após falar com as crianças, o Rebe geralmente distribuía
moedas para que elas doassem para tsedacá.
Lecach
Lecach significa bolo de mel. É um costume na véspera de
Yom Kipur pedir lecach a alguém. Assim, se foi decidido nos Céus
que uma pessoa teria de mendigar – ela já "mendigou"
por lecach.
O Rebe entregava pessoalmente lecach a seus chassidim em várias
ocasiões, juntamente com uma berachá para um ano bom e doce.
Aqueles que ganham lecach o dividem com os membros da família e
amigos que não puderam ir a Crown Heights em Tishrei.
Acalmando as crianças
Quando o Rebe era um menino pequeno em Nikolayev, todos tinham medo dos
perigosos goyim russos. Eles costumavam correr pelas ruas empurrando,
gritando e tirando coisas que pertenciam aos judeus.
Um dia, a Rebetsin Chana (mãe do Rebe) soube que os russos estavam
chegando e levou seus filhos para um local seguro, onde havia outras mulheres
e crianças escondidas.
Os meninos e meninas assustados choravam alto. Se não ficassem
em silêncio, os russos encontrariam o esconderijo! As mães
não sabiam o que fazer.
Um garotinho, com menos de cinco anos, foi até as crianças
e sorriu gentilmente para elas. Falou em voz calma, deu-lhes algumas balas,
e todas pararam de chorar. Esta criança era o Rebe.
No mar
A família do Rebe certa vez passou um verão em Balaclava,
à beira do Mar Negro na Criméia. Um dia, quando os banhistas
estavam relaxando, alguém gritou: "Um menino está se
afogando!" Um garotinho tinha saído sozinho num pequeno barco,
e este tinha virado longe da praia.
Outro menino saltou na água e nadou até o barco para salvar
a criança. Correndo até a cena, a mãe do Rebe descobriu
que o "herói" era seu filho de nove anos.
Todos
sabemos que, desde que o Rebe era uma criança, havia algo em sua
mente, alguma coisa que ele queria muito.
O tempo é muito importante para o Rebe. Aquilo que o Rebe conseguia
fazer no período de um dia era impossível pelos padrões
normais: estudar, responder cartas, yechidut, Kos Shel Berachá,
lecach, dólares, competições, etc. A lista ficava
cada vez mais longa e levava cada vez mais tempo. Porém o Rebe
encontrava tempo para tudo e para todos: para você e para mim.
A atitude do Rebe pode ser expressa em duas palavras: carinho e partilha.
Como escreveu o Rebe numa carta em 5717, antes mesmo de começar
a ir para o chêder ele imaginava como seria o mundo depois da chegada
de Mashiach.
A Nota de cem dólares
Fugindo dos nazistas (yimach shemam) durante a Segunda Guerra Mundial,
o Rebe e a Rebetsin Chaya Mushka chegaram a Vichy, na França. Vichy
estava sob o governo italiano e os italianos eram menos anti-semitas que
os alemães. Mesmo assim, a vida na Europa nazista era perigosa
para os judeus.
Para conseguir se hospedar num hotel, a pessoa precisava provar que tinha
pelo menos cem dólares. Obviamente, a maior parte dos refugiados
não tinha tanto dinheiro.
O Rebe tinha uma única nota de cem dólares. Então
ele saiu às ruas, procurando refugiados. Entregando a eles a nota,
ele os levava diretamente ao hotel onde estava hospedado. Depois que o
refugiado era admitido, devolvia a nota ao Rebe, que voltava às
ruas com "a nota que abria portas", procurando por outro "cliente".
"Cuide dos judeus egípcios"
"Durante meus primeiros anos em Sidney, Austrália" –
relata Rabino Chaim Gutnick – "fui solicitado a servir como
rabino em Rosh Hashaná e Yom Kipur para a comunidade judaica de
Adelaide. Não querendo deixar minha família, recusei. Então
o comitê da sinagoga escreveu uma carta ao Rebe dizendo que eles
precisavam de um rabino. Logo recebi uma carta expressa do Rebe, dizendo
que eu deveria ir. O Rebe acrescentou: ‘Enquanto estiver lá,
cuide das necessidades dos judeus egípcios.’
"Cheguei a Adelaide na véspera de Rosh Hashaná e fui
à sinagoga. Enquanto eu estava lá, uma mulher entrou e perguntou-me:
‘Onde é o lugar mais sagrado da sinagoga?’ Apontei
para o Aron Hacôdesh.
"Ela imediatamente foi para lá e levou uma adolescente cega
até o Aron, e depois saiu. A garota beijou as cortinas do Aron
e começou a chorar. Após alguns minutos, a mulher voltou
e levou a jovem para fora.
"Eu descrevi a cena ao secretário da sinagoga, que disse:
‘Ah, ela é uma das egípcias. Eles não se dão
bem conosco. Os pais nem sequer vêm à sinagoga em Rosh Hashaná.’
"Quando ouvi a palavra ‘egípcios’, a carta do
Rebe ficou clara. Depois de Rosh Hashaná, o telefone em minha sala
tocou. ‘Alô, sou Betty, a moça cega.’ Porém
um clique abrupto disse-me que alguém não queria que eu
falasse com ela.
"Durante a semana seguinte, tentei contactar a garota, sem conseguir.
Finalmente, na noite anterior a Yom Kipur, consegui seu telefone e endereço.
Mas quando liguei e disse quem eu era, meu telefone ficou mudo. Então
peguei um táxi até a casa dela, e convenci a família
a deixar-me entrar.
"Betty contou-me toda a história: ‘Meus pais me enviaram
à única escola para cegos na cidade; a escola católica.
Eles estavam muito contentes porque eu não tive de pagar nada.
Logo, o padre disse-me que eu tinha de converter-me ou então pagar
matrícula e mensalidades. Meus pais decidiram então que
eu deveria me converter.’
"‘No dia antes do feriado, eu matei a aula e pedi a uma vizinha
para levar-me até a sinagoga. Ali, rezei, pedindo a D’us
que me enviasse um sinal. No dia seguinte, tivemos convidados e um deles
disse: "Um rabino de Sidney estava perguntando sobre você.
Eu sabia que este era um sinal do Céu.’"
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