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Como descrever o sentimento de um pai
que acaba de saber que um tumor maligno está destruindo o cérebro de seu
filho de dez anos de idade? O médico sugerira várias possíveis abordagens
para o tratamento, porém fora brutalmente honesto sobre as chances. Tudo
que Eli e Sharon poderiam realisticamente esperar eram uns poucos dolorosos
meses mais de vida para o seu filho, Menashe. “O que significa isso?” perguntou Eli. “Quer dizer que o Rebe rezará por vocês
quando visitar o túmulo de seu sogro, o Rebe Anterior, onde costuma orar
por todos aqueles que lhe enviam pedidos de bênção.” “Mas
eu queria a bênção do Rebe… queria que ele nos dissesse que Menashe se
recuperará…” “Mas o Rebe deu sua bênção a vocês. Esta
é a resposta padrão para tais pedidos. Os chassidim consideram uma promessa
do Rebe de rezar por alguém como garantia de que tudo vai dar certo." Enquanto isso, as condições de Menashe
continuaram a se deteriorar. O tratamento trouxe muito sofrimento e pouco
alívio. Logo precisou ser hospitalizado. Impotentes, os pais assistiam
a vida se esvaindo do filho. A resposta veio dentro de uma hora, mas
foi a mesma da vez anterior: “Pretendo mencioná-lo no túmulo.” E os médicos
nada tinham de bom a dizer. Na noite seguinte, Eli chegou ao seu apartamento
para um breve descanso de duas horas. Sharon ficara no hospital. Logo
ele a substituiria, para que ela também pudesse repousar um pouco. Mergulhou
no sofá, chutou longe os sapatos, olhando para o aposento em desordem.
Receitas médicas sobre a mesa, roupas jogadas aqui e ali, restos de refeições.
Seus olhos então pousaram no retrato do Rebe, pendurado sobre o consolo
da lareira. O Rebe estava sorrindo. Uma onda de fúria ferveu nele. Menashe
está à morte no hospital, e você sorri! Irrefletidamente, Eli alcançou
um dos sapatos no chão. Houve um estrondo, uma chuva de vidros estilhaçados,
e o quadro foi para o chão… Dois anos depois, numa manhã de domingo
no Brooklyn, um pai e filho estavam juntos na fila com milhares de outros
esperando para ver o Rebe. Enquanto a longa fila serpenteava passando
pelo Rebe, este dava a cada pessoa uma nota de um dólar que deveria ser
doada em seu nome para caridade, murmurava uma bênção em poucas palavras,
e voltava-se para o próximo na fila. Deste modo, o Rebe devotava alguns
segundos para cada uma das dezenas de milhares de pessoas que vinham de
todas as partes do mundo para encontrá-lo. O Rebe deu um dólar ao pai, e então dirigiu-se
à criança. “Então este é Menashe,” disse com um sorriso. “Como está ele?”
Eli demorou alguns segundos para responder. Como era possível que o Rebe
soubesse quem eram? Era a primeira vez que vinham a Nova York, e exceto
por aquelas duas breves cartas daquela época… “Ele está bem, graças a D-us” – Eli finalmente
conseguiu responder – “uma recuperação total. Os médicos disseram que
foi um milagre. Obrigado pelas bênçãos do Rebe.” “Graças a D-us, graças a D-us,” disse
o Rebe; e em seguida, baixinho: “Eu ainda posso sentir aquele golpe…” |