Durante os primeiros vinte e oito anos de liderança, o Rebe recebia seus chassidim, bem como homens e mulheres de todos os níveis, em yechidut (audiências privadas) três, e mais tarde, duas vezes por semana.

As audiências, nas noites de domingos, terças e quintas, começavam logo após o anoitecer e se estendiam noite afora. Muitas vezes, o último das centenas de visitantes saía de madrugada. A maioria conseguia apenas um minuto ou dois na presença do Rebe, mas todos o deixavam com o sentimento de que durante seu tempo com ele, embora breve, o Rebe participara com todo seu ser, total e exclusivamente concentrado em suas preocupações individuais.

O número daqueles que procuravam o conselho e as bênçãos do Rebe continuava a crescer; logo todos, exceto os casos mais urgentes, tinham que aguardar por vários meses por uma audiência particular. Finalmente, os pedidos para estas audiências com o Rebe atingiram números tais que não era mais possível fazê-las. Contato individual com o Rebe tomava agora a forma de correspondência: três malotes de cartas chegavam a cada dia ao seu escritório no número 770 da Eastern Parkway, na seção Crown Heights no Brooklyn, cada uma das quais ele abria e lia pessoalmente.

Em 1986, o Rebe começou uma “fila de recepção” semanal. A cada domingo, o Rebe ficava de pé numa pequena sala contígua a seu escritório, enquanto milhares de homens, mulheres e crianças avançavam para vê-lo e receber sua bênção. Muitos aproveitavam a oportunidade para fazer uma pergunta e receber uma palavra de ajuda. A cada um deles o Rebe dava uma nota de um dólar, nomeando-o seu agente pessoal para que doasse o dinheiro a uma causa de caridade à sua escolha.

Por que o dólar? O Rebe explicava este costume citando seu sogro, o Rebe Anterior, Rabi Yossef Yitschac de Lubavitch, que frequentemente dizia: “Quando dois judeus se encontram, algo de bom resulta para um terceiro.”

O Rebe desejava elevar cada uma das milhares de audiências do dia em algo mais que um simples encontro de dois indivíduos; queria que cada um se envolvesse com o cumprimento de uma mitsvá, particularmente uma mitsvá que também beneficiasse outro indivíduo.

Novamente, um fenômeno dos mais assombrosos foi reportado por todos que compareceram aos “Domingos do Dólar.” O Rebe, já bem entrado em sua nona década de vida àquela época, ficava de pé por nada menos que oito horas sem interrupção. Porém, nos poucos segundos em alguém se encontrava diante do Rebe, sentia que o Rebe estava lá apenas para eles. Era como se ele ou ela fosse o único visitante do dia.

Certa vez, uma senhora idosa não se conteve e falou: “Rebe, como pode fazer isto? Como é possível que não se canse?”

O Rebe sorriu e respondeu: “Cada alma é um diamante. Pode alguém cansar-se de contar diamantes?”