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Uma pessoa
é afortunada ao doar tsedacá com generosidade.
Dois carneiros nadam contra a correnteza
Dois carneiros estavam às margens de um rio, olhando desconfiados
para as ondas espumantes. Será que conseguiriam atravessá-lo
a nado, alcançando a verdejante campina que lhes acenava do outro
lado?
Ambos mergulharam e começaram a nadar vigorosamente. Contudo, enquanto
um carnerinho mantia o ritmo, o outro logo cansou-se, conseguindo manter
sua cabeça fora da água com muita dificuldade. Não
demorou muito e foi tragado pela forte correnteza.
Para azar desse carneiro, sua longa pelagem acabou sendo um empecilho,
tornando-se uma pesada carga ao molhar-se. O outro carneiro, no entanto,
estava tosquiado. Era leve, locomovia-se com facilidade, conseguindo,
assim, sobreviver.
Nossos sábios aconselham a pessoa atravessar ao "outro lado"
com pesos leves; ou seja, a livrar-se do dinheiro extra, distribuindo-o
para tsedacá. Se a pessoa, em vez disso, guardar e acumular dinheiro,
por fim este o arrastará para baixo. Pois ela não utilizou
sua fortuna conforme os ensinamentos da Torá.
O fiador do empréstimo
Um filósofo perguntou a Rabi Gamliel: "Sua Torá lhes
ordena a dar tsedacá freqüentemente, e não ter receio
de comprometer sua situação financeira. Mas esse receio
não é algo natural? Como alguém pode dar seu dinheiro
sem se preocupar se deveria ou não poupá-lo para uma hora
de necessidade?
Rabi Gamliel, então, indagou: "Se lhe pedissem um empréstimo,
você concederia?"
"Depende de quem está pedindo," respondeu o filósofo.
"Se o requerente for um estranho, eu teria medo de perder meu dinheiro."
"E se o requerente apresentasse fiadores?", perguntou Rabi Gamliel.
"Bem, se eu soubesse que são confiáveis, concordaria,"
replicou o filósofo.
"Deixe-me perguntar-lhe", continuou Rabi Gamliel, "como
você se sentiria se o requerente apresentasse o chefe do governo
como fiador?"
"Certamente eu lhe emprestaria o dinheiro, sob estas circunstâncias,
pois estaria completamente seguro de que meu empréstimo está
garantido," declarou o filósofo.
Rabi Gamliel explicou: "Quando alguém dá tsedacá,
ele na verdade concede um empréstimo garantido pelo Criador do
Universo. As escrituras dizem: "Aquele que dá ao pobre com
benevolência empresta a D’us, Que lhe retribuirá tudo
o que lhe é devido." (D’us pagará ao benfeitor
neste mundo, restituindo-lhe o ‘empréstimo’, e guarda
a recompensa completa para o mundo vindouro.) Ninguém é
tão honrado e digno de confiança como o Criador; se Ele
garante que restitui o dinheiro ao doador: por que alguém deveria
hesitar em dar tsedacá ?
Ninguém nunca ficou pobre por dar tsedacá.
De fato, a verdade é o oposto, de acordo com o versículo:
"Aquele que dá tsedacá ao pobre, nada lhe faltará".
D’us restitui o dinheiro gasto em tsedacá, ao passo que o
dinheiro sonegado ao pobre, ao fim, será perdido.
O sustento do estudo da Torá
Rabi El’azar, Rabi Yehoshua e Rabi Akiva percorriam o país
a fim de coletar uma vasta soma para sustentar os estudiosos da Torá
carentes.
Eles chegaram aos arredores de Antióquia, lar de Aba Yudan, o famoso
magnata e filantropo. Quando Aba Yudan viu os sábios se aproximando,
empalideceu de vergonha e pesar, pois havia perdido todo o seu dinheiro,
e não poderia ajudá-los.
Sua esposa ficou chocada ao ver que sua aparência mudara tão
drasticamente, e indagou-lhe a razão.
"Os sábios estão visitando nossa vizinhança,"
ele respondeu, "e não tenho posses para fazer-lhes um donativo."
Sua esposa, que era ainda mais generosa que ele, aconselhou-o: "Venda
metade do campo que nos restou, e dê o dinheiro aos sábios."
(Este era um ato de bondade não requerido pela lei.)
Ao receberem seu presente, os sábios o abençoaram: "Que
o Todo-Poderoso reponha sua perda!"
Mais tarde, enquanto Aba Yudan estava arando a parte que lhe restou do
campo, sua vaca caiu num buraco e quebrou a perna. Ao entrar no buraco
para socorrê-la, D’us iluminou os olhos de Aba Yudan, e de
repente ele avistou um tesouro enterrado naquele buraco. Cheio de júbilo,
exclamou: "Minha vaca machucou-se para meu benefício!"
Da próxima vez que os sábios visitaram aquela vizinhança,
indagaram:
"Como está Aba Yudan?"
Responderam-lhes: "Aba Yudan possui escravos, rebanhos de carneiros
e cáfilas de camelos. Não temos palavras para descrever
sua fantástica fortuna!"
Aba Yudan soube da chegada dos sábios e foi dar-lhes as boas-vindas:
"Suas preces em prol de meu sucesso foram muito benéficas,"
disse-lhes. "D’us não apenas repôs o dinheiro
que dei a vocês, como abençoou-me com muito mais do que jamais
tive!"
Eles retrucaram:
"Seu sucesso se deve aos seus próprios atos de tsedacá.
Já que você deu tsedacá com tanta generosidade, D’us
considerou-o merecedor de Suas bênçãos."
Sobre ele os sábios citam o versículo: "Um presente
generoso (para tsedacá) acarreta que seu sustento seja ampliado."
Investimento "imobiliário"
Rabi Tarfon, que era um homem muito rico, não dava tsedacá
proporcionalmente à sua fortuna.Rabi Akiva propôs-lhe a seguinte
questão: "Você quer que eu invista uma parte de seu
dinheiro em imóveis?" Rabi Tarfon concordou, e deu-lhe quatrocentos
dinares de ouro. Rabi Akiva pegou o dinheiro e distribui-o entre os pobres.
Depois de algum tempo, quando Rabi Tarfon pediu-lhe para ver seus imóveis,
Rabi Akiva conduziu-o ao Bet Hamidrash (casa de estudos), abriu o livro
de Tehilim, e leu: "Aquele que distribuiu amigavelmente e dá
aos pobres, sua virtude e retidão perdurarão para sempre."
(Tehilim, 112:9) "Foi assim que investi seu dinheiro."
Rabi Tarfon beijou-o e exclamou: "Você é meu mestre
e professor. É mais sábio que eu, e ensinou-me a lição
da maneira correta."
A fim de realmente demonstrar sua aprovação, Rabi Tarfon
deu mais dinheiro a Rabi Akiva, para doar aos pobres.
De fato, Rabi Akiva não enganou Rabi Tarfon quando descreveu o
ato de dar tsedacá como "investimento em imóveis".
Quando alguém dá tsedacá neste mundo, está
investindo numa casa para sua alma no mundo vindouro.
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