O que acontece com a kipá?
  Por Aron Moss
 

Pergunta:

Eu gostaria de fazer-lhe uma pergunta sobre cobrir a cabeça com uma kipá ou um chapéu. Deixe-me primeiro dizer que não pretendo ser desrespeitoso. Minha pergunta é a seguinte: se eu sei que cobrir a cabeça significa reconhecer que D’us está acima de mim, por que preciso realmente cobrir a cabeça, pois já sei que Ele está acima de mim em minha mente e coração?

Resposta:

Primeiro, fazer uma pergunta sincera jamais é desrespeitoso.

A kipá é um pouco como uma aliança de casamento. A aliança é um sinal de que você pertence a alguém. Então, se você pensa no seu ente querido o tempo todo, não precisa mais usar a aliança? A aliança é usada somente até um amar o outro o bastante para não precisar de um lembrete? Claro que não, porque:

1 – Só porque você "sabe" que é casado, isso não significa que você não vai "esquecer" quando as tentações surgirem.

2 – O anel não é apenas um símbolo para quem o usa. Também transmite uma mensagem a todos que o vêem. Todos devem saber que esta pessoa pertence a uma outra.

3 – Se você vê o casamento como um fardo, então você usa a aliança como uma bola com corrente no pé. Mas se você está em um relacionamento profundo e verdadeiro, então você usa o anel com orgulho, porque a própria existência do anel significa que existe alguém que o ama mais que tudo no mundo.

O mesmo ocorre com a kipá.

1 – Somente uma pessoa muito sagrada poderia estar consciente de D’us o tempo todo. O restante de nós (homens) precisa de algo muito concreto para nos lembrar que Ele está sempre ali.

2 – Serve também para nos identificar como judeus aos olhos de todos ao nosso redor, de que "pertencemos" a algo e a Alguém.

3 – E nós o usamos com orgulho, porque o povo judeu tem um relacionamento profundo e amoroso com D’us. O verdadeiro amor está com você o tempo todo. E você quer contar ao mundo!

Pergunta:

Gostei da explicação sobre a kipá, mas porque então somente os homens usam kipot? Como as mulheres se identificam como judias aos olhos daqueles em volta?

Rabi Moss:

No e-mail, eu enfatizei a beleza de usar uma kipá. Mas no final, é um sinal de fraqueza. Somente porque a espiritualidade é alheia a nós, precisamos de um lembrete concreto dela. Segundo a Cabalá, a alma feminina está mais sintonizada com estas coisas e portanto não precisa de algo tão superficial para lembrá-la de sua conexão inata com D’us. É por isso que os homens precisam de mais cerimônia e rituais que as mulheres (como talit, tefilin, chamadas à Torá). Os homens são mais físicos e grosseiros (concorda?). Sem o ritual, a espiritualidade é abstrata demais para os homens entenderem. Uma mulher é mais sensível àquilo que é sagrado e sublime, e portanto não precisa de tantos rituais para expressar sua conexão de alma.

A propósito, isso não é uma tentativa de proteger mulheres ou de mudar idéias judaicas para serem mais modernas e aceitáveis. É um conceito antigo, escrito pelos místicos há milhares de anos.

Pergunta:

Muito interessante, sua explicação. E de forma alguma achei que estava protegendo as mulheres. Na verdade, foi o oposto. O estudo da Lei Judaica abriu meus olhos para o grande respeito que o Judaísmo tem pelas mulheres.

Mas você também escreveu que a kipá serve para nos identificar como judeus aos olhos dos outros. Se eu não estiver usando algo visível, como aqueles ao meu redor perceberão isso?

Rabi Moss:


Bem lembrado. Um homem precisa "anunciar" seu Judaísmo não tanto para as pessoas ao redor como para si mesmo. A espiritualidade masculina é agressiva e visível, e precisa ser mostrada. Esta é uma maneira de refinar o ego masculino. A espiritualidade feminina é mais interior e sutil, e seria comprometida se fosse anunciada.


Rabi Aron Moss ensina Cabalá, Talmud e Judaísmo prático na Fundação para a Educação em Sidney, Austrália.