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Talvez
nada seja tão prejudicial ao povo judeu quanto a idéia moderna
de que o Judaísmo é uma religião. Se somos uma religião,
então alguns judeus são mais judeus, outros menos judeus
e muitos não são judeus de maneira alguma.
É uma mentira. Somos todos um só. Se um judeu come carne
de porco ou trabalha no Shabat, D’us não o permita, é
como se todos nós estivéssemos transgredindo junto com ele.
Quando o mesmo judeu estende a mão para dar uma esmola a um necessitado,
para enrolar o tefilin no braço ou acender uma vela antes do Shabat
– todos nós esticamos o braço juntos.
Não somos uma religião. Somos uma alma. Uma única
alma irradiando para muitos corpos, cada raio brilhando em sua missão
única, cada corpo recebendo a luz segundo a sua capacidade, cada
personificação desempenhando seu papel crucial. Juntos,
compomos uma sinfonia sem partes redundantes, nenhum instrumento mais
vital que o outro. E nosso caminho de volta àquela fonte original
de luz é através de todos os raios que se estendem a partir
dela.
Um
corpo sadio é aquele no qual todas as partes trabalham
em harmonia. Um povo judeu saudável é uma grande
família, onde cada indivíduo está preocupado
pelo outro como se fosse ele mesmo.
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Um corpo sadio é
aquele no qual todas as partes trabalham em harmonia. Um povo judeu saudável
é uma grande família, onde cada indivíduo está
preocupado pelo outro como se fosse ele mesmo. Quando um judeu enfrenta
tempos difíceis o outro segura suas mãos. Quando alguém
é bafejado pela boa sorte, todos nós festejamos. Ninguém
é rotulado pelas suas crenças, comportamento ou passado.
Cada qual se apressa a fazer um ato de bondade para com o outro e fecha
os olhos e ouvidos à vergonha do outro.
E se, por algum motivo, um ofender o outro, então tudo é
resolvido com sensibilidade. Ou talvez seja simplesmente esquecido –
como a mão direita perdoa a esquerda por fazer algum gesto desajeitado.
Eu não deveria amar a todos?
Alguns não acham que os judeus deveriam selecionar outros judeus
para tratamento especial. Na mente deles, não há subgrupos
de humanidade; todas as distinções deveriam ser extintas.
Parece muito bom. O problema é que isso tem pouco a ver com as
realidades da natureza humana. E menos ainda com a natureza do verdadeiro
amor. Se alguém ignora as necessidades de seu próprio irmão,
o que há por trás de sua bondade para com os outros? Primeiro
aprendemos a cuidar de nossa própria família e depois podemos
realmente nos preocupar com os outros. Este é o caminho que a Torá
nos dá para atingirmos o oceano além de nosso próprio
ego: primeiro encontre o rio do qual você é afluente, o local
de onde vem, o destino ao qual deve se dirigir e o povo com quem você
partilha aquela herança e jornada. Depois então você
poderá ir mais além.
Isso funciona. Até nos guetos da Idade Média, mendigos não-judeus
sabiam bater primeiro nas portas dos judeus.1 As coisas não mudaram
muito: quando o Peace Corps foi fundado nos Estados Unidos, 40% dos voluntários
eram judeus2. E um estudo em 1987 descobriu que quanto mais voluntários
uma família oferece para causas judaicas, mais tende a oferecer
também para causas não-judaicas.3 Se pregássemos
exclusivamente a universalidade, não haveria judeus para serem
voluntários – teríamos desaparecido há muito
tempo, juntamente com nossa mensagem de justiça social para o mundo.
Há um outro motivo para você começar com seu irmão
judeu. Se não cuidarmos do que é nosso, quem o fará?
Talvez seja este o segredo da nossa sobrevivência. Nisso somos singulares;
até hoje, quando um judeu foca sabendo da provação
de algum outro judeu em qualquer lugar do mundo, identifica-se com ele,
sente seu sofrimento e faz todo o possível para ajudar.
Falando de Maneira Prática
Em 1976, o Rebe acrescentou a mitsvá de Ahavat Yisrael (amor pelo
próximo judeu) à sua "campanha de mitsvá"
– uma lista de ações práticas que ele propôs
para encorajar todo judeu, independentemente de seu grau de observância
religiosa, a fazer uma ação Divina. Obviamente, Ahavat Yisrael
tem sido um pilar central do Chassidismo e especialmente da liderança
do Rebe, desde o seu início; sua inclusão na campanha das
mitsvot simplesmente significava que Ahavat Yisrael não deveria
ser algo que os chassidim praticavam, mas um valor judaico ativamente
ensinado ao mundo em geral.
Eis aqui algumas das coisas práticas que o Rebe pediu que todo
judeu fizesse:
1 – Inicie toda manhã dizendo: "Aceito sobre mim a mitsvá
de amar meu próximo como a mim mesmo."
2 – Fale somente o bem sobre outras pessoas. Nem sequer escute uma
má palavra, a menos que algum bem possa resultar para aquela pessoa
por meio dessa conversa.
3 – Procure oportunidades de fazer um favor a seu semelhante.
4 – Apóie um fundo de empréstimos judaico sem juros.
5 – Aproxime os judeus uns dos outros. Ajude a derrubar as falsas
barreiras da idade, filiação e etnia.
5 – Convide outros judeus a partilharem o que temos de mais precioso:
nossa Torá e nossas mitsvot.
Das Fontes
"Ama teu próximo como a ti mesmo."
Vayicrá 19:18
"Este é o maior princípio da Torá."
Rabi Akiva"
"Todo o povo judeu é um todo único, perfeito."
Zôhar
"Toda manhã, antes de suas preces, comprometa-se a amar outro
judeu como a si mesmo. Então suas preces serão aceitas e
produzirão frutos."
Rabi Yitschac Luria, "O Ari"
"Uma alma desce de seu lugar no alto e entra neste mundo por setenta
ou oitenta anos apenas para fazer um favor a outra."
O Báal Shem Tov
"Você ouve o que dizem na academia celestial? Que amar seu
próximo judeu significa amar o totalmente perverso assim como você
ama o completamente justo!"
O Maguid de Mezeritch
"Etiquetas são para camisas, não para judeus. Servimos
a todos os judeus igualmente, sem expectativas."
O Rebe
Notas:
1 – Abrahams, Jewish Life in the Middle Ages, pág,
329.
2 – John, Jews, Justice and Judaism, pág. 292.
3 – Wuthnow and Hodgkinson, Faith and Philantropy in America, pág.
135. |