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RESPOSTA:
Há uma diferença entre os dois; enquanto a mitsvá
de talit e tsitsit consta claramente na Torá escrita, a da kipá
foi um costume instituído por nossos sábios do Talmud.
Nossos sábios apreenderam a mitsvá de tsitsit dos seguintes
versículos: “Façam para eles franjas sobre as bordas
de suas vestes...” (Bamidbar XV:38); “Franjas farás
para ti e as porás nos quatro cantos de tua vestimenta com que
te cobrires” (Devarim XXII:12). Um homem que veste ou se cobre com
qualquer peça de roupa com quatro pontas sem tsitsit transgride
esta mitsvá.
Uma vez que num lugar a mitsvá consta como tsitsit (grupos de fios
soltos) e no outro como guedilim (fios trançados), nossos sábios
aprenderam que cada uma das quatro pontas da roupa deve ter fios parcialmente
trançados e outros parcialmente soltos. Assim, em cada uma das
quatro pontas devem ser colocados quatro fios dobrados na metade, totalizando
oito pontas; fazemos com eles cinco nós duplos; e em cada um dos
quatro espaços entre os nós enrolamos um fio sobre os demais,
como uma trança; o restante dos fios, de preferência dois
terços, deve ficar solto.
Há vários detalhes nestas leis, como o comprimento dos fios,
o tamanho mínimo e formato do talit, se o tsitsit continua casher
quando se rompe um ou mais fios, etc.
Pela Torá, a mitsvá de tsitsit só seria necessária
quando fosse usada uma roupa de quatro pontas. Porém, por sua importância,
nossos sábios instituíram que fossem usados diariamente;
é proibido andar até mesmo dois metros sem eles. Além
disso, também determinaram que durante as orações
matinais, principalmente durante a leitura do Shemá, deve-se usar
um talit gadol, ou seja, uma vestimenta grande de quatro pontas por cima
da roupa, q ue cubra a maior parte do troncos.
O talit foi instituído pelo fato de a melhor maneira de cumprir
a mitsvá de tsitsit é ao envolver a maior parte do corpo,
inclusive a cabeça, de maneira semelhante a um manto (o talit catan,
o pequeno talit de quatro pontas geralmente usado sob as roupas, não
envolve o corpo). Entre ashkenazim, os solteiros não costumam usar
o talit gadol, cumprindo a mitsvá apenas com o talit catan; já
entre sefaradim, todos os homens, desde pequenos, usam o talit durante
as orações.
Ao vestir o talit gadol, uma bênção ré recitada,
agradecendo a D’us pela mitsvá de nos envolver com os tsitsit.
Como o talit catan não nos envolve, portanto, sua bênção
é concluída com “.…al mitsvat tsitsit”
– agradecendo por receber a mitsvá de tsitsit.
Consta na Torá no trecho relativo a esta mitsvá: “Será
para vós por franjas e as vereis e lembrareis todas os mandamentos
e os fareis…” Esta mitsvá só é cumprida
durante o dia quando os fios podem ser vistos.
Mulheres estão isentas de cumpri-la, assim como a maioria das mitsvot
com prazo de cumprimento (como tefilin, sucá, lulav, shofar, etc.).
Há mitsvot que as mulheres cumprem apesar de não ordenadas;
porém, a mitsvá de talit e tsitsit não devem cumprir
por razões cabalísticas e por transgredir a proibição
da Torá de não usar adornos masculinos.
Como vimos no versículo acima, esta mitsvá nos remete a
todas as mitsvot da Torá e nos encoraja a cumpri-las. Nossos sábios
ensinaram que o valor da palavra tsitsit é 600; somado a isto os
oito fios e os cinco nós (em cada lado) dá o total de 613,
o número das mitsvot da Torá. Por isso, é costume
deixar os fios à vista para, constantemente, lembrar todas as mitsvot.
Muitos costumam usar o talit catan mesmo à noite, apesar de isentos,
e até ao dormir, para não se separar desta mitsvá.
Segundo Maimônides “quem tem tefilin no braço e sobre
a cabeça, tsitsit nas vestes e mezuzá nas portas, é
assegurado que não pecará; estes são os anjos que
o protegem dos pecados e sempre o lembram de praticar o bem.”
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