Shabat Shemitá  
   
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  Ainda é observado?
     
 

Sempre fiquei muito curioso a respeito do funcionamento do Shabat Shemitá e se ainda observamos este preceito. Em caso positivo, de que forma?

 
     
 

RESPOSTA:

Shemitá
O descanso da terra a cada sete anos


D'us ordenou ao povo judeu: "O sétimo dia da semana é Shabat. Neste dia, vocês devem abster-se de trabalhar." Cumprimos o Shabat para recordar que "D'us criou o mundo em seis dias e no sétimo dia Ele descansou."

D'us também nos ordenou que guardássemos outro tipo de Shabat: "A cada sete anos, a terra de Israel terá um 'Shabat'". O Shabat da terra chama-se Shemitá, que significa "deixar livre" ou "retirar-se". Durante o ano de Shemitá os agricultores de Israel não trabalham a terra.

Por que D'us ordenou ao povo judeu a mitsvá de guardar os anos de Shemitá?

Quando um agricultor, que tira seu sustento da terra, para sua produção a cada sete anos, demostra que confia verdadeiramente em D’us, que providenciará seu sustento e de toda sua família fornecendo tudo de que necessitam. D'us deseja que Seu povo, em qualquer lugar onde esteja, lembre sempre de Onde provêm sua vida e sustento: não nascem da terra, nem de fortuna acumulada do homem, mas das mãos do Criador e somente Dele. Por isso, D'us ordenou ao povo judeu a mitsvá de Shemitá, até hoje observada na Terra de Israel.

D’us também desejava que o ano de Shemitá, de inatividade do trabalho, permitisse que os agricultores pudessem se dedicar mais ao estudo da Torá.

A Torá nos conta as conseqüências acarretadas por um judeu que falha em observar Shemitá: D'us disse: "Eu te ordeno a trabalhar seis anos e permitir à Terra descansar no sétimo, porém tu a privas de seu devido descanso. Portanto, serás exilado, e ela então será recompensada de todos os anos de descanso dos quais a privaste." (Vayicrá 26:43).

As três promessas de D'us ao povo judeu


D'us fez três promessas ao povo judeu, se observassem a mitsvá de Shemitá:

1. D'us prometeu que a colheita do ano anterior ao ano de Shemitá duraria três anos: "Não se preocupem. Abençoarei a terra, de modo que a colheita do sexto ano seja suficiente para o sexto, sétimo e oitavo anos."

2. D'us prometeu que "Durante o ano de Shemitá ficariam satisfeitos, apesar de comerem pequenas quantidades de alimento. Assim, sua produção agrícola durará."

3. E a terceira promessa: "Se guardarem tanto os anos de Shemitá como os de Yovel (Jubileu), estarão seguros em Israel. Porém se não observarem nem Shemitá, nem Yovel, seus inimigos os forçarão ao exílio."

Lições da Shemitá

O judeu não deve tornar-se auto-confiante e pensar que sua prosperidade é resultado do trabalho de suas próprias mãos. Ele deve estar consciente de dois pontos: a fertilidade da terra e prosperidade da colheita são determinadas por fatores além de seu controle como as chuvas, calor ou geada, e assim por diante. D'us pode enviar animais selvagens, insetos, ou outros agentes prejudiciais para destruir a produção inteira, se Ele assim o desejar.

O próprio crescimento da planta não é resultado automático de ter sido semeada. Nada consegue crescer, brotar, desenvolver-se, ou sequer existir sem a Vontade do Todo-Poderoso. Se Ele retirar Sua Vontade de conceder vida a algo no universo, nem que seja por um instante, este cessaria de existir.

Leis especiais

1. No ano de Shemitá um judeu não pode trabalhar a terra em Israel
O ano de Shemitá começa em Rosh Hashaná e termina antes de Rosh Hashaná do ano seguinte. Neste período, um agricultor judeu, em Israel, não pode semear, arar, plantar ou colher; tampouco pode arar ou realizar qualquer tarefa que implemente o solo. É um ano de descanso do trabalho agropecuário. Apenas os cuidados mínimos necessários especificados pela Halachá (Lei Judaica) são permitidos, a fim de evitar que as plantas pereçam.

2. Os frutos do ano de Shemitá são sagrados e não pertencem ao agricultor
Durante o ano de Shemitá, um agricultor não pode colher todos os frutos para si, mesmo que veja suas árvores frutíferas florescerem e darem frutos. Os frutos que crescem durante o ano de Shemitá não pertencem ao seu dono. Pertencem a D'us, Que ordenou que fossem compartilhados igualmente entre todos. Qualquer judeu que queira pode colher alguns frutos para si. O proprietário não pode trancar o portão e impedir que outros judeus entrem. Estes podem colher tudo o que necessitam para aquele dia; não podem, todavia, pegar mais que isto. O proprietário pode comer da produção de seus campos como qualquer estranho, e levar para casa o suficiente para as refeições de um dia, porém não pode colher toda a produção, pois isto seria como se estivesse reivindicando sua propriedade.

Se alguém, durante a Shemitá, colher produtos do seu campo para comer em casa, não é permitido que os estoque indefinidamente. Deve removê-los de suas posses num determinado prazo, e deixar que pessoas necessitadas os apanhem.

O prazo para remoção é diferente para cada tipo de produto, coincidindo com o momento em que as produções agrícolas particulares não estejam mais à disposição nos campos.Todos os frutos que crescem no ano de Shemitá são santos e devem ser tratados com o devido respeito, de maneira diferente dos outros frutos. As frutas não podem ser vendidas. As cascas e outras partes não comestíveis não podem ser jogadas no lixo, mas deixadas no campo, ou que se estraguem sozinhas. As verduras têm uma lei diferente: Nossos Sábios decretaram que não se pode comer nenhuma verdura que cresce no ano de Shemitá. Temiam que se não existisse esta lei, alguém desonesto poderia plantar verduras na Shemitá e dizer que cresceram sozinhas.

Os produtos de Shemitá não podem ser vendidos comercialmente, por causa de sua santidade; nem mesmo após o ano de Shemitá, uma vez que são sagrados para sempre. De acordo com muitos rabinos esses não podem sequer ser exportados para países fora de Israel.

Consumidores de produtos importados de Israel devem certificar-se de que não estão comprando nada que tenha crescido em anos de Shemitá. Produtos frescos de Israel geralmente chegam ao exterior durante o ano de Shemitá, e no seguinte. Enlatados fabricados em Shemitá permanecem no mercado ainda por muitos anos.

3. O perdão dos empréstimos no ano de Shemitá.
Um judeu que emprestou dinheiro a outro não pode exigir sua devolução daquele que o tomou emprestado ao término do ano de Shemitá. Esta mitsvá se aplica tanto em Israel como na diáspora.
Já na época do Talmud, devido a esta lei, muitas pessoas deixavam de fazer empréstimos quando a Shemitá se aproximava. Para evitar este comportamento, o ilustre erudito e líder, Hilel, instituiu uma fórmula que permite reclamar o pagamento mesmo depois do sétimo ano, feito através de um documento chamado Peruzbul. Consiste no credor transferir suas dívidas a uma corte rabínica antes do ano sabático, quando então a dívida deixa de ser individual, tornando-se passível de cobrança (conforme a própria lei da Torá estipula) durante ou após a Shemitá.

Hoje em dia também observamos Shemitá?


Apesar da destruição do Templo Sagrado, todas as leis acima mencionadas também vigoram atualmente na Terra de Israel.

Além disto, as lições são universais. Todo empresário e profissional, independente do estágio em que se encontre em sua carreira, não deve sucumbir ao equívoco de que é seu trabalho, esforços e riquezas que asseguram-lhe o sustento. Tampouco seu negócio, nem sua indústria ou empregador são seus "fornecedores de sustento." Há apenas Um Que é o encarregado, e somente Ele determina se alguém terá sucesso em seus esforços ou não. Não importa quão desesperadamente um homem luta para ser bem sucedido em seus negócios, seus planos serão sabotados e darão em nada, se assim for decretado por D’us. Por outro lado, se o decreto Celestial for que deva prosperar, um esforço mínimo garantirá o mesmo resultado. O tipo de profissão escolhido pela pessoa não lhe garante uma vida de prosperidade ou pobreza. D'us despeja riquezas sobre cada indivíduo conforme Ele julga adequado. Portanto, cada um deve implorar-Lhe, a Quem é o Mestre de todas as riquezas, que lhe conceda sustento.

Os judeus que vivem na diáspora também podem participar da mitsvá de Shemitá doando dinheiro a um fundo especial de auxílio aos agricultores que guardam Shemitá.

O Midrash compara os judeus que se abstém de trabalhar a terra durante Shemitá aos anjos, que depositam sua existência e total confiança em D'us. Nossos Sábios ensinam: "Mashiach virá ao final de um ano de Shemitá". Os que observam o ano de Shemitá como se deve contribuem para aproximar a sua chegada.

 
   
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