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RESPOSTA:
Shemitá
O descanso da terra a cada sete anos
D'us ordenou ao povo judeu: "O sétimo dia da semana é
Shabat. Neste dia, vocês devem abster-se de trabalhar." Cumprimos
o Shabat para recordar que "D'us criou o mundo em seis dias e no
sétimo dia Ele descansou."
D'us também nos ordenou que guardássemos outro tipo de Shabat:
"A cada sete anos, a terra de Israel terá um 'Shabat'".
O Shabat da terra chama-se Shemitá, que significa "deixar
livre" ou "retirar-se". Durante o ano de Shemitá
os agricultores de Israel não trabalham a terra.
Por que D'us ordenou ao povo judeu a mitsvá de guardar os anos
de Shemitá?
Quando um agricultor, que tira seu sustento da terra, para sua produção
a cada sete anos, demostra que confia verdadeiramente em D’us, que
providenciará seu sustento e de toda sua família fornecendo
tudo de que necessitam. D'us deseja que Seu povo, em qualquer lugar onde
esteja, lembre sempre de Onde provêm sua vida e sustento: não
nascem da terra, nem de fortuna acumulada do homem, mas das mãos
do Criador e somente Dele. Por isso, D'us ordenou ao povo judeu a mitsvá
de Shemitá, até hoje observada na Terra de Israel.
D’us também desejava que o ano de Shemitá, de inatividade
do trabalho, permitisse que os agricultores pudessem se dedicar mais ao
estudo da Torá.
A Torá nos conta as conseqüências acarretadas por um
judeu que falha em observar Shemitá: D'us disse: "Eu te ordeno
a trabalhar seis anos e permitir à Terra descansar no sétimo,
porém tu a privas de seu devido descanso. Portanto, serás
exilado, e ela então será recompensada de todos os anos
de descanso dos quais a privaste." (Vayicrá 26:43).
As três promessas de D'us ao povo judeu
D'us fez três promessas ao povo judeu, se observassem a mitsvá
de Shemitá:
1. D'us prometeu que a colheita do ano anterior ao ano de Shemitá
duraria três anos: "Não se preocupem. Abençoarei
a terra, de modo que a colheita do sexto ano seja suficiente para o sexto,
sétimo e oitavo anos."
2. D'us prometeu que "Durante o ano de Shemitá ficariam satisfeitos,
apesar de comerem pequenas quantidades de alimento. Assim, sua produção
agrícola durará."
3. E a terceira promessa: "Se guardarem tanto os anos de Shemitá
como os de Yovel (Jubileu), estarão seguros em Israel. Porém
se não observarem nem Shemitá, nem Yovel, seus inimigos
os forçarão ao exílio."
Lições da Shemitá
O judeu não deve tornar-se auto-confiante e pensar que sua prosperidade
é resultado do trabalho de suas próprias mãos. Ele
deve estar consciente de dois pontos: a fertilidade da terra e prosperidade
da colheita são determinadas por fatores além de seu controle
como as chuvas, calor ou geada, e assim por diante. D'us pode enviar animais
selvagens, insetos, ou outros agentes prejudiciais para destruir a produção
inteira, se Ele assim o desejar.
O próprio crescimento da planta não é resultado automático
de ter sido semeada. Nada consegue crescer, brotar, desenvolver-se, ou
sequer existir sem a Vontade do Todo-Poderoso. Se Ele retirar Sua Vontade
de conceder vida a algo no universo, nem que seja por um instante, este
cessaria de existir.
Leis especiais
1. No ano de Shemitá um judeu não pode trabalhar a terra
em Israel
O ano de Shemitá começa em Rosh Hashaná e termina
antes de Rosh Hashaná do ano seguinte. Neste período, um
agricultor judeu, em Israel, não pode semear, arar, plantar ou
colher; tampouco pode arar ou realizar qualquer tarefa que implemente
o solo. É um ano de descanso do trabalho agropecuário. Apenas
os cuidados mínimos necessários especificados pela Halachá
(Lei Judaica) são permitidos, a fim de evitar que as plantas pereçam.
2. Os frutos do ano de Shemitá são sagrados e não
pertencem ao agricultor
Durante o ano de Shemitá, um agricultor não pode colher
todos os frutos para si, mesmo que veja suas árvores frutíferas
florescerem e darem frutos. Os frutos que crescem durante o ano de Shemitá
não pertencem ao seu dono. Pertencem a D'us, Que ordenou que fossem
compartilhados igualmente entre todos. Qualquer judeu que queira pode
colher alguns frutos para si. O proprietário não pode trancar
o portão e impedir que outros judeus entrem. Estes podem colher
tudo o que necessitam para aquele dia; não podem, todavia, pegar
mais que isto. O proprietário pode comer da produção
de seus campos como qualquer estranho, e levar para casa o suficiente
para as refeições de um dia, porém não pode
colher toda a produção, pois isto seria como se estivesse
reivindicando sua propriedade.
Se alguém, durante a Shemitá, colher produtos do seu campo
para comer em casa, não é permitido que os estoque indefinidamente.
Deve removê-los de suas posses num determinado prazo, e deixar que
pessoas necessitadas os apanhem.
O prazo para remoção é diferente para cada tipo de
produto, coincidindo com o momento em que as produções agrícolas
particulares não estejam mais à disposição
nos campos.Todos os frutos que crescem no ano de Shemitá são
santos e devem ser tratados com o devido respeito, de maneira diferente
dos outros frutos. As frutas não podem ser vendidas. As cascas
e outras partes não comestíveis não podem ser jogadas
no lixo, mas deixadas no campo, ou que se estraguem sozinhas. As verduras
têm uma lei diferente: Nossos Sábios decretaram que não
se pode comer nenhuma verdura que cresce no ano de Shemitá. Temiam
que se não existisse esta lei, alguém desonesto poderia
plantar verduras na Shemitá e dizer que cresceram sozinhas.
Os produtos de Shemitá não podem ser vendidos comercialmente,
por causa de sua santidade; nem mesmo após o ano de Shemitá,
uma vez que são sagrados para sempre. De acordo com muitos rabinos
esses não podem sequer ser exportados para países fora de
Israel.
Consumidores de produtos importados de Israel devem certificar-se de que
não estão comprando nada que tenha crescido em anos de Shemitá.
Produtos frescos de Israel geralmente chegam ao exterior durante o ano
de Shemitá, e no seguinte. Enlatados fabricados em Shemitá
permanecem no mercado ainda por muitos anos.
3. O perdão dos empréstimos no ano de Shemitá.
Um judeu que emprestou dinheiro a outro não pode exigir sua devolução
daquele que o tomou emprestado ao término do ano de Shemitá.
Esta mitsvá se aplica tanto em Israel como na diáspora.
Já na época do Talmud, devido a esta lei, muitas pessoas
deixavam de fazer empréstimos quando a Shemitá se aproximava.
Para evitar este comportamento, o ilustre erudito e líder, Hilel,
instituiu uma fórmula que permite reclamar o pagamento mesmo depois
do sétimo ano, feito através de um documento chamado Peruzbul.
Consiste no credor transferir suas dívidas a uma corte rabínica
antes do ano sabático, quando então a dívida deixa
de ser individual, tornando-se passível de cobrança (conforme
a própria lei da Torá estipula) durante ou após a
Shemitá.
Hoje em dia também observamos Shemitá?
Apesar da destruição do Templo Sagrado, todas as leis acima
mencionadas também vigoram atualmente na Terra de Israel.
Além disto, as lições são universais. Todo
empresário e profissional, independente do estágio em que
se encontre em sua carreira, não deve sucumbir ao equívoco
de que é seu trabalho, esforços e riquezas que asseguram-lhe
o sustento. Tampouco seu negócio, nem sua indústria ou empregador
são seus "fornecedores de sustento." Há apenas
Um Que é o encarregado, e somente Ele determina se alguém
terá sucesso em seus esforços ou não. Não
importa quão desesperadamente um homem luta para ser bem sucedido
em seus negócios, seus planos serão sabotados e darão
em nada, se assim for decretado por D’us. Por outro lado, se o decreto
Celestial for que deva prosperar, um esforço mínimo garantirá
o mesmo resultado. O tipo de profissão escolhido pela pessoa não
lhe garante uma vida de prosperidade ou pobreza. D'us despeja riquezas
sobre cada indivíduo conforme Ele julga adequado. Portanto, cada
um deve implorar-Lhe, a Quem é o Mestre de todas as riquezas, que
lhe conceda sustento.
Os judeus que vivem na diáspora também podem participar
da mitsvá de Shemitá doando dinheiro a um fundo especial
de auxílio aos agricultores que guardam Shemitá.
O Midrash compara os judeus que se abstém de trabalhar a terra
durante Shemitá aos anjos, que depositam sua existência e
total confiança em D'us. Nossos Sábios ensinam: "Mashiach
virá ao final de um ano de Shemitá". Os que observam
o ano de Shemitá como se deve contribuem para aproximar a sua chegada.
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