Recompensa e castigo  
   
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  Paraíso e inferno
     
  Como o judaísmo explica o conceito de Paraíso, Purgatório e Inferno? Que fim terão os pecadores?  
     
 

RESPOSTA:

O ser humano é a única criatura da obra Divina dotada de livre arbítrio. D'us lhe deu a possibilidade de optar entre praticar o bem ou o mal. Porém, D'us condicionou sua escolha com a devida conseqüência, como consta no versículo (Devarim 30:15): "Vê que hoje pus diante de ti a vida e o bem, a morte e o mal..." Ou seja, ao fazer o bem recebemos a vida; ao praticarmos o mal ocorre o oposto.

Nossos Sábios explicam que vida e morte citadas no versículo não têm apenas o significado literal. Vida significa a recompensa, e morte, o castigo. Qual é a recompensa pelo cumprimento das mitsvot (preceitos) simbolizada pela vida? No Talmud, nossos Sábios afirmam que não existe recompensa suficiente para uma mitsvá neste mundo material, somente no Mundo Vindouro. Mas várias vezes encontramos na Torá referências a recompensas físicas pelo cumprimento de certas mitsvot; há várias interpretações para estas recompensas.

Maimônides, em suas leis sobre teshuvá, explica que a principal recompensa para as mitsvot é o Paraíso, para onde se dirigem as almas após a morte. Esta é chamada a verdadeira e eterna vida, e é a explicação do dito talmúdico que afirma que "os justos, mesmo após a morte, são chamados de vivos".

Com relação à recompensa material, Maimônides explica que esta não é a recompensa definitiva; é apenas um meio para ajudar no cumprimento das mitsvot, como consta na Ética dos Pais: "Todo aquele que cumpre Torá em pobreza, finalmente a cumprirá em riqueza." Isto quer dizer que, ao homem que se dedica ao estudo de Torá e cumprimento das mitsvot, D'us dará condições materiais para que possa cumprir Torá com mais tranquilidade. Ou seja, as recompensas materiais são apenas uma ajuda para trilhar o caminho do bem.

Já Nachmânides explica que a recompensa do Paraíso ainda não é o objetivo final. A recompensa definitiva será a Ressurreição dos Mortos, que ocorrerá após a Era Messiânica. O Paraíso, chamado Gan Êden, é onde ficam as almas que esperam o momento da Ressurreição.

O Guehinom, traduzido como Inferno ou Purgatório, é um dos estágios de purificação e expiação para as almas que, ao se despedirem deste mundo, não estão aptas a adentrar o Paraíso. O judaísmo, à luz da Chassidut, não considera o castigo como um objetivo por si. É apenas um meio para purificar a alma, preparando-a para um nível superior.

Porém, tudo isto não pode ser chamado de verdadeira recompensa para as mitsvot. O Talmud afirma: "A recompensa da mitsvá é a [própria] mitsvá." Ou seja, nada pode recompensar a mitsvá mais do que seu próprio cumprimento.

A Chassidut explica que a palavra mitsvá vem do radical "tsavtá", que significa união. Isto quer dizer que a maior recompensa da mitsvá é a união com D'us proveniente dela. Este é o verdadeiro contexto de vida, conforme aparece em outro versículo (Devarim 4:4): "E vós que aderis a Hashem, vosso D'us, estais todos vivos hoje." Aquele que transgride as leis da Torá, se afasta de D'us e até fazer teshuvá (arrepender-se do passado), está temporariamente ligado com o contrário da vida.

Entre os chassidim, narra-se que, de vez em quando, em suas ascensões espirituais, o Primeiro Rebe de Chabad, costumava exclamar: "D'us, não quero Teu Paraíso, nem Teu Mundo Vindouro. Quero apenas a Ti."

Veja mais no seguinte artigo: A ressurreição dos mortos

 
   
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