O Que É Judaísmo?  
   
  O que significa ser judeu?
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A maioria das pessoas, tanto judeus quanto gentios, diria instintivamente que o Judaísmo é uma religião. E mesmo assim, há ateus militantes que insistem que são judeus!
O Judaísmo é uma raça? Se você dissesse isto, a maioria dos judeus pensaria que você é anti-semita! Então, o que é Judaísmo?

     
 

RESPOSTA:

Obviamente, há uma religião chamada Judaísmo, um conjunto de idéias sobre o mundo e a maneira de vivermos nossa vida que é chamado de “Judaísmo”. É estudado nos cursos de Estudos Religiosos e ensinado a crianças judias nas escolas hebraicas. Veja “No que os Judeus Acreditam?” para mais detalhes. Há muita flexibilidade sobre determinados aspectos daquelas crenças, e bastante discordância sobre pontos específicos, mas aquela flexibilidade é construída no sistema organizado de crença que é o Judaísmo.

No entanto, muitas pessoas que se proclamam judeus não acreditam naquela religião!
Mais da metade dos judeus em Israel atualmente se chamam seculares, e não acreditam em D’us ou em qualquer das crenças religiosas do Judaísmo. Metade de todos os judeus nos Estados Unidos não pertencem a nenhuma sinagoga. Praticam alguns dos rituais do Judaísmo e celebram alguns dos Dias Festivos, mas não pensam nestas ações como atividades religiosas.

Os judeus mais tradicionais e os mais liberais, e todos que estão no meio disso concordariam que os indivíduos seculares ainda são judeus, independentemente de sua descrença.

Veja Quem é Judeu?
Claramente, então, há mais em ser judeu do que apenas uma religião.

Os Judeus São Uma Raça?

Nos anos de 1980, a Suprema Corte dos Estados Unidos decretou que os judeus são uma raça, pelo menos para propósitos de determinadas leis anti-discriminação.
Seu raciocínio: na época em que estas leis foram passadas, as pessoas falavam rotineiramente da “raça judaica” ou “raça italiana”, bem como da raça negra”, portanto era isto que os legisladores pretendiam proteger.

Porém muitos judeus ficaram profundamente ofendidos por aquela decisão, ofendidos por qualquer insinuação de que os judeus sejam considerados uma raça. A idéia de judeus como raça traz à mente visões de pesadelo sobre a Alemanha Nazista, onde os judeus foram declarados serem não apenas uma raça, mas uma raça inferior que tinha de ser colocada em guetos e exterminada como vermes.

Mas deixando de lado o problema emocional, os judeus claramente não são uma raça.
Raça é uma distinção genética, e refere-se a pessoas que compartilham ancestralidade e traços genéticos. Você não pode mudar a sua raça, está em seu DNA. Eu jamais poderia me tornar negro ou asiático, não importa quanto eu quisesse.

A ancestralidade em comum não é exigida para ser um judeu. Muitos judeus no mundo inteiro partilham uma ancestralidade comum, como é demonstrado pela pesquisa genética; no entanto, você pode ser um judeu sem partilhar esta ancestralidade comum, por exemplo, por intermédio da conversão. Assim, embora eu jamais possa me tornar negro ou asiático, negros e asiáticos se tornaram judeus.

É uma cultura ou um grupo étnico?

A maioria dos judeus seculares consideram seu Judaísmo uma questão de cultura ou etnia. Quando pensam sobre a cultura judaica, pensam na comida, no idioma yidish, o hebraico, em algumas observâncias limitadas de alguns feriados, e sobre valores culturais como a ênfase na educação.

Aqueles judeus seculares provavelmente ficariam surpresos ao saber que grande parte daquilo que consideram cultura judaica é realmente apenas a cultura ashkenazita judaica, dos judeus cujos ancestrais vieram de uma parte do mundo. Os judeus viveram em muitas partes do mundo, e desenvolveram muitas tradições diferentes. Como um amigo sefaradita gosta de me lembrar, o yidish não é parte de sua cultura, como não o são bagels e salmão defumado, patê de figado, latkes, guefilte fish ou sopa com kneidalachs. Sua idéia de culinária judaica inclui bourekas, lentilhas com coalhada, kibe, etc.

Existem alguns traços culturais e comportamentos que são partilhados por muitos judeus, que nos fazem sentir mais à vontade com outros judeus. Em muitas partes do mundo, os judeus partilham muitos daqueles aspectos culturais. No entanto, aquela cultura não é compartilhada por judeus de todo o mundo, e as pessoas que não dividem aquela cultura não são menos judaicas por causa disso. Assim, o Judaísmo deve ser algo mais que uma cultura ou um grupo étnico.

Os judeus são uma nação ou um povo
Fica claro pela discussão acima que se há uma certa verdade nas alegações que é uma religião, uma raça ou um grupo étnico, nenhuma dessas descrições é inteiramente adequada para descrever aquilo que conecta os judeus a outros judeus. E mesmo assim, quase todos os judeus têm uma sensação de conexão uns com os outros que muitos acham difícil de explicar, definir, ou entender.

A melhor explicação é a tradicional, fornecida pela Torá: que os judeus são uma nação. A palavra hebraica para nação, povo é “goy”. Usamos a palavra nação não no sentido moderno, querendo dizer uma entidade territorial e política, mas no sentido antigo, significando um grupo de pessoas com uma história comum, um destino comum e um senso de que estamos todos conectados uns aos outros. Nó somos, para resumir, um enorme família expandida.

Alguns judeus não gostam de usar a palavra “nação”. Os judeu têm com freqüência sido falsamente acusados de serem desleais ao seu próprio país devido à sua lealdade para com a “nação” judaica. Os anti-semitas rotineiramente acusam os judeus de serem mais leais a Israel que a seu país de origem. Mas qualquer que seja o nome que você dê, aquele senso de nacionalidade ou de ser um povo é provavelmente a única coisa sobre o Judaísmo com a qual podemos todos concordar e nos relacionar. Qualquer pessoa que tenha algum senso de identidade judaica partilha aquele senso de nacionalidade judaica.
O Judaísmo como religião é bastante orientado para a comunidade. Por exemplo, nossas preces são geralmente declaradas no plural, e devemos rezar em grupos comunais. Muitas de nossas observâncias dos feriados são orientados para a família ou comunidade, mesmo pessoas não religiosas têm aquela sensação de comunidade judaica.

Quando os judeus sofrem ou são perseguidos, todos sentimos o sofrimento. Por exemplo, nos anos 1980, quando a África estava sofrendo com secas e fome, muitos judeus de todo o mundo ficaram sabendo pela primeira vez sobre os judeus da Etiópia. Sua religião, raça e cultura são muito diferentes das nossas, e nem sequer sabíamos que existiam, antes da fome. Porém, nossos corações foram até eles como nossos irmãos judeus durante o período difícil, e judeus de todo o mundo os ajudaram a emigrar para Israel.

Quando um judeu faz algo ilegal, imoral ou vergonhoso, nós todos sentimos a vergonha, sentimos que isso se reflete sobre nós. E quando um judeu realiza algo significativo, todos nós sentimos orgulho.

Quando falamos nação nos referimos a nós mesmos como “o Povo Judeu” ou “Filhos de Israel” (uma referência ao nosso Patriarca Yaacov, também conhecido como Israel). Esta noção de judeus como nação ou povo abrange muitas das idéias já citadas como ancestralidade e cultura, mas também há espaço para a diversidade em cada uma dessas áreas. A parte mais importante de ser uma nação é este senso de interconexão.

 
   
   
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