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RESPOSTA:
A princípio,
havia apenas a Torá. Os judeus eram aqueles que se apegavam à
tradição de que seus antepassados tinham testemunhado uma
assombrosa revelação no Monte Sinai, algo que mudara a maneira
de eles entenderem o mundo e lidar com ele. Tinham um relatório
escrito, copiosamente preservado até o mínimo detalhe, bem
como uma vasta tradição oral que explicava aquele documento
escrito.
Ocasionalmente, havia detratores que questionavam a autoridade da Tradição
Oral e dos rabinos que tomavam decisões baseados na tradição
da Torá. Mas o alicerce do Judaísmo, unanimemente por três
mil anos, era a revelação e suas implicações.
Com o advento da classe média na Europa, muitos judeus sentiram
a necessidade de não parecer tão diferente de seus vizinhos.
Na Alemanha do século dezenove, nasceu o Movimento Reformista.
Seus líderes terminaram por repudiar a crença na divindade
da Torá. Quando na América, grande parte da liderança
ficou consternada com a rejeição do Movimento Reformista
pelas leis da alimentação casher, circuncisão, cessação
do trabalho no Shabat e muitos outros preceitos da Torá, eles formaram
o Movimento Conservador. Chamaram-no assim porque seu objetivo declarado
era conservar determinados rituais que eles consideravam elementos característicos
do Judaísmo, enquanto ao mesmo tempo permitiam aquelas reformas
necessárias para torná-lo aceitável ao judeu de sua
época.
Enquanto isso tudo ocorria, havia aqueles judeus teimosos que se recusavam
a mudar. Adotaram diversas estratégias para enfrentar os desafios
da modernidade. Alguns tomaram um caminho ainda mais estrito que antes,
outros fizeram adaptações que, segundo eles, não
afetariam a divindade da Torá. Outros ainda procuraram um significado
mais profundo na Torá, voltando-se aos aspectos espirituais ou
místicos. Todos estes foram englobados pelos movimentos separatistas
Reformista e Conservador como "ortodoxos" – significando
aqueles que não se desviariam do caminho reto para se adaptar.
Até hoje, muitos judeus recusam-se a ser rotulados com este termo,
preferindo descrever-se como "observantes de Torá" ou
simplesmente "Shomer Shabat".
Desde a Segunda Guerra Mundial, o Movimento Reformista tem feito muitas
investidas importantes no sentido de voltar à tradição.
Nos anos mais recentes, abraçaram novamente o ritual e a espiritualidade.
A melhor resposta é que a própria Torá, sendo um
documento eterno, previne-se para mudanças com adaptabilidade embutida.
Grandes líderes, como Rabi Shneur Zalman de Liadi (Chassidismo
Chabad), Rabi Samson Rafael Hirsch (Ortodoxia Alemã), Rabi Yisroel
Salanter (Movimento Mussar) e Sarah Schneurer (educação
de Torá para meninas) conseguiram ver aqueles aspectos da Torá
que se aplicam a uma era diferente. Eles destacaram aquelas áreas
e demonstraram sua aplicação, em vez de fazerem mudanças
que desafiam os alicerces da Fé Judaica.
A Torá nos foi outorgada por D’us há mais de 3 mil
anos. Aplica-se a todas as situações e em todos os tempos
para todos os judeus, independente a que "tribo" ele pertence,
ou em que "linha" se conduz. A Torá contém temas
extremamente relevantes e é dotada de instruções
fundamentais para podermos entender os acontecimentos atuais a nível
mundial. Para isto é necessário apenas uma coisa: abrir
nossas mentes e corações e estudá-la e desta forma,
e só então, compreender e aplicar sua ilimitada grandeza.
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