Microfone no Shabat  
     
  Uso na sinagoga
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  O uso de microfone é permitido no Shabat? O fato de ampliar a participação nas rezas não justifica seu uso na sinagoga?  
     
 

RESPOSTA:

O uso do microfone no Shabat, bem como qualquer aparelho elétrico, incorre em várias proibições. Em primeiro lugar, a maioria dos aparelhos elétricos, inclusive o microfone, emite pequenas faíscas ao ser usado, que constituem a proibição de criar ou utilizar fogo, um dos 39 trabalhos matrizes proibidos pela Torá no Shabat.

Além disso, fechar um circuito elétrico constitui a proibição de construir, conforme muitas opiniões. No uso do microfone existe também a proibição de ordem rabínica de extrair som de aparelho sonoro. Estas proibições ocorrem não somente ao ligar o aparelho no Shabat, mas também se está ligado de véspera; i.e., o próprio ato de falar ao microfone incorre nestas proibições.

Nossos sábios nos dizem que D'us abomina uma mitsvá, um preceito, realizada através de um pecado. Se a pessoa roubou uma mezuzá para afixar em sua porta, não somente não cumpre a mitsvá, como também transgride uma proibição. O mesmo ocorre no uso do microfone para "aprimorar" as orações do Shabat.

O sentido das orações, "tefilá" em hebraico, visa uma ligação entre o ser humano e o Criador. A oração funciona como uma "escada fincada na terra cujo topo chega aos Céus", por cujos degraus subimos em direção a D'us. Como poderemos nos unir a D'us se estamos transgredindo um de Seus mandamentos e agindo contra Sua vontade? É como um ladrão pedir a D'us que lhe dê sucesso nos roubos.

Com certeza, alguém que vem a uma sinagoga deseja ter ascensão espiritual e procura uma bênção Divina para que todos seus pedidos sejam aceitos. Não há melhor forma de conseguir isto do que cumprindo a vontade Divina expressa na Torá e nos preceitos dos sábios. Além disso, mesmo durante a semana, quando o microfone é permitido, seu uso na sinagoga não é bem visto aos olhos dos legisladores atuais, uma vez que no judaísmo, diferentemente de outras religiões, as orações devem ser recitadas individualmente, cada um participando de forma ativa, e não apenas presenciando um "show".

Assim, quem ouve a leitura da Torá, por exemplo, de um microfone, não estará cumprindo sua obrigação, uma vez que a mitsvá é ouvir a voz do ledor.

Consta no Talmud que para tudo que D'us proibiu em Seu mundo, Ele criou algo similar permitido. Para que as orações do ledor sejam escutadas em toda a sinagoga de forma permitida, ou seja, sem o microfone, existem várias sugestões. A primeira, e mais importante, é a de manter-se em silêncio durante toda a oração, sem qualquer tipo de conversa. Não há nesse momento assunto mais importante que a conexão que mantemos com D'us.

Técnicas modernas também podem melhorar a acústica da sinagoga com pequenas mudanças, de forma permitida pela Halachá, Lei Judaica. Como exemplo da tecnologia moderna a serviço da Torá, é fabricado em Israel um microfone que funciona por ar comprimido, cujo uso é permitido no Shabat, uma vez que não usa energia elétrica, como também transmite a própria voz da pessoa.

Cabe aqui o dito de Hilel em Pirkê Avot: "Seja como os alunos de Aharon... ama as criaturas e as aproxima da Torá." Ao comentar esse dito, o Rebe enfatizou "as aproxima da Torá", explicando que, ao querer transmitir as palavras de Torá para aqueles que se encontram distantes ("criaturas"), devemos aproximá-los da Torá como ela é, sem concessões, e não aproximar a Torá deles (que D'us não o permita).

 
     
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