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RESPOSTA:
Certamente posso entender como você deve se sentir mal numa
situação como esta. E com toda a razão!
A Torá nos ensina que aquilo que nos define como seres humanos
é nossa capacidade de falar, e é por isso que somos chamados
de medaber, “falante”. Além disso, há duas formas
de discurso, um verbal e outro físico. É por isso que discurso
é na verdade considerado um eufemismo para a intimidade física
e portanto o mau uso das palavras é equivalente ao mau uso da energia
sexual da pessoa (Talmud, Ketubot 13 a; Sefer Yetzirah 1:3).
Quando falamos, tiramos de nossa essência interior e a compartilhamos
com outra pessoa. A fala é nosso condutor para expressar aquilo
que está dentro de nós e através da fala podemos
implantar aqueles pensamentos, ideias e sentimentos dentro de outra pessoa.
Portanto, fica claro que as palavras são poderosas. Muito mais,
então, as palavras de carinho que podem levar a conexões
emocionais. Palavras podem abrir nosso coração de maneiras
significativas a pessoas que talvez jamais desejamos convidar para entrar.
Palavras de carinho nunca são inocentes, mesmo que a intenção
de quem fala seja. Mesmo quando aquele que fala não tem esperança
de evocar sentimentos por meio das palavras, o ouvinte pode reagir de
maneira diferente. Palavras calorosas podem invocar sensações
e lembranças emocionalmente carregadas. E levam você a um
lugar onde jamais pretendeu ir.
Estas palavras, quando ditas a outros, são problemáticas
porque podem causar impacto num casamento. Não é apenas
o medo ou a possibilidade de que as palavras poderiam levar à ação;
mesmo que isso não ocorra, podem levar a pensamentos problemáticos
ou impróprios, que de certa maneira são ainda mais perigosos.
Se as palavras têm a intenção de conectar duas pessoas,
e as palavras forem carinhosas, então a reação que
deveria ser conseguida é de sentimentos amorosos por quem fala.
E no caso do ouvinte ser seu marido, então simplesmente ele não
deveria estar ouvindo palavras de carinho de outra mulher, nem ela deveria
estar dizendo palavras assim para ele.
A Torá nos diz que quando casamos, temos um relacionamento especial
com nosso cônjuge. E determinadas coisas são reservadas somente
para os cônjuges. Uma dessas coisas são as palavras de carinho.
Não pegamos estes termos especiais e os “atiramos”
para outros. Nós as reservamos e as mantemos em particular, para
que sirvam apenas para cultivar o nosso casamento.
Da mesma maneira que nossa “fala física” (i.e., relações)
é algo que acontece somente entre marido e mulher, também
as palavras de carinho e de amor, que são consideradas predecesoras
de todas as formas de contato físico.
Então, o que você faz agora, nesta situação?
Eu encorajaria você a conversar com seu marido. Explique a ele o
quanto significa para você quando trocam palavras de carinho, e
quanto a aborrece quando estas palavras vêm de outra pessoa. Explique
a ele como todas as maneiras de comunicação afetuosa devem
ser reservadas somente para os dois. Faça isso de maneira carinhosa
e não acusadora, para que sua comunicação com ele
transcorra de forma tranquila e eficaz. Fale com o coração,
pois aprendemos que “palavras do coração entram no
coração” (outra prova de que ninguém mais deveria
estar falando palavras de carinho ao seu marido!).
E lembre-se da diretriz do Rei Shelomô, que “palavras dos
sábios, quando ditas gentilmente, são levadas em consideração”
. Espero que seu marido reconheça que suas conversas com a ex estão
causando tensão desnecessária e que deverá por um
fim definitivo nestas conversas.
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