|
RESPOSTA:
Havia uma acusação repetida com freqüência contra
os judeus, que eles raptavam e matavam crianças cristãs
por ocasião de Pêssach para usar seu inocente sangue cristão
na confecção da matsá que seria comida em Pêssach.
Esta mentira é tão ridícula que seria engraçada
se não tivesse tido conseqüências tão trágicas.
Apesar de sua óbvia falsidade a qualquer pessoa familiarizada com
o Judaísmo, milhares de judeus foram assassinados por causa da
ira provocada por esta mentira.
Os judeus estão proibidos de ingerir qualquer
sangue e têm muito trabalho para removê-lo e evitar comê-lo.
Mostramos grande respeito pelo sangue de um animal enterrando-o, e removemos
cuidadosamente todo o sangue da carne, lavando-a e salgando-a enquanto
crua. Se for por isso, os gentios que não salgam a carne comem
mais sangue que um judeu observante.
"E sangue não comereis em todas as vossas moradas, seja de
ave ou de quadrúpede. Toda alma que consumir sangue – será
banida de seu povo."
Vayicrá
7:26-27
"E
qualquer homem da Casa de Israel ou peregrino que habitar entre eles e
comer algum sangue – porei Minha ira sobre a pessoa que comer o
sangue, a banirei de seu povo. Pois a alma da criatura se acha ligada
ao sangue e Eu a dei sobre o altar para expiar pelas vossas almas; pois
é o sangue que expiará pelas almas. Portanto Eu disse aos
Filhos de Israel: ‘Qualquer pessoa dentre vós não
pode consumir sangue; e o peregrino que habitar entre eles não
pode comer sangue.’ Qualquer pessoa dos Filhos de Israel e o peregrino
que habitar entre eles que caçar algum animal que seja permitido
comer, deve derramar seu sangue e cobri-lo com terra. Pois a vida de qualquer
criatura – seu sangue representa sua vida, portanto Eu digo aos
Filhos de Israel: ‘Não comerás o sangue de qualquer
criatura; pois a vida de qualquer criatura é o seu sangue, e aquele
que o comer será banido.’"
Vayicrá
17:10-14
"Mas
não comerás o sangue; o derramarás na terra, como
água… apenas seja forte para não comer o sangue –
pois o sangue é a vida – e não comerás a vida
com a carne. Não o comerás, deves derramá-lo no solo
como água. Não o comas, para que esteja bem contigo e teus
filhos depois de ti, quando tu fizeres o que é certo aos olhos
de D’us."
Devarim
12:16, 23-25
A proibição
bíblica contra ingerir sangue é levada muito a sério
pelos judeus. É repetida em toda a literatura talmúdica
e pós-talmúdica e os diversos métodos de evitar a
ingestão de sangue têm desempenhado um papel importante na
literatura judaica.
O Sefer HaChinuch oferece uma explicação sobre esta proibição.
(Sefer HaChinuch, 148)
É possível declarar a respeito do sangue, além do
mau temperamento que ele contém, que seu consumo envolve adquirir
traços perversos – quando um homem consome um animal fisicamente
similar a ele, a própria coisa da qual sua vida depende e à
qual sua alma está conectada.
Uma reiteração desta proibição contra o consumo
de sangue pode ser encontrada em toda etapa histórica da Lei Judaica.
Tosefta Keritot 2:12
Aquele que ingere o valor de uma azeitona em sangue de um animal selvagem,
domesticado ou de aves casher leva uma oferenda de pecado… O sangue
daqueles que caminham sobre dois pés. O sangue de ovos, e o sangue
de insetos é proibido, mas a pessoa não é obrigada
a levar uma oferenda de pecado.
Este Tosefta é reafirmado no próprio Talmud em Keritot 21b-22a
e é citado nas obras legais medievais por R. Yitschak Alfasi (Chullin
39a) e R. Asher (Chulin 8:28).
Maimônides, Mishnê Torá, Hilchot Ma’achalot
Assurot 6:1.
Aquele que ingere intencionalmente o valor de uma azeitona em sangue é
banido de seu povo. Aquele que come acidentalmente leva uma oferenda de
pecado.
Isso é ecoado também em Shulchan Aruch, Yoreh Deah 64:1.
O Talmud nos diz que para que o coração de um animal possa
ser comido, deve primeiro ser partido diagonalmente e ter todo o sangue
removido (Talmud Chulin 109a). Um fígado, que é repleto
de sangue, para ser comido precisa ser grelhado antes para que o sangue
saia durante o cozimento (Talmud Chulin 110b-111a). Não apenas
comer, mas beber sangue também está proibido (Talmud Jerusalém
Yoma 8:3).
Quando um animal é abatido ritualmente, ou seja, abatido para consumo
segundo a Lei Judaica, o sangue do animal deve ser coberto como uma forma
de enterro (Midrash Tanchuma Bereshit 10) como vimos acima em Vayicrá
17:13-14. O Talmud dedica um capítulo inteiro, Chulin capítulo
6, ao assunto de cobrir o sangue. Ainda é praticado até
hoje pelos shochtim judeus, açougueiros rituais, quando abatem
animais para o consumo.
Maimônides, Mishnê Torá, Hilchot Shechitá 14:1
É um mandamento positivo cobrir o sangue de um animal casher abatido,
ou ave casher.
Isso é citado também em Shulchan Aruch, Yoreh deah 28:1,
e existe toda uma literatura sobre os detalhes de como, exatamente, se
cobrir respeitosamente o sangue animal em cada circunstância.
Você já viu sal casher? Eu o utilizo para espalhar sobre
a neve nos dias de inverno, mas tem também um objetivo mais sagrado.
O sal casher é usado sobre a carne crua para absorver o sangue.
Embora atualmente isso seja feito nas fábricas, até uma
geração atrás toda mãe judia sabia exatamente
como enxaguar e salgar a carne.
O Talmud (Talmud Chulin 113a) descreve o processo da primeira lavagem
do sangue de uma carne crua, depois o ato de espalhar sal sobre ela para
absorver o sangue restante, e então lavar novamente a carne para
enxaguar o sal ensopado de sangue. É somente por intermédio
deste processo que a carne se torna casher. Qualquer carne que não
seja enxaguada-salgada-enxaguada adequadamente num prazo de três
dias do abate não é casher, sendo proibido o seu consumo
por judeus. Isso está devidamente registrado por Maimônides
em Mishnê Torá, Hilchot Ma’achalot Assurot 6:10 e Shulchan
Aruch, Yoreh Deah 69:1. De fato, o Shulchan Aruch reserva 10 capítulos
para discutir os detalhes do salgamento da carne (caps. 69-78).
São estas precauções e a quase obsessiva restrição
ao consumo de sangue pelos judeus que torna as acusações
dos libelos de sangue tão absurdos. Os cristãos, que não
salgam a carne ou grelham o fígado, acusavam judeus de ingerirem
o sangue de crianças cristãs, algo que não poderia
estar mais longe da verdade. No entanto, a verdade nunca foi motivo de
preocupação para uma turba ressentida e furiosa procurando
qualquer desculpa para matar judeus.
|
|