Jejuns  
     
  Sofrimento ou elevação?
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  Por que jejuamos? Será que é mitsvá sofrer?  
     
 

RESPOSTA:

Pela Lei da Torá, Yom Kipur é o único dia em que o jejum é obrigatório. Os outros cinco jejuns do ano foram decretados por nossos sábios.

Este dia foi fixado por D'us como Dia do Perdão depois do pecado do Bezerro de Ouro, pois foi em Yom Kipur que Moshê recebeu as Tábuas com os Dez Mandamentos pela segunda vez, acompanhadas pelo perdão Divino. Neste dia, D'us julga todos os atos cometidos durante o ano, sendo impróprio dedicar-se a prazeres físicos. Devemos nos afastar de alimentos e prazeres que nos materializam. Dessa forma, ocorre uma elevação espiritual e, assim, nos tornamos dignos do perdão Divino.

Nesse dia, na verdade, somos comparados aos anjos. Da mesma forma que um anjo é desprovido de corpo físico, e não necessita alimentar-se, igualmente nos abstemos de comer e beber. Esta é também a razão pela qual em Yom Kipur não é permitido lavar-se, usar cosméticos, sapatos de couro ou manter relações maritais; afastar-se de assuntos terrestres ajuda a pessoa a dedicar-se a objetivos mais elevados.

Porém, como o homem não pode abster-se por muito tempo de alimentação, a Torá ordena alimentar-se bem na véspera de Yom Kipur, antes do anoitecer, proibindo o jejum neste dia. Mais ainda, aquele que se alimenta adequadamente na véspera do jejum e jejua no dia seguinte, D'us considera como se tivesse jejuado os dois dias.

Podemos deduzir que o principal não é o sofrimento ou o masoquismo, mas sim a elevação espiritual que deve ser buscada nesse dia. A Torá proíbe causar sofrimento desnecessário, mesmo ao próprio corpo. E assim afirmou Maimônides: "Ter um corpo saudável faz parte do serviço Divino."

Este aspecto é melhor explicado no conceito chassídico: no dia de Yom Kipur é revelada uma parte muito elevada da alma, que normalmente está acima de qualquer contato com o corpo. Para a alma, o envolvimento demasiado com o mundo material causaria grande sofrimento, pois é completamente espiritualizada. Conforme este enfoque, "quem consegue comer num dia tão elevado!" Neste dia a vitalidade advém do jejum, e não dos alimentos como nos outros dias do ano.

Os outros jejuns do ano (quatro dos quais ligados à destruição do Templo Sagrado de Jerusalém) no entanto, possuem sentido diferente. Foram fixados por nossos profetas em lembrança às desgraças que ocorreram com nossos antepassados. Eles são: Jejum de Guedalyá em 3 de Tishrei, dia em que foi assassinado Guedalyá, líder do povo judeu remanescente em Israel após a destruição do Primeiro Templo; 10 de Tevet, início do cerco de Jerusalém pelos babilônios; 17 de Tamuz, quando as muralhas de Jerusalém foram demolidas pelos babilônios, conquistando a cidade; 9 de Av, quando foram destruídos os dois Templos sagrados de Jerusalém; e Jejum de Ester, na véspera da festa de Purim.

Estes jejuns servem para despertar nosso coração para a teshuvá, o arrependimento pelos maus atos e desta forma voltaremos a praticar o bem. Estes dias devem ser dedicados a orações e exame de consciência, pois são considerados dias propícios para nos aproximarmos de D'us.

Segundo nossos sábios, na Era Messiânica todos os dias de jejuns serão transformados em dias de alegria.

 
     
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