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RESPOSTA:
Um dos 39 trabalhos
proibidos no Shabat é carregar ou transportar qualquer objeto de
propriedade pública para particular. Pela Torá, qualquer
local cercado por muro, de pelo menos 80cm de altura, mesmo não
pertencente a qualquer dono particular, é regido pelas leis de
propriedade particular. Por outro lado, qualquer local não cercado
adequadamente, mesmo pertencendo a uma única pessoa, é considerado
propriedade pública.
Assim sendo, é proibido transportar qualquer objeto de uma residência
para seu quintal apesar de ser do mesmo proprietário, se não
estiver devidamente cercada. Por outro lado, seria permitido transportar
qualquer objeto de uma casa para uma vila devidamente cercada, apesar
de pertencer a vários donos.
Os sábios da época do rei Shelomô perceberam que estas
leis não eram conhecidas pelo povo em geral. Com base em fatos
ocorridos, temeram que se fosse permitido carregar objetos de casa para
um local público cercado, poderia se deduzir que também
seria permitido o transporte de casa para a rua, pois ambos são
locais públicos. Por isso, proibiram carregar objetos de casa para
qualquer local não pertencente a um único dono, mesmo que
devidamente cercado.
Uma vez que não se trata de proibição da Torá,
instituíram uma forma para que fosse permitido: tornar os vizinhos
unidos como uma única “família”, através
de um eruv chatserot, i.e., a unificação de suas propriedades.
O eruv consiste em um tipo de sociedade, na qual todos contribuem com
um pão que será depositado em um único recipiente;
ao compartilhar do mesmo alimento demonstram que pertencem ao mesmo lar,
sendo que o local onde habitam, passa a ser propriedade particular. Atualmente
usam-se matsot em vez de pão, uma vez que não são
perecíveis e podem ser trocadas apenas uma vez por ano; caso contrário,
seria necessária a troca a cada Shabat.
A quantidade mínima de matsá é de 24g (uma matsá
quadrada) por vizinho. Caso sejam 18 ou mais vizinhos, a quantidade é
de 432g (18 matsot quadradas). Só podem ser usadas matsot inteiras.
Numa propriedade onde também residem não-judeus, ou judeus
que ainda não cumprem o Shabat, não é possível
fazer um eruv, salvo se “adquirir” de todos estes as áreas
comuns da propriedade; a partir de então estes não são
considerados donos dos locais no dia de Shabat, utilizando-os como visitantes.
(Se todos os moradores forem judeus e cumpridores das leis de Shabat não
é necessário fazer esta “aquisição”.)
Esta “aquisição” não se dá necessariamente
através do proprietário. Pode ser também por meio
da esposa, filhos maiores ou mesmo empregados.
Atualmente é necessário fazer o eruv em edifícios
onde residem mais de um judeu, para viabilizar o transporte de objetos
dos apartamentos para as áreas comuns.
O eruv é feito da seguinte forma: 1) dá-se uma quantia em
dinheiro ao zelador ou síndico, dizendo que destina-se à
aquisição ou aluguel da área comum do prédio,
por todos os Shabatot do ano, inclusive Yom Kipur; 2) entrega-se uma caixa
de matsot a um outro judeu (pode ser à própria esposa),
que deve levantá-la, intencionando adquiri-la para todos os outros
moradores judeus; 3) pega-se novamente a caixa de matsá e recita-se
a bênção de al mitsvat eruv e o trecho que segue no
Sidur; 4) quem não entende hebraico deve recitar o texto traduzido;
5) o eruv tem validade enquanto durarem as matsot; porém, costuma-se
trocá-las a cada ano, na véspera de Pêssach.
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