|   | 
    Li 
        sobre a mitsvá de se espantar a mãe de pássaros quando 
        se deseja retirar os ovos de seu ninho. Qual a importância de se 
        realizar um ato destes, aparentemente tão simples, por outro lado 
        complexo, se tratando de um animal tão frágil e indefeso? 
        Isto se aplica hoje em dia? Em caso positivo, como eu cumpro esta mitsvá?  | 
      
  | 
  
   
    |   | 
      RESPOSTA: 
        A Torá protege os animais e todas as criaturas aplicando 
        leis específicas de como devemos tratá-los, sem no entanto 
        proibir o consumo daqueles animais e alimentos que nos são permitidos. 
        Comer ovos, carne de animais e extrair o leite da vaca são permitidos 
        pela Torá, desde que seja feito da maneira apropriada. 
         
        O estilo de vida da Torá preconiza a sensibilidade com todos os 
        seres vivos. Este conceito é chamado Tzar Ba’alei Chaim (Sofrimento 
        das Coisas Vivas), que essencialmente diz para não machucar ou 
        matar qualquer criatura viva se isso não for necessário. 
        As leis de shechitá tratam de tornar o abatimento praticamente 
        indolor a aves e bovinos, e muitos contos talmúdicos narram a história 
        de grandes Sábios saindo do seu caminho para serem bons com os 
        animais. 
         
        Além da proibição básica contra a crueldade, 
        a Torá apresenta duas mitsvot específicas apenas para as 
        aves: mitsvá negativa nš 306, e a mitsvá positiva nš 148. 
        Estas proíbem que se recolha os ovos quando a mãe estiver 
        no ninho, e para espantar a ave antes de tirar os filhotes. 
         
        Maimônides escreveu em seu "Guia Para os Perplexos" que 
        o objetivo dessas duas mitsvot não é tanto ensinar a recolher 
        ovos, mas nos dar uma lição de sensibilidade. "Se tivermos 
        de sair de nosso caminho para espantar a ave mãe de modo a não 
        lhe causar sofrimento ao ver seus ovos sendo recolhidos, muito mais devemos 
        ser cuidadosos ao lidarmos com os seres humanos."  
         
        Segundo os ensinamentos cabalistas, porém, um motivo mais cósmico 
        explica isso: ao cumprir esta mitsvá, pode-se realmente mover o 
        universo para mais perto da era da perfeição espiritual, 
        conhecida como Mashiach. Como? Quando a ave mãe é expulsa, 
        o anjo no céu designado para aquela espécie se aproxima 
        de D’us e pergunta: "Por que permites o exílio em Teu 
        mundo?" D’us, por Sua vez, responde: "Se ao menos o povo 
        judeu lamentasse tanto assim o seu exílio – Eu apressaria 
        o seu término…" 
         
        Como você cumpre esta mitsvá? 
         
        1 – Não cumpra. 
         
        O versículo da Torá (Devarim 22:6) contendo esta mitsvá 
        rara, diz: "Se você POR ACASO passar por um ninho de ave…", 
        querendo dizer se você encontrar algum ninho no campo, e não 
        se você cuida de uma granja. Cumprir esta mitsvá não 
        envolve qualquer planejamento ou preparação. 
         
        2 – Cumpra 
         
        No caso de você 
        se encontrar nesta situação, há diversas halachot 
        sobre como isso deve ser feito. Primeiro, é realizada apenas com 
        aves casher. A ave deve ser a mãe biológica dos ovos (ou 
        filhotes), deve ser da mesma espécie, deve estar sentada diretamente 
        sobre eles, sem nada se interpondo (não cima ou entre eles), a 
        mãe ou os ovos/filhotes não podem ser ritualmente impuros, 
        e a mãe não pode estar pairando ou sobrevoando o ninho. 
        Portanto, seria algo extraordinário todos estes critérios 
        serem atendidos, mas se forem… 
         
        3 – Recite suas preces 
         
        Como muitas mitsvot, esta vem com uma berachá, ou bênção, 
        que agradece a D’us por lhe dar a oportunidade de conectar-se com 
        ele por meio de uma ação específica que você 
        está a ponto de fazer – neste caso, a ação 
        de espantar a ave mãe. Recite a seguinte bênção 
        pouco antes de passar sua mão sobre a ave para espantá-la: 
        "Bendito sejas, Senhor, Nosso D’us, Rei do Universo, que nos 
        santificaste com Teus mandamentos e nos ordenaste espantar a ave mãe." 
         
       | 
      |