Animais

 
   
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  Por que não somos vegetarianos?
     
 

Se o Judaísmo exige que sejamos bons para os animais, não deveríamos ser todos vegetarianos?

     
 

RESPOSTA:

Por Rabino Aron Moss
Sidney, Austrália

Tenho o mais profundo respeito por aqueles que decidem não comer carne por preocupação com o bem-estar dos animais. Alguns sugerem que isso se adeqüa aos ideais do Judaísmo (embora todos concordem que o Judaísmo permite comer carne).
Porém há uma outra maneira de se olhar para isso, um ângulo mais espiritual, que indica que comer carne não é apenas uma concessão ao desejo humano, mas tem um propósito sagrado.

O Talmud ensina que o motivo pelo qual Adam e Eva foram criados acima de todas as outras criaturas foi para ensinar-lhes uma dupla lição: os seres humanos podem ser tanto o pináculo da Criação, quanto sua forma de vida mais baixa. Se eles agirem apropriadamente, então tudo foi criado apenas para servi-los; porém se eles se rebaixarem, então devem se lembrar que "até uma pulga tem precedência sobre você".

O ser humano é a única criatura com livre arbítrio. Isso significa que podemos nos aperfeiçoar e nos tornar melhores que a nossa natureza, ou usar mal os nossos dons e nos tornarmos piores. Somente um ser humano pode ser generoso, bom, altruísta e agir de maneira mais elevada que os seus instintos; e somente um ser humano pode ser cruel, destrutivo ou assassino. (Embora alguns animais às vezes pareçam agir com bondade ou maldade, estão apenas seguindo seus instintos de sobrevivência – não há altruísmo ou nada de feio em suas ações).

Quando usamos nossa liberdade para agir de maneira bondosa e altruísta, somos a forma de vida mais elevada, e o restante da criação está aqui para nos servir. Então, ao comer outras criaturas, estamos na verdade fazendo-lhes um favor – nós as elevamos a lugares aonde não poderiam ir por si mesmas.

Por exemplo, se eu como um tomate, e depois gasto a energia que o tomate me deu realizando um ato de bondade, o tomate se torna um parceiro na minha boa ação, dessa forma tornando o mundo um lugar melhor – algo que um tomate por si só não pode fazer!
Por outro lado, se eu uso minha energia somente para atingir fins egoístas, para oprimir ou fazer o mal, então que direito eu tenho de comer um tomate? O tomate jamais machucou alguém, e ao comê-lo e causar-lhe danos eu estou corrompendo um tomate inocente!

É por isso que o Judaísmo não vê o fato de comer animais como necessariamente sendo cruel. De fato, seria cruel não comer animais, porque você estaria roubando deles uma chance de servirem a um propósito mais elevado (a menos que seja por motivos de saúde). No entanto, se você próprio não está vivendo uma vida com um propósito, então é tão cruel comer um tomate quanto comer uma galinha!

Se o mundo físico é sua única realidade, então você tem motivo para se sentir culpado quando consome outras formas de vida. Mas quando você vê o mundo espiritual como sendo tão real (se não mais) que o mundo físico, então até o ato de comer se torna sagrado.

 
   
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