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RESPOSTA:
Por Rabino Shamai Ende - Publicado
em BC News Nš 1
Um
dos aspectos que diferencia o judaísmo de outras religiões
é o fato de a prática da religião não se resumir
apenas à sinagoga. O centro da vida judaica é o lar judaico
e as leis do judaísmo envolvem cada passo da pessoa 24 horas por
dia, sete dias por semana. À mulher judia foi dada a principal
responsabilidade de manter acesa a chama do judaísmo. Isto é
alcançado por meio da alimentação casher, da santidade
da vida conjugal (taharat hamishpachá), da educação
dos filhos desde os primeiros passos dentro do judaísmo e da iluminação
espiritual das velas de Shabat e Yom Tov.
Assim se garante a continuidade de nosso povo. Uma vez que estas responsabilidades
são de extrema importância, a mulher judia está isenta
de certas mitsvot positivas que exigem prazo fixo para seu cumprimento,
como talit e tefilin, sucá, lulav, shofar. Mesmo assim, há
mitsvot que as mulheres cumprem apesar de não ordenadas; porém,
a mitsvá de talit e tsitsit não devem cumprir por razões
cabalísticas e por transgredir a proibição da Torá
de não usar adornos masculinos.
No decorrer da história judaica encontramos a mulher judia como
aquela que manteve a chama judaica dentro do povo. Ainda no Egito, as
mulheres iam ao encontro de seus maridos escravizados para encorajá-los
a construir uma família, e educavam seus filhos com todas as dificuldades
e perseguições, dentro das mais puras tradições.
Segundo nossos Sábios, por mérito das mulheres judias nosso
povo foi redimido do Egito. Assim, será também pelo mérito
delas que seremos redimidos do exílio atual por intermédio
de Mashiach.
Ao ordenar a Moshê que transmitisse a Torá ao povo judeu,
D’us lhe pediu que antes dissesse às mulheres e só
depois aos homens, pois elas aceitariam mais facilmente e ainda ajudariam
a convencer os homens. Quarenta dias após receber a Torá,
o povo cometeu o pecado do Bezerro de Ouro sem a participação
das mulheres. Quando os espiões voltaram da Terra Santa, desencorajando
os judeus a entrar nela, os homens choraram, implorando para voltar para
o Egito; mas as mulheres mantiveram sua fé em D’us e pediram
para ter uma parte nesta Terra. E assim encontramos vários episódios
em que as mulheres sempre demonstraram, naturalmente, ter mais fé
do que os homens. Este é um dos motivos por que os homens receberam
mais mitsvot do que as mulheres, para que sirvam de lembrete de sua fé
em D’us, conforme escreveu Maimônides em seu livro de leis.
Este também é o simbolismo da kipá – constantemente
a lembrar que existe Alguém acima de nossa cabeça. A mulher
não precisa deste lembrete.
Sempre que surgem novas ideologias dentro do judaísmo insistindo
em modificar certas leis e costumes ou mesmo deturpando-os em nome da
modernidade, estas se deparam com contradições mesmo dentro
de suas próprias doutrinas. Afinal, por que estes mesmos homens
usam kipá, tsitsit, tefilin, rezam numa sinagoga, são chamado
à Torá? Com certeza é apenas para demonstrar sua
fé em D’us e unir-se a Ele por seus atos, cumprindo Sua vontade.
As mitsvot são expressão da vontade Divina, porém
Sua vontade só pode ser expressa através das leis na forma
que Ele nos ensinou na Torá (escrita e oral – o Talmud),
nas tradições judaicas mantidas por nossos ancestrais desde
que Moshê os recebeu no Monte Sinai até o presente. Estas
leis são Divinas e, portanto, eternas, não passíveis
de mudanças como as leis feitas pelos humanos.
Assim, colocar talit ou tefilin numa mulher significa pegar um objeto
que expressa a vontade Divina e usá-lo contra Sua vontade. Isto
demonstra apenas que a base de toda esta teoria provém em descrer
que as leis da Torá são o alicerce do judaísmo e
que os mandamentos são provenientes de D’us, transmitidos
no Sinai.
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