|
RESPOSTA:
Ao
começar a Amidá recuamos três passos, seguidos por
três passos para diante, retornando ao nosso lugar original. Ao
assim proceder, nos conscientizamos que estamos prestes a nos dirigir
a um Rei e que estamos, humildemente, apresentando nosso pedidos para
Ele. O mesmo se repete no final da Amidá, quando despedimo-nos
do Rei dos Reis.
Adão, o primeiro homem, foi criado à imagem de D’us
e colocado no Jardim do Éden. D’us disse a Adão que
ele podia comer qualquer fruta do jardim, exceto a fruta da Árvore
do Saber do Bem e do Mal. Naquele tempo, a natureza de Adão era
totalmente boa. A tendência para fazer algo errado (yetser hará)
existia apenas fora dele.
Então, a serpente tentou Eva a comer da fruta proibida tendo Adão,
também comido um pedaço. As suas ações mostraram
que aquela inerência em sua natureza inicial era opção
de fazer aquilo que era certo e bom, ou aquilo que era errado e mal. No
entanto, ao insurgir-se contra a ordem de D’us, Adão internalizou
e incorporou a inclinação de fazer coisas erradas, através
da qual ele criou uma mistura entre o bom e o mal.
Em decorrência da escolha de Adão, as pessoas são
espiritualmente devotas num determinado momento, e interessados no pecado,
num momento seguinte. Conseqüentemente, a nossa missão é
tentar diferenciar o certo do errado, conforme as nossas maiores capacidades
e de dedicarmo-nos aquilo que é positivo, rejeitando tudo aquilo
que for negativo.
O conceito de agradecer a D’us e de curvar-se em reverência
a Ele tem a ver com a distinção entre o que é certo
e o que é errado. Adão introduziu em si a força negativa
porque queria ser igual à D’us. A sua arrogância fez
com que ele não quisesse aceitar e reconhecer que as ordens de
D’us eram, afinal, para o seu próprio benefício. Por
isso, ele criou uma percepção da realidade na qual o bem
e o mal acabaram por se misturar. D’us disse a Adão para
o ouvisse e obedecesse, enquanto Adão "afrontou" D’us
e decidiu ouvir a si próprio.
Quando nos curvamos em reverência, mostramos que submetemos a nossa
vontade a D’us e reconhecemos a sua vontade como sendo suprema.
Demonstramos que D’us é que têm a maior sabedoria e
a maior bondade e é o primordial diretor de nossas vidas. Cada
vez que nos curvamos em reverência, quebramos a nossa resistência
para nos permitir que sejamos dominados pela vontade de D’us. Mostramos
fisicamente que queremos quebrar a nossa "rigidez" que nos faz
negar que tudo aquilo que D’us ordena é bom para nós.
Quando nos curvamos, permitimos que a energia flua através de nossa
espinha, que de outra forma, não seria possível. È
quase como que se houvesse um bloqueio e que a nossa verdadeira força
vital fluísse através de nós. Esta idéia está
contraposta à crença de que quanto mais independentes somos,
mais capazes seremos de criar e sustentar a energia vital. Algumas pessoas
crêem que quanto mais subjugarem a sim mesmas, menos energia vital
elas reterão. Quando nos postamos de forma arrogante perante D’us,
criamos uma "kelipá" – uma carapaça que
circunda o nosso acesso à vida. Quando nos curvamos em reverência,
rompemos a carapaça que nos confina e permitimos que a nossa energia
de vida nos nutra e sustente.
Ao curvar em reverência, deveríamos nos concentrar em quebrar
a nossa teimosia e obstinação é a relutância
de ouvir a D’us, que é Aquele que sabe o que é primordialmente
bom para nós. Devemos então voltar, gradativamente, à
posição reta até ficarmos totalmente eretos ao dizer
o Nome de D’us na prece que segue. Fazemos isso porque a reverência
quebra a nossas "carapaças" e permite que as nossas energias
de vida fluam. Ap ficarmos eretos, ficamos na posição de
encarar D’us. Este processo é conhecido como "a revelação
da energia Daquele que é a Origem de toda a vida".
De acordo com o Talmud, são quatro as ocasiões em que nos
curvamos em reverência na Amida. Curvamo-nos no início e
no final da prece de "Avot" (a primeira prece do Shemonê
Esrê) e nos curvamos no início e no final da prece de Modim.
Diz o Talmud que "Aquele que não se curva em reverência
na prece de Modim, terá a sua espinha transformada em serpente
ao final de 70 anos (a idade em que normalmente morremos)". Esta
afirmação se refere ao seguinte conceito místico
e não deve ser entendido literalmente.
Quando alguém não está disposto a curvar-se à
vontade de D’us, a sua espinha tornar-se á como a serpente
do Jardim do Éden. Aquela serpente simboliza a inclinação
para o mal que persuadiu Adão a extraviar-se de D’us. Em
outras palavras, "sua coluna se transformará em serpente"
significa que a força da vida da pessoa ficará controlada
pela inclinação de fazer aquilo que é errado. Se
alguém não estiver disposto a quebrar a sua arrogância,
a sua força de vida ficará "retida" à inclinação
negativa.
Quando a pessoa se curva em reverência na Amidá, ela deve
curvar-se o suficiente para que todas as dezoito vértebras de sua
espinha se distendam. A conexão desta prece com as dezoito vértebras
é que esta é a décima oitava prece do Shemonê
Esrê. O significado de curvar-se até que as dezoito vértebras
se distendam é porque não é suficiente curvar-se
em reverência a D’us e, apenas algumas áreas da nossa
vida. Devemos demonstrar a nossa reverência a D’us em todas
as áreas. Quando estivermos dispostos a nos curvar a D’us
em todas as áreas de nossas vidas, as nossas espinhas estarão
aptas a tornar-se dutos de energia positiva de vida.
|
|