Amidá  
   
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  Passos para frente e para trás
     
 

Porque damos três passos para a frente no início da Amidá e três para trás ao final e porque só dobramos o corpo quando dizemos "Modim"?

     
 

RESPOSTA:
Ao começar a Amidá recuamos três passos, seguidos por três passos para diante, retornando ao nosso lugar original. Ao assim proceder, nos conscientizamos que estamos prestes a nos dirigir a um Rei e que estamos, humildemente, apresentando nosso pedidos para Ele. O mesmo se repete no final da Amidá, quando despedimo-nos do Rei dos Reis.
Adão, o primeiro homem, foi criado à imagem de D’us e colocado no Jardim do Éden. D’us disse a Adão que ele podia comer qualquer fruta do jardim, exceto a fruta da Árvore do Saber do Bem e do Mal. Naquele tempo, a natureza de Adão era totalmente boa. A tendência para fazer algo errado (yetser hará) existia apenas fora dele.

Então, a serpente tentou Eva a comer da fruta proibida tendo Adão, também comido um pedaço. As suas ações mostraram que aquela inerência em sua natureza inicial era opção de fazer aquilo que era certo e bom, ou aquilo que era errado e mal. No entanto, ao insurgir-se contra a ordem de D’us, Adão internalizou e incorporou a inclinação de fazer coisas erradas, através da qual ele criou uma mistura entre o bom e o mal.

Em decorrência da escolha de Adão, as pessoas são espiritualmente devotas num determinado momento, e interessados no pecado, num momento seguinte. Conseqüentemente, a nossa missão é tentar diferenciar o certo do errado, conforme as nossas maiores capacidades e de dedicarmo-nos aquilo que é positivo, rejeitando tudo aquilo que for negativo.

O conceito de agradecer a D’us e de curvar-se em reverência a Ele tem a ver com a distinção entre o que é certo e o que é errado. Adão introduziu em si a força negativa porque queria ser igual à D’us. A sua arrogância fez com que ele não quisesse aceitar e reconhecer que as ordens de D’us eram, afinal, para o seu próprio benefício. Por isso, ele criou uma percepção da realidade na qual o bem e o mal acabaram por se misturar. D’us disse a Adão para o ouvisse e obedecesse, enquanto Adão "afrontou" D’us e decidiu ouvir a si próprio.

Quando nos curvamos em reverência, mostramos que submetemos a nossa vontade a D’us e reconhecemos a sua vontade como sendo suprema.

Demonstramos que D’us é que têm a maior sabedoria e a maior bondade e é o primordial diretor de nossas vidas. Cada vez que nos curvamos em reverência, quebramos a nossa resistência para nos permitir que sejamos dominados pela vontade de D’us. Mostramos fisicamente que queremos quebrar a nossa "rigidez" que nos faz negar que tudo aquilo que D’us ordena é bom para nós.

Quando nos curvamos, permitimos que a energia flua através de nossa espinha, que de outra forma, não seria possível. È quase como que se houvesse um bloqueio e que a nossa verdadeira força vital fluísse através de nós. Esta idéia está contraposta à crença de que quanto mais independentes somos, mais capazes seremos de criar e sustentar a energia vital. Algumas pessoas crêem que quanto mais subjugarem a sim mesmas, menos energia vital elas reterão. Quando nos postamos de forma arrogante perante D’us, criamos uma "kelipá" – uma carapaça que circunda o nosso acesso à vida. Quando nos curvamos em reverência, rompemos a carapaça que nos confina e permitimos que a nossa energia de vida nos nutra e sustente.

Ao curvar em reverência, deveríamos nos concentrar em quebrar a nossa teimosia e obstinação é a relutância de ouvir a D’us, que é Aquele que sabe o que é primordialmente bom para nós. Devemos então voltar, gradativamente, à posição reta até ficarmos totalmente eretos ao dizer o Nome de D’us na prece que segue. Fazemos isso porque a reverência quebra a nossas "carapaças" e permite que as nossas energias de vida fluam. Ap ficarmos eretos, ficamos na posição de encarar D’us. Este processo é conhecido como "a revelação da energia Daquele que é a Origem de toda a vida".

De acordo com o Talmud, são quatro as ocasiões em que nos curvamos em reverência na Amida. Curvamo-nos no início e no final da prece de "Avot" (a primeira prece do Shemonê Esrê) e nos curvamos no início e no final da prece de Modim. Diz o Talmud que "Aquele que não se curva em reverência na prece de Modim, terá a sua espinha transformada em serpente ao final de 70 anos (a idade em que normalmente morremos)". Esta afirmação se refere ao seguinte conceito místico e não deve ser entendido literalmente.

Quando alguém não está disposto a curvar-se à vontade de D’us, a sua espinha tornar-se á como a serpente do Jardim do Éden. Aquela serpente simboliza a inclinação para o mal que persuadiu Adão a extraviar-se de D’us. Em outras palavras, "sua coluna se transformará em serpente" significa que a força da vida da pessoa ficará controlada pela inclinação de fazer aquilo que é errado. Se alguém não estiver disposto a quebrar a sua arrogância, a sua força de vida ficará "retida" à inclinação negativa.

Quando a pessoa se curva em reverência na Amidá, ela deve curvar-se o suficiente para que todas as dezoito vértebras de sua espinha se distendam. A conexão desta prece com as dezoito vértebras é que esta é a décima oitava prece do Shemonê Esrê. O significado de curvar-se até que as dezoito vértebras se distendam é porque não é suficiente curvar-se em reverência a D’us e, apenas algumas áreas da nossa vida. Devemos demonstrar a nossa reverência a D’us em todas as áreas. Quando estivermos dispostos a nos curvar a D’us em todas as áreas de nossas vidas, as nossas espinhas estarão aptas a tornar-se dutos de energia positiva de vida.

 
   
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